Herpes zoster: como preveni-lo através de vacinas 

Nesse artigo, iremos abordar sobre as vacinas que impedem o aparecimento do herpes zoster e, consequentemente, os seus efeitos colaterais, especialmente, a intensa dor e até a perda da visão e da audição, além da maneira de serem usadas. 

O vírus varicela zoster gera, como o nome sugere, dois momentos da mesma infecção viral: o inicial, a varicela, conhecida popularmente como catapora e a reativação do vírus, a partir do estado de latência, como herpes zoster (cobreiro). 

Varicela: como é transmitida?

A varicela é transmitida pela fala e se caracteriza pelo aparecimento de vesículas (bolhinhas) em diferentes estágios de evolução – ora vesículas surgindo, ora outras em estágio mais avançado -, geralmente limitado à pele e à boca (foto 1). 

Catapora em três estágios de evolução
Foto 1: Varicela (catapora), com a presença de lesões em diferentes estágios de evolução, desde vesículas tensas até a ruptura, cobertas por crostas.

Nos indivíduos portadores de catapora, com a imunidade comprometida por doenças como a AIDS, por tratamentos como a quimioterapia para combater o câncer ou pelo envelhecimento natural do sistema imunológico, que acontece, invariavelmente, a partir dos 50 anos de idade, a varicela pode gerar infecções mais graves em outros órgãos, como no pulmão (pneumonia). 

Após a implementação da vacinação para a varicela, entre os anos 2000 e 2007, que é preconizada para ser realizada nas crianças maiores de 12 meses e até 12 anos de idade, houve uma drástica diminuição da doença.

Em consequência disso, também houve diminuição da incidência em relação ao herpes zoster. 

Após a varicela, o vírus permanece no organismo em estágio de latência.  

Herpes zoster: por que ele surge?

Anos após a infecção inicial, a doença pode abandonar o estágio de latência e reiniciar, manifestada como o herpes zoster, popularmente conhecido como cobreiro.  

A recrudescência da doença é favorecida pelos mesmos fatores debilitantes do sistema imunológico, citados anteriormente em relação à varicela, tendo como consequência a diminuição da capacidade do sistema imunológico de inibir a replicação do vírus e que permaneceu no sistema nervoso. 

O ressurgimento da doença, agora de forma localizada, como herpes zoster, é consequente da migração do vírus a partir do sistema nervoso central, localizado na cabeça ou na coluna vertebral, para os nervos periféricos. 

Esse deslocamento nos nervos gera sensação de intensa dor e, menos frequentemente, de coceira (prurido) ou de queimor, antecedendo as lesões cutâneas, e que se prolonga durante semanas, meses e até alguns anos, após as lesões desaparecerem. 

Essa desagradável sensação pode ser tão intensa que pode ser motivo de tentativa de suicídio. 

Em menos de 20% dos casos, pode manifestar febre, dor de cabeça, sensação de mal-estar ou fadiga, logo no início da doença. 

Um a três dias após o início da dor, surgem as manifestações na pele através de lesões avermelhadas e encimadas por vesículas (bolhinhas d’água) e bolhas, seguindo o trajeto dos nervos afetados e que se limita à metade da região afetada. Tem duração de 2 a 3 semanas. 

Localiza-se mais frequentemente no tórax e menos na face e no pescoço e menos frequente ainda nos membros superiores e inferiores. 

Foto 2: Herpes zoster na face, apresentando vesículas e pústulas (bolhinhas de pus), estas últimas, denunciam infecção bacteriana associada, se limitando à metade do rosto. 
Herpes zoster oftálmico
Foto 3: Herpes zoster oftálmico: conjuntivite severa e comprometimento da visão.
Outras complicações do herpes zoster:  
  • Infecção bacteriana na pele 
  • Generalização das lesões cutâneas, semelhante à varicela, que pode ser fatal   
  • Perda da visão e da audição 
  • Meningoencefalite  
  • Paralisia motora, principalmente na face  
  • Pneumonia 
  • Hepatite 
  • Paralisia do funcionamento do intestino, conhecida como íleo paralítico, consequente ao comprometimento dos nervos responsáveis pela motilidade do órgão. 

O herpes zoster aumenta a incidência e suas complicações, a partir dos 50 anos de idade, coincidindo com o início do envelhecimento do sistema imunológico.  

Exemplificando isso, 30 a 40% das pessoas já não possuem imunidade celular contra o vírus a partir dos 55 anos de idade e a qualquer idade naqueles em que haja diminuição da imunidade por doença como na AIDS ou por medicamentos utilizados na quimioterapia. 

Qual a importância da vacinação contra o herpes zoster? 

Aproximadamente, uma em cada três pessoas é afetada pelo herpes zoster ao longo da vida, cuja frequência aumenta a partir da sexta década. 

A vacinação contra o herpes zoster (cobreiro) fortalece a imunidade mediada por linfócitos, estes, integrantes da imunidade celular, prevenindo ou atenuando a doença. Repercute, assim, na diminuição das complicações, especialmente na neuralgia pós herpética e, consequentemente, na qualidade de vida. 

Está indicada nas pessoas a partir dos 50 anos de idade, coincidindo com o início da diminuição natural da imunidade e, mais ainda, naqueles a partir dos 60 anos, quando se acentua essa queda. 

Não é necessário pesquisar se o indivíduo foi contaminado previamente pelo vírus, manifestado como varicela, já que mais de 90% da população nascida antes da década de 80 foi contaminada. 

Existem 2 tipos de vacinas:  
  • Vírus varicela zoster de vírus atenuado (ZVA)   
  • Vírus varicela zoster de vírus recombinante (ZVR).  

A vacina ZVR é produzida por glicoproteína do vírus e, portanto, sem envolver vírus vivo, razão da sua maior segurança. 

 A vacina ZVR é preferível pelos seguintes motivos: 
  • É mais eficaz em relação à prevenção do herpes zoster e suas complicações, especialmente na neuralgia pós-herpética.   
  • Pode ser utilizada em pessoas com a imunidade deprimida, que, ao contrário da ZVA, não utiliza vírus vivo, e, portanto, não tem capacidade de gerar infecção ativa. 
  • Preferível em pessoas portadoras de diabetes mellitus, insuficiências cardíaca, renal, pulmonar e do fígado. 
  • Tem maior duração na proteção contra a reativação do vírus e devendo ser aplicada mesmo após vacinação com a ZVA 
A vacina de vírus atenuado é preferível nas seguintes situações:  
  • Nos casos de alergia a algum componente do vírus recombinante  
  • Naqueles em que não possam tomar a segunda dose, já que a de vírus atenuado consta de apenas uma dose.  

Imunizar com ZVR duas semanas antes de iniciar programa de imunossupressão para quimioterapia de câncer, por exemplo, e 4 semanas antes com o ZVA. 

Como deve ser realizada a vacinação? 

Deve ser aplicada em duas doses, por via intramuscular, com intervalo de 2 a 6 meses, apesar de poder ser reduzido em até 1 a 2 meses, se for necessário. 

Devem ser vacinados os que já tiveram herpes zoster, e já podendo ocorrer, após o desaparecimento das lesões cutâneas, mas, preferencialmente, após 1 ano.

O intervalo mínimo entre as vacinas deve ser de 8 semanas. 

Deve receber vacina ZVR, mesmo para quem foi vacinado com vacina contra varicela, para prevenir o surgimento do herpes zoster, em decorrência da reativação do vírus atenuado da vacina contra a varicela. 

Qual a eficácia da vacina do vírus recombinante? 

A duração da proteção é de até 7 a 9 anos em 91% dos vacinados. 

A redução do risco de surgir o herpes zoster é de 97% para a faixa etária entre 50 a 69 anos, de 91% para aqueles com idade de 70 anos em diante e para a neuralgia pós-herpética é de 89%. 

A pessoa pode receber outras vacinas, simultaneamente? 

Podem ser administradas outras vacinas, inclusive a de Covid, porém, em diferentes locais da pele. 

Quais os efeitos adversos da vacina contra o herpes zoster?  

  • O local da aplicação pode se tornar doloroso, além de, em menor frequência, apresentar vermelhidão e inchaço no local. A incidência dessas reações locais pode chegar a 74%. 
  • Em relação a outros efeitos colaterais, os mais frequentes são a sensação de fatiga e de dor muscular, e menos, dor de cabeça e febre. 
  • Essas manifestações têm duração de 1 a 3 dias. 

A segunda dose é acompanhada de menos efeitos adversos. 

Os efeitos colaterais são menos intensos na faixa etária acima de 70 anos de idade. 

Em menos de 1% dos casos, pode surgir reações graves como herpes zoster disseminado, semelhante à varicela com a utilização vacina de vírus vivo atenuado e a síndrome de Guillain-Barré com a vacina recombinante. 

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Coceira na pele. Quais as causas e como tratá-la?

Uma queixa frequente da população, quando realiza uma consulta com o dermatologista, é a coceira, também conhecida como prurido.

Os seus sintomas variam de intensidade de acordo com a causa e entre os pacientes.

Quando muito intenso gera uma grande queda da qualidade de vida do paciente, já que pode perturbar muito suas atividades diárias e até a qualidade do sono dele e dos familiares.

Continue lendo o nosso post e saiba mais sobre a coceira!

Quais são as causas de coceira?

As causas podem se originar na pele ou internamente. 

As originadas na pele estão relacionadas aos processos inflamatórios consequentes de diversos fatores, como:

  • manifestação na pele de alergia hereditária, como a dermatite atópica
  • alergia, como a dermatite de contato (alergia ao contato da pele com substâncias)
  • ingestão ou injeção de medicamentos (farmacodermia)
  • nas gestantes durante o terceiro trimestre da gravidez
  • urticária (lesões fugazes na pele e que desaparecem em menos de 24 horas).

Também pode ser causada por doenças infecciosas na pele ocasionadas por:

  • bactérias, fungo e vírus
  • parasitas, como escabiose (sarna)
  • pediculose na cabeça (piolho) e na região genital (vulgarmente conhecido como chato)
  • picadas de insetos.

Tumores malignos originados na pele também podem provocar muita coceira, como os linfomas. 

Além disso, a pele seca é a causa mais frequente de coceira nos idosos.

As doenças de origem interna podem provocar muita coceira sem lesões características na pele, exceto o que é provocado pelo ato de coçar, como arranhões (escoriações) e engrossamento da pele (liquenificação).

Outros fatores internos podem estar ligados com mau funcionamento:

  • dos rins (insuficiência renal crônica)
  • do fígado (obstrução das vias biliares e vesícula manifestada pelos olhos amarelados)
  • da tireoide (funcionamento exagerado conhecido como hipertireoidismo ou funcionamento mais lento e conhecido como hipotireoidismo).

Além disso, outros fatores são:

  • Diabetes Mellitus
  • menopausa
  • AIDS
  • doenças hematológicas (origem no sangue), como anemia
  • cânceres, como doença de Hodgkin e linfoma não Hodgkin
  • câncer interno, como os que se originam no colo do útero, próstata e intestino grosso.

Também podem estar ligadas com enfermidades de origem neurológica, tanto no cérebro (tumor maligno) quanto nos nervos, como a esclerose múltipla e herpes zoster (cobreiro).

As doenças de origem psiquiátrica como ansiedade, depressão, transtorno obsessivo-compulsivo e esquizofrenia, também podem ser origem de coceira e a própria coceira pode agravar o transtorno psiquiátrico.

Todas essas situações são possíveis causas e apenas um médico especializado poderá diagnosticar.

Como é feito o tratamento de coceira?

O tratamento de coceira será orientado pela causa.

O originado na pele por causas alérgicas deve ser realizado com creme, comprimido ou injeção de corticosteroide e de cremes hidratantes, este último, quando for controlada a coceira.

Os anti-histamínicos também são muito eficientes na urticária.

Por isso, se você tem coceira, é fundamental consultar um médico para identificar a causa e ter o tratamento certo.

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Síndrome de Stevens-Johnson e necrólise epidérmica tóxica: tire suas dúvidas

A ingestão de medicamentos pode causar reações alérgicas graves e, frequentemente fatais, caracterizadas pela perda da pele, semelhante a um grande queimado. É esse o caso da Síndrome de Stevens-Johnson e da necrólise epidérmica tóxica.

Esses problemas são, portanto, urgências na área de dermatologia e exigem o internamento do paciente em UTI.

A maioria dessas reações graves têm como responsável a alergia a medicamentos, favorecido pelo seu uso indiscriminado pela população.

Continue lendo para saber mais sobre a Síndrome de Stevens-Johnson e a necrólise epidérmica tóxica.

O que é a Síndrome de Stevens-Johnson e a necrólise epidérmica tóxica?

Para entender o que é Síndrome de Stevens-Johnson e a necrólise epidérmica tóxica precisamos falar um pouco sobre as diversas manifestações clínicas que podem ocorrer após uma infecção ou a ingestão de medicamentos.

Essas manifestações compreendem desde um menor comprometimento da pele, que ocorre quando há a necrose (morte) da camada mais superficial da pele, a epiderme, até o eritema polimorfo forma Minor. ( link interno)

Também há reações que são mais graves, passando pela forma Major (link interno), evoluindo para a Síndrome de Stevens-Johnson (SSJ). Nos graus ainda mais sérios, ocorre a transição entre essa síndrome e a necrólise epidérmica tóxica (SSJ/NET). Por fim, no extremo da gravidade, há a necrólise epidérmica tóxica (NET).

Dessa forma, o espectro das manifestações clínicas mais graves segue essa ordem:

  • SSJ,
  • SSJ/NET,
  • NET.

Quanto menor a gravidade do comprometimento da pele, maior é a relação com o processo infeccioso, o que corresponde às formas Minor e Major do eritema polimorfo. A partir da Síndrome de Stevens-Johnson, a relação com infecção deixa de predominar e passa a haver relação com alergia a medicamentos.

A classificação dessas formas mais graves de reação alérgica é baseada na extensão do comprometimento da superfície da pele:

  • Síndrome de Stevens-Johnson: menos de 10%,
  • transição da Síndrome de Stevens-Johnson-Necrólise epidérmica tóxica: de 10 a 30%,
  • necrólise epidérmica tóxica: mais de 30%.

Quanto maior a extensão do comprometimento da pele, maior o percentual de mortalidade, exigindo internamento em UTI para ser tratado com os mesmos cuidados de um grande queimado, nos casos mais graves. 

Incidência

A incidência dessas 3 formas mais graves varia de 1 a 7 casos por 1 milhão de habitantes por ano.

Vale ressaltar que a síndrome de Stevens-Johnson é 3 vezes mais frequente do que a necrólise epidérmica tóxica.

As doenças são muito mais frequentes nos portadores de AIDS e de câncer em geral, e as mulheres são 2 vezes mais afetadas do que os homens.

A mortalidade é crescente a partir da SSJ, que é de 10%, e chega a 50% na NET. A probabilidade de morrer é maior nos indivíduos acima de 70 anos e nos portadores de comorbidades, como diabetes mellitus.

Qual a causa da SSJ, SSJ-NET e NET?

A principal causa da síndrome de Stevens-Johnson, da necrólise epidérmica tóxica e da sua transição são os medicamentos. Há mais de 100 tipos que podem ser classificados como responsáveis.

Na investigação do agente causal, o mais suspeito é aquele ingerido entre 4 e 28 dias antes do aparecimento das manifestações clínicas.

Já no caso de medicamentos de uso contínuo, a reação ocorre nos dois primeiros meses de tratamento.

Os principais compostos responsáveis são:

  • Sulfonamidas, especialmente o sulfametoxazol (Bactrim)
  • Anticonvulsivantes, como carbamazepina, lamotrigina, fenobarbital e fenitoína
  • Dipirona,
  • Anti-inflamatórios não hormonais, especialmente os derivados oxicans como o piroxican,
  • Alopurinol,
  • Nevirapina.

Outras causas, muito menos frequentes, são:

  • Infecção pelo Micoplasma pneumoniae, especialmente em crianças
  • Vacinas
  • Meios de contraste utilizados para exames de imagem
  • Medicamentos fitoterápicos,
  • Radioterapia.

Fatores de risco

Apesar de todos poderem desenvolver a Síndrome de Stevens-Johnson e a necrólise epidérmica tóxica, há alguns fatores de risco que predispõem a reação alérgica.

Os principais são:

Infectados pelo HIV

Os infectados pelo HIV apresentam um risco 100 vezes maior de desenvolver SSJ, SSJ/NET e NET.

Isso se dá pela maior exposição desses pacientes a vários medicamentos, infecções concomitantes e alterações imunológicas determinadas pelo vírus do HIV.

Câncer

Os pacientes oncológicos, especialmente nos casos do câncer originados no sangue, têm 30 a 60 vezes maior chance de desenvolver SSJ ou NET.

Nesses pacientes, os medicamentos responsáveis mais utilizados são os antibióticos, anticonvulsivantes e os específicos para tratar câncer.

Além disso, pessoas diagnosticadas com lúpus eritematoso sistêmico e com predisposição hereditária também são mais propensas a essas doenças.

Como a Síndrome de Stevens-Johnson se manifesta?

A Síndrome de Stevens-Johnson pode se manifestar de diferentes formas. Mas, de forma geral, inicialmente surgem sintomas semelhantes à gripe:

  • Febre superior a 39 °C,
  • Astenia (sensação de corpo mole),
  • Anorexia (falta de apetite),
  • Mialgia (dor muscular),
  • Artralgia (dor nas articulações).

As lesões iniciais podem ser compostas por manchas avermelhadas e pápulas (carocinhos) discretas. Manifesta-se por lesões semelhantes ao eritema polimorfo, porém com manchas tipo púrpura (arroxeadas) (foto 1) e bolhas (foto 2), distribuídas amplamente na pele.

Síndrome de Stevens-Johnson -  Lesões purpúricas
Foto 1: Lesões purpúricas (manchas escuras) acometendo pernas e coxas, em paciente portadora de Síndrome de Stevens-Johnson. Foto cedida pelo Dr. Emmanuel França.
Síndrome de Stevens-Johnson -  Lesões purpúricas
Foto 2: Lesões purpúricas (manchas escuras) e bolhas na perna, em paciente portador de Síndrome de Stevens-Johnson. Foto cedida pelo Dr. Emmanuel França.

Os locais mais afetados são o dorso das mãos, palmas, plantas, regiões extensoras dos membros e pescoço. Também há lesões no tronco e no rosto.

A extensão das bolhas, decorrente do descolamento da parte mais superficial da pele, não ultrapassa 10% da superfície corporal.

As mucosas são acometidas frequentemente em dois locais que podem ser:

  • Boca
  • Olhos
  • Faringe
  • Vias aéreas superiores
  • Genitais

Além disso, surge eritema (vermelhidão) e inchaço nesses locais. É seguido pelo surgimento de feridas muito dolorosas, cobertas por placas esbranquiçadas. Isso traz como consequência intensa dor à deglutição, no caso das lesões orais.

Muito característico é o acometimento dos lábios onde surgem crostas sanguíneas espessas (foto 3).

Síndrome de Stevens-Johnson, com crosta sanguinolenta no lábio inferior
Foto 3: Síndrome de Stevens-Johnson, com crosta sanguinolenta no lábio inferior. Foto cedida pelo Dr. Emmanuel França.

O percentual de mortalidade é de 10%, sendo a septicemia (infecção generalizada) a causa principal.

Como a necrólise epidérmica tóxica se manifesta?

A necrólise epidérmica tóxica, como já falado, representa a forma mais grave do espectro dessas doenças, consequente à maior extensão do acometimento da pele.

As lesões que assemelham a um grande queimado, o que ocorre pelo desprendimento da parte mais superficial da pele.

Inicialmente, surge febre superior a 39 °C e sintomas semelhantes à gripe, além de dor nos músculos e nas articulações.

Também é comum as manifestações consequentes ao comprometimento das mucosas como: 

  • Dor de garganta,
  • Salivação excessiva,
  • Tosse
  • Sensação de queimação ou coceira ocular,
  • Dor à deglutição de alimentos,
  • Fotofobia (medo de exposição ao sol). 

Após 1 a 3 dias, aparecem mais manifestações na pele e nas mucosas.

Na pele, há o aparecimento de extensas manchas avermelhadas, muitas delas com centro purpúrico (vermelho escuro), mal delimitadas, iniciando no rosto e evoluindo de forma simétrica para a parte superior do tronco.

No período de 2 a 5 dias, a inflamação atinge quase 100% da pele, exceto o couro cabeludo. Raramente a palma e a planta são afetadas.

Sobre a pele avermelhada, surgem vesículas e bolhas (foto 4), que confluem e rompem, além do deslocamento e desprendimento da pele em grandes retalhos, semelhante ao que ocorre com um grande queimado, deixando a pele abaixo desnuda, em “carne viva”, sangrando e eliminando líquido (exsudato). (foto 5)

Necrólise epidérmica tóxica
Foto 4: Necrólise epidérmica tóxica, manifestada por descolamento da parte superficial da pele, além de bolha tensa em parte inferior do braço. Foto cedida pelo Dr.Emmanuel França.
Necrólise epidérmica tóxica, em fase avançada
Foto 5: Necrólise epidérmica tóxica, em fase avançada, manifestada pela perda da pele, semelhante a uma extensa queimadura. Foto cedida pelo Dr. Emmanuel França.

Essa perda de líquido gera desequilíbrio hidreletrolítico (perda de líquido e eletrólitos, como o sódio) e perda de proteínas.

As áreas da pele submetidas, naturalmente, a maior pressão como a parte posterior dos ombros, dorso e nádegas, são as primeiras a serem eliminadas como retalhos de pele.

Pode ser induzida a formação de bolha pelo ato de atritar a pele aparentemente normal na borda de uma bolha, conhecido como sinal de Nikolsky.

Vale ressaltar que a dor na pele é muito intensa, tanto espontaneamente quanto ao toque.

O surgimento de uma nova pele ocorre no prazo de 2 a 4 semanas.

Aproximadamente 85% a 95% das mucosas são afetadas, geralmente precedendo o acometimento da pele, em 1 a 2 dias. A boca, a faringe, os olhos, a genital e o ânus são as áreas mais afetadas, nessa ordem citada.

Erosões (feridas) extensas e muito dolorosas nos lábios, boca e faringe geram crostas espessas e avermelhadas nos lábios (foto 6), salivação e impedimento de se alimentar. Este último, gera desidratação e desnutrição.

Necrólise epidérmica tóxica nos lábios
Foto 6: Necrólise epidérmica tóxica, apresentando perda da pele da face e crostas sanguinolentas nos lábios. Foto cedida pelo Dr. Emmanuel França.

Já o acometimento dos olhos acarreta:

  • Fotofobia,
  • Dor,
  • Erosões da conjuntiva e da córnea,
  • Ceratite,
  • Sinéquia (aderência) entre as mucosas da pálpebra e do olho
  • Amaurose (cegueira),
  • Síndrome Sicca (olhos secos permanentemente).

O acometimento das mucosas genital e anal induz dor intensa ao urinar e ao evacuar, respectivamente, além de aderências na vagina, nos grandes lábios e no trato urinário. Essas complicações têm como consequência o impedimento do ato sexual e de urinar.

As complicações mais graves da necrólise epidérmica tóxica, que podem comprometer a vida dos pacientes, são as seguintes:

  • Septicemia (infecção generalizada), sendo a principal causa de morte,
  • Insuficiência respiratória, gerando necessidade de utilizar respirador artificial,
  • Coagulação intravascular disseminada, provocando sangramento do aparelho gastrointestinal, e insuficiência respiratória, renal e do fígado.

A mortalidade da NET é muito alta variando de 25% até 50%.

Como devem ser tratadas essas reações alérgicas?

Ao desconfiar de Síndrome de Stevens-Johnson, necrólise epidérmica tóxica ou sua transição, vá de forma urgente a um dermatologista para fazer a avaliação das lesões.

Alguns medicamentos podem deter a progressão da doença e o remédio causador deve ser suspenso o quanto antes.

Dependendo da seriedade, o paciente precisa ser tratado na UTI, se mantendo em ambiente aquecido, fazendo hidratação por via intravenosa e se alimentando por via intravenosa.

Além disso, pode-se prescrever analgésicos para controlar a dor e antibióticos quando houver suspeita de infecção bacteriana.

Se você ainda tiver alguma dúvida sobre a Síndrome de Stevens-Johnson e a necrólise epidérmica tóxica, entre em contato conosco e converse com um especialista.

Eritema polimorfo: saiba mais sobre essa doença inflamatória

O eritema polimorfo (EP) é uma síndrome de hipersensibilidade da pele, uma alergia caracterizada pelo aparecimento súbito de inflamação da pele e das mucosas da boca, do órgão genital e dos olhos, mediada pelo sistema imunológico.

Essa doença pode ser causada por diversos motivos, mas está relacionada principalmente a infecção do herpes simples e, menos frequentemente, alergia a medicamentos, por via oral ou injetável.

A variante Major é caracterizada pelo comprometimento da pele e das mucosas, além de apresentar febre e dor nas articulações. Já a variante Minor, não apresenta outros sintomas e é mais discreta.

Pode gerar coceira e sensação de queimação, causando incômodo ao paciente e sendo considerado uma urgência dermatológica. 

Durante o texto, vamos relatar as principais causas dessa alergia da pele, tanto de origem infecciosa quanto medicamentosa, além das manifestações na pele e nas mucosas da boca e genital. Tratemos também maneiras de se prevenir e o tratamento adequado. Continue lendo e confira.

Incidência do eritema polimorfo

O eritema polimorfo não é uma doença frequente.

Afeta principalmente adultos jovens na faixa etária de 20 a 40 anos. Apesar disso, cerca de 20% dos casos ocorrem em crianças.

O que causa o eritema polimorfo? 

Varias causas podem ser responsáveis, sendo a infecciosa a mais frequente

 

Hereditária

Existe uma certa predisposição genética para desenvolver a doença. 

Origem infecciosa

. A infecção pelo herpes simples é a principal responsável, em 50% dos casos.  

Outras causas de origem infecciosa são: 

  • viral: como coronavírus, varicela-zoster, hepatite C e HIV,
  • vacinas contra os seguintes vírus: coronavírus, difteria, tétano, hepatite B e varicela (catapora),
  • bacteriana: mycoplasma pneumoniae, importante causa em crianças- a partir de infecção das vias respiratórias-, hanseníase, tuberculose e salmonella
  • fúngica: histoplasma capsulatum e tinha (impinge).

Origem medicamentosa

O eritema polimorfo também pode ser causado por medicamentos. Essa é a segunda maior causa, mas é responsável por menos de 10% dos casos.

Destes, os mais frequentes são: 

  • dipirona
  • antibióticos, como penicilina, ampicilina, tetraciclina, sulfa e ciprofloxacino
  • anticonvulsivantes, como fenobarbital, hidantoína e carbamazepina
  • ácido acetil salicílico
  • prometazina
  • d-penicilamina
  • novos medicamentos, como candesarten, cilexitil, rifocoxib, refocoxib, adalimimab e bupropiona

Gravidez

Como se manifesta o eritema polimorfo? 

Como sugere o nome, existe um polimorfismo de lesões, ou seja, diferentes manifestações, como:

  • manchas avermelhadas (foto 1),
  • pápulas (carocinhos),
  • inchaços (infiltração) (foto 2 da perna),
  • vesículas (“bolhinha d’água”),
  • bolhas (foto 3 da perna). 
Eritema polimorfo na perna
Foto 1: Eritema polimorfo na perna, manifestado por eritema (mancha avermelhada), com centro mais escuro no centro das lesões, característico da doença.  

Eritema polimorfo na parte mais inferior da perna
Foto 2: Eritema polimorfo na parte mais inferior da perna, onde se observa lesão elevada por infiltração da pele (inchaço), cor vermelho escura, além de vesículas e bolhas na borda da lesão. 

Eritema polimorfo manifestado por, além de inchaço e vermelhidão, vesículas e bolhas na perna, estas últimas consequente à maior inflamação da pele
Foto 3: Eritema polimorfo manifestado por, além de inchaço e vermelhidão, vesículas e bolhas na perna, estas últimas consequente à maior inflamação da pele. 

Além disso, surge uma lesão elevada e avermelhada, cujo centro é composto por vesícula ou mancha escura. Esta última gera um “aspecto em alvo” (foto 4 A e B). 

Eritema polimorfo no dorso
Eritema polimorfo no dorso
Fotos 4A e 4B: Eritema polimorfo no dorso, localização muito frequente, onde se observa lesão típica, manifestada pelo escurecimento no centro (“aspecto em alvo”) e cercada por halo composto por vesículas (bolhinhas d’água)  

Pode se manifestar por uma mancha central escura, circundada por um halo com aspecto edemaciado (inchado) mais pálido do que a lesão central e,perifericamente, podendo surgir uma mancha avermelhada (foto 5A e 5B) ou vesículas sobre ela.

Eritema polimorfo no abdômen
Eritema polimorfo no abdômen
Fotos 5A e 5B: Eritema polimorfo no abdômen, manifestado por lesão típica, constituído por lesão central mais escura, cercada de halo pálido e eritema (lesão avermelhada) na periferia. 

Geralmente, essas lesões típicas medem menos de 3 centímetros.

A distribuição das lesões é muito característica. Inicia-se no dorso das mãos e dos pés, sempre de forma simétrica.  

Muito sugestivo da doença é o comprometimento das palmas e plantas, onde surgem lesões avermelhadas com “tonalidade de vinho tinto” que podem ou não apresentar o centro escuro (aspecto em alvo) (foto 6).

Eritema polimorfo nas palmas das mãos
Foto 6: Eritema polimorfo nas palmas, localização muito sugestivo da doença, manifestado por lesões avermelhadas, com tonalidade mais escura e com bolhas no centro.  

Evoluem para atingir outras partes do corpo, de forma centrípeta (da periferia para o centro do corpo), quando podem chegar a comprometer o rosto, o pescoço e o tronco. 

As lesões podem ser acompanhadas de coceira ou de ardor. 

Um quarto dos pacientes têm acometimento das mucosas genital, ocular e da boca,esta, a mais afetada.  

É muito característico o comprometimento dos lábios que apresentam crostas avermelhadas e espessas sobre lesões ulceradas (foto 7).

Eritema polimorfo atingindo o lábio inferior e a língua
Foto 7: Eritema polimorfo atingindo o lábio inferior e a língua, onde se observa feridas cobertas por crostas sanguinolentas, estas mais evidentes no lábio. 

Na boca, manifesta-se por vermelhidão difusa e por bolhas. Estas, ao se romperem, se transformam em erosões (feridas), que são responsáveis pela dor e consequente dificuldade para se alimentar.  

Raramente a inflamação pode se estender à faringe e à laringe.  

Os gânglios (ínguas) podem ser acometidos, correspondente às regiões atingidas da pele.

Quando existe acometimento das mucosas, embora possa ser provocado por infecção, considera-se que os medicamentos sejam responsáveis por 10 a 20% desses casos.  

Já quando surgem múltiplas recorrências, superior a seis ao ano, estão relacionadas a infecção pelo herpes simples, não obrigatoriamente tendo que haver a concomitância das duas doenças em cada episódio. 

Atualmente, considera-se uma doença espectral: a maioria dos doentes desenvolve a forma Minor, onde, além da pele, compromete apenas uma mucosa. Apenas cerca de 20% dos casos evoluem para a forma Major, manifestado pelo comprometimento mais extenso das mucosas e da pele, podendo chegar a comprometer até a vida.

Raramente existe comprometimento do estado geral na forma Minor. Nesses casos, os pacientes podem se queixar de:

  • febre
  • sensação de corpo mole
  • dor muscular.

Esses sintomas podem ser observados mais frequentemente nos casos com maior comprometimento das mucosas, correspondente à forma Major.

A duração média de cada episódio de eritema polimorfo é de 2 semanas.

Tratamento

A grande maioria dos pacientes com eritema polimorfo não necessita hospitalização, exceto aqueles com grande comprometimento da mucosa oral que impossibilite a alimentação.

Nesses casos, devem ser internados para receber infusão venosa para alimentação parenteral e hidratação. 

Além disso, pode-se recomendar:

Tratamento do agente responsável

O tratamento específico dirigido ao agente causal é fundamental. Se a doença for desencadeada pelo herpes simples, este deve ser tratado nas primeiras 24 horas de sua instalação para ser eficaz no combate ao vírus, independente do inicio das manifestações do eritema polimorfo, já que este surge somente após varios dias de instalado o herpes simples. 

Já nos casos causados por medicamentos, recomenda-se a suspensão do fármaco responsável pelo episódio.

Tratamento específico da inflamação da pele

A inflamação da pele é tratada com a aplicação de creme contendo corticosteroide de média potência anti-inflamatória.

Também se pode recomendar a ingestão de anti-histamínico que gera sonolência para reduzir a sensação de coceira.

A associação de corticosteroide e anestésico aplicada nas ulcerações (feridas) da cavidade oral alivia a dor.  

Quando o comprometimento for muito extenso, é recomendado associar o tratamento tópico à ingestão de corticosteroide. Vale ressaltar que ainda há controvérsia em relação à sua eficácia.  

Quando a mucosa dos olhos for comprometida, deve ser solicitado o parecer de um oftalmologista, a fim de prevenir as graves sequelas, como cicatrizes na conjuntiva e até o comprometimento definitivo da visão. 

Prevenção das recorrências  

Nos casos de várias recorrências ao ano relacionadas à infecção pelo herpes simples, deve ser instituída a terapia supressiva antiviral durante pelo menos 6 meses. Atualmente, há diversas opções alternativas de tratamento e cabe ao médico responsável pelo caso escolher a ideal para o seu paciente.

Ficou com alguma dúvida sobre eritema polimorfo ou deseja iniciar o seu tratamento? Entre em contato conosco do ProntoPele e agende uma consulta com um especialista.

O que é queloide e como é feito o tratamento?

Queloide é um tumor benigno, semelhante a uma cicatriz exagerada, que ocorre a partir da proliferação exagerada da pele com a intenção de reparar perda cutânea.

Ele é evidenciado pela expansão do tumor além das bordas originais da ferida e é induzido por cirurgias e traumas evidentes ou aparentemente invisíveis (microtraumas).

Ocorre em indivíduos predispostos, especialmente aqueles de pele escura e de origem asiática, sendo alguns locais do corpo mais comuns, como os ombros, parte superior do tórax, mandíbula (parte mais inferior do rosto) e lobo da orelha (local do uso de brinco).

Acomete de 4 a 16% da população, sendo incomum em crianças e idosos.

Deve ser distinguida da cicatriz hipertrófica por se estender além das bordas da ferida e não ter tendência à involução.

Durante esse artigo, vamos descrever os fatores predisponentes, as manifestações na pele, como se prevenir e as opções de tratamento para o queloide. 

Continue lendo e confira.

O que causa o queloide?

Existem vários fatores que contribuem para o desencadeamento do queloide, como:

  • predisposição hereditária: foram identificados vários genes envolvidos na predisposição, seja estimulando ou inibindo a formação do tumor;
  • isotretinoina: o Roacutan, medicamento utilizado no tratamento da acne; potencializa a indução do queloide através de trauma, como cirurgia e procedimento estético;
  • doenças que causam infecção ou inflamação da pele: como acne, foliculite e varicela (catapora);
  • traumatismo na pele: como erro de técnica cirúrgica, infecção e introdução de material estranho durante o ato cirúrgico, brinco ou piercing na orelha e vacinação.

Como o queloide se manifesta?

O queloide manifesta-se como uma cicatrização exagerada de uma ferida criada na pele. Pode surgir a partir de um mês após o trauma, porém, ocasionalmente, até após 1 ano. 

Inicialmente, há o aparecimento de uma lesão avermelhada, ainda no mesmo nível da pele ao redor (foto 1).

Queloide na fase inicial
Foto 1: Queloide na fase inicial manifestado por lesão avermelhada plana com tendência a se elevar, localizado no joelho.

Evolui para uma lesão elevada, avermelhada ou acastanhada e com sensação da pele endurecida à palpação (foto 2 de lesão do pescoço).

Queloide no pescoço
Foto 2: Queloide no pescoço, onde suas bordas ultrapassaram os limites do trauma inicial.

A tendência é que ocorra uma involução parcial no centro da lesão, mas o seu crescimento além das bordas originais da ferida continuam, ao contrário da cicatriz hipertrófica, que se mantém nos limites do trauma original.

Esta, apesar de ter um crescimento inicial rápido nos primeiros seis meses, é seguida de regressão, num período de 12 a 18 meses.

Além de representar um problema estético e, consequentemente, afetar a autoestima dos seus portadores, pode gerar coceira e dor.

Em relação aos locais mais predispostos à instalação de queloide, podemos citar:

  • lobo da orelha (parte inferior dela);
  • tórax, tanto na parte anterior quanto na posterior
  • ombros
  • mandíbula (limite entre a face e o pescoço)
  • cabeça e pescoço
  • face e genitália (menos frequentemente)
  • palmas e plantas (raramente).

O queloide pode gerar perda do controle da temperatura e da oleosidade (tornando-se mais seca), em consequência da lesão às estruturas correspondentes da pele, responsáveis por essas funções.

Pode provocar contraturas em locais de dobras, como o joelho, impedindo ampla movimentação dessas regiões.

Como é feito o tratamento do queloide?

O tratamento do queloide representa um desafio para o dermatologista, já que nenhuma opção é completamente satisfatória.

A partir dele, espera-se:

  • controlar a dor e a coceira
  • reduzir o tamanho do tumor
  • recuperar o movimento das articulações que coincidam com o surgimento de queloide
  • elevar a autoestima.

Os principais recursos de tratamento são:

  • injeção de corticosteroide ou outro fármaco dentro do queloide
  • crioterapia por meio da aplicação de nitrogênio líquid
  • lasers de diferentes tipos
  • terapia de compressão da pele por meio de roupa, bandagem e brinco, podendo ser de acrílico, vendido comercialmente como Delasco Acrylic Pressure Earrings
  • placa de gel de silicone para queloide de pequeno tamanho e gel de silicone para os de grande extensão;
  • radioterapia, indicada como prevenção de queloide, aplicada logo após cirurgia, já que não atua no problema já instalado.

Caso um desses métodos não seja suficiente, podem ser realizadas combinações. É comum dermatologistas aliarem crioterapia com a injeção de medicamentos, por exemplo.

Como prevenir queloides?

Para prevenir queloide, recomenda-se:

  • evitar traumatismo e cirurgias desnecessárias em pacientes predispostos, especialmente nos locais mais propensos a doença, como pessoas de pele escura;
  • ocluir toda ferida cirúrgica com a intenção de mantê-la úmida;
  • evitar a exposição ao sol em locais suspeitos de desenvolver a enfermidade, após algum estímulo que possa desencadear o queloide.

Ainda ficou com alguma dúvida sobre essa doença? Entre em contato conosco e converse com um especialista.

Peeling Químico, a fonte do rejuvenescimento

Os peelings representam uma remodelação da pele através da remoção de suas camadas danificadas e substituídas por novas. Esse processo torna a pele com textura e aparência mais jovens.

Também trata a ceratose actínica, doença pré-maligna, através da eliminação de células cancerígenas, ainda presentes na epiderme, camada mais superficial da pele.

Os peelings ocupam o terceiro lugar em frequência entre os procedimentos de estética, sendo realizados aproximadamente 1 milhão e 200 mil, anualmente, nos Estados Unidos.

Oferecem as seguintes vantagens:

  • Segurança, quando realizados por profissional experiente

  • Rapidez do procedimento e da recuperação do paciente

  • Excelente relação custo/benefício.

Exigem um profundo conhecimento do funcionamento e das enfermidades da pele afim de se oferecer um tratamento seguro para a prevenção das complicações e personalizado a cada paciente. Apenas o dermatologista reúne esta capacitação.

Nesse artigo, abordaremos as principais indicações e respectivas substâncias utilizadas, além dos cuidados antes e após esse importante procedimento médico.

Classificação dos peelings quanto à profundidade

Os peelings  são classificados em superficiais, médios e profundos.

Os superficiais lesam apenas a epiderme, gerando melhoria do brilho, da tonalidade e da textura da pele.

Já os médios aprofundam a ação, atingindo além da epiderme, também a parte superficial da derme. A ação adicional sobre esta, gera melhora das rugas e cicatrizes superficiais, em consequência de induzir a formação de fibras colágenas e elásticas.

Os peelings profundos, aprofundam mais ainda a atuação sobre a pele. Em consequência dessa maior penetração, são mais eficientes no combate às rugas e cicatrizes de acne do que os peelings médios, porém com maior risco de complicações como cicatrizes e manchas claras permanentes.

Quais as indicações dos peelings químicos superficiais?

  • Fotoenvelhecimento leve

  • Melasma restrito apenas à epiderme.

  • Hiperpigmentação pós-inflamatória: manchas escuras resultantes de doenças da pele que cursam com inflamação, como a acne, sendo as pessoas de pele escura as mais vulneráveis.

  • Sardas (efélides) no rosto

  • Lentigo senil: manchas escuras da velhice em área exposta ao sol

  • Ceratose actínica

A quantidade ideal de sessões é de 4 a 5

Quais as indicações dos peelings médios?

  • Cicatrizes de acne pela técnica CROSS, citada anteriormente

  • Melasma que atinge além da epiderme, também a derme

  • Rugas finas e de média profundidade

Quais as indicações dos peelings profundos?

  • Envelhecimento intenso da pele, demonstrado pelas rugas profundas.

Portanto, antes de decidir pela realização de um peeling, deve ser feito um detalhado interrogatório (anamnese) em cada paciente, a fim de escolher o tipo de peeling mais adequado.

O rosto é a área do corpo onde é mais seguro a realização dos peelings por ter maior densidade de pelo, estrutura responsável pela indução da formação de uma nova pele.

Nas mãos e nos antebraços, por exemplo, por possuírem menor quantidade de pelo e consequente maior dificuldade da regeneração da nova pele, tem maior possibilidade de complicações como cicatrizes. Nessa situação, deve ser aplicado apenas peeling superficial

Quais os mecanismos de ação dos peelings?

Os peelings atuam através de 2 mecanismos:

Peelings com ação queratolítica

Provocam a separação das células da epiderme, através da destruição de suas ligações e gerando a eliminação delas, e consequente, grande melhora da textura da pele.

Também promovem uma dispersão mais uniforme do pigmento melanina, responsável pela cor da pele, e assim, eliminam as manchas escuras e tendo como exemplos, o melasma e o lentigo senil, este, consequente ao envelhecimento da pele.

A maioria dos peelings com essa característica tem capacidade de penetração restrita à epiderme, sendo os responsáveis pelos peelings superficiais.

Os principais agentes com essa ação são os seguintes:

Ácido glicólico

Pode ser aplicado na concentração de 30 a 50%, quando se quer atuar apenas como peeling superficial, enquanto quando se utiliza na concentração de 70%, pode atingir, também a derme, sendo classificado como peeling médio.

O ácido salicílico

Tem maior capacidade de penetração na pele, comparado ao ácido glicólico, por ter maior afinidade pela gordura existente nas camadas da epiderme. Essa característica lipofílica capacita essa substância para ser utilizada nos casos de pele muito oleosa como nos portadores de acne. É utilizado nas concentrações de 20 a 30%.

Solução de Jessner

É composta pela combinação de resorcinol, ácido salicílico e ácido lático.

Está indicado no tratamento da acne. Aplicar 1 ou 2 camadas
e sempre com intervalo de 5 minutos, a fim de detectar surgimento de uma área avermelhada, seguido por discreto frosting (branqueamento). A utilização da Lâmpada de Wood revela a uniformidade da aplicação.

Quando se utiliza maiores concentrações desses agentes químicos ou combinados com outras substâncias, gera peelings mais profundos(foto 1).

Foto 1:Observar discreto branqueamento (frosting) no rosto consequente à aplicação da solução de Jessner, utilizada como primeira etapa do peeling médio

Outros opões de peelings com ação queratolítica são ácido mandélico, ácido pirúvico e resorcinol.

Peelings com ação de desnaturar proteínas da pele

Têm ação de provocar desnaturação e coagulação das proteínas da epiderme e da camada logo abaixo, a derme, gerando a produção de fibras colágenas e elásticas. Essas alterações induzem o rejuvenescimento muito evidente da pele.

Quanto maior a profundidade atingida pelo peeling, maiores serão esses benefícios em proporcionar uma aparência mais jovial.

As principais substâncias pertencentes a esse tipo de peeling são o ácido tricloroacético e o fenol.

Peeling de ácido tricloroacético

Quando é aplicado nas concentrações baixas, como 10% e 25% resultam num peeling médio (foto 2) e podendo chegar até a 35%, correspondente ao peeling médio.

Foto 2a: Paciente portadora de lesões pré-malignas e lentigo solar, manifestações do envelhecimento da pele.

Foto 2b: Peeling médio utilizando o ácido tricloroacético, demonstrado pela presença de branqueamento sobre uma base ainda avermelhada.

Foto 2c: Após o peeling médio, com desaparecimento das manchas de senilidade. O eritema (vermelhidão) transitório indica estímulo à produção de colágeno, gerando desaparecimento das rugas.

Após uma semana da aplicação do peeling contendo ácido tricloroacético, observa-se o desaparecimento da ceratose actínica e do lentigo senil, gerando uma pele com aparência mais jovial.

O ácido tricloroacético na concentração de 35%, utilizado como peeling médio, pode ser potencializado sua ação, quando combinado com outras substâncias como a solução de Jessner, o ácido glicólico e o dióxido de carbono, ao gerar maior aprofundamento do peeling, 

A combinação com a solução de Jessner é a mais utilizada, sendo a nossa preferida.

 

Foto 3a: Paciente portadora de manchas escuras e lesões pré-malignas consequente ao envelhecimento

 

Foto 3b: Peeling médio onde o branqueamento é tão intenso ao ponto de desaparecer a tonalidade avermelhada abaixo, indicando que o peeling atingiu a derme, local onde é gerado produção de fibras colágenas e elásticas, essenciais para o rejuvenescimento da pele.

 

Foto 3c: Observa-se o desaparecimento das lesões enumeradas acima, além de uma pele com menor quantidade de rugas. O aspecto avermelhado da pele, comum após 1 semana do peeling, desaparece antes de 3 meses.

Uma variedade do peeling médio consiste da técnica CROSS para tratar cicatrizes de acne, onde é aplicado o ácido tricloroacético em altas concentrações, entre 65% e 100%, pontualmente, ou seja, apenas no local da cicatriz. Deve ser realizado 6 sessões com intervalo de 6 semanas.

Peeling de fenol

Representa o peeling onde o fenol tem a capacidade de penetrar ainda mais na pele e chegando a atingir a derme profunda (derme reticular).

O resultado disso é uma maior indução da produção de colágeno, e consequente maior rejuvenescimento da pele, demonstrado pelo desaparecimento das rugas, inclusive as profundas, além das cicatrizes de acne.

Quais as medidas para aliviar a dor durante o peeling?

  • Um ventilador próximo ao rosto do paciente 

  • Aplicação de compressa de água fria ou de gelo com gaze, durante 10 a 15 minutos.

  • Medicamentos como anti-inflamatórios e sedativos.

Quais as reações da pele após o peeling?

  • Logo após, o paciente ainda poderá sentir uma sensação de calor, de curta duração, porém é uma reação normal.

  • Surge um inchaço no rosto que dura alguns dias.

Em 24 horas a pele se torna escura, semelhante a uma máscara, antes de começar a ser eliminada. (foto 4) 

 

Foto 4a : Observa-se o aparecimento de uma nova pele, livre de manchas, tornando-a de aspecto jovial. 

 

Foto 4b:Descamação da pele na região frontal (testa), já demonstrando o aparecimento de uma pele livre de lesões pré-malignas e de manchas escuras da velhice.

  • Nos primeiros dias, o paciente sentira uma sensação de pele esticada.

O tempo de eliminação da pele antiga varia de acordo com a profundidade do peeling.

Os superficiais, é de 3 a 4 dias, quando apresentará discreto eritema (vermelhidão)

Já para os médios, o tempo de recuperação é de 7 a 8 dias e os profundos é de 8 a 10 dias.

Quando toda pele for eliminada, surgirá uma nova pele, com aparência (rosada), que desaparece no período de 1 mês no peeling médio e de 2 a 3 meses para o peeling profundo.

Nesse momento o filtro solar será obrigatório, durante 3 meses e, preferencialmente, durante toda vida.

Quais os cuidados  no pós-peeling?

Deve ser realizado revisões com o dermatologista no quarto, sétimo e décimo dias após o peeling a fim de ser detectado possíveis complicações.

As orientações do pós-peeling, principalmente para os peelings médio e profundo, são muito importantes de serem rigorosamente seguidos a fim de ser garantido o sucesso do procedimento e que constam do seguinte:

  • A limpeza da pele nos 4 primeiros dias deve ser suave e delicada, evitando friccionar e que consta do seguinte:

  • Salpicar a pele do rosto com Água Termal Eau Thermale.

  • Adicionar à limpeza, sabonete tipo syndet na própria mão e em seguida dar pequenas palmadas, delicadamente no rosto com o sabonete e ensaboar delicadamente a pele, sem friccionar.

  • Secar a pele com toalha macia, apenas com toques leves.

  • A fim de minimizar a sensação de pele esticada, a pele deve ser hidratada com compressas de gaze embebida em soro fisiológico gelado, ou em solução de ácido acético a 0,25% (uma colher de vinagre branco em1 litro de água), durante 15 a 20 minutos, 4 a 5 vezes ao dia.

  • Aplicar bolsa de gelo nas pálpebras e bochechas durante 10 minutos, a cada hora, nos dois primeiros dias, com a finalidade de combater o inchaço, já que essas regiões têm maior propensão a esse efeito. colateral.

  • Dormir na posição de barriga para cima.

  • Hidratar a pele a partir do terceiro dia e podendo se prolongar até o quinto dia, através da aplicação de pomada contendo vaselina branca ou do antibiótico mupirocina, em camadas finas, várias vezes ao dia, até ocorrer a eliminação de toda pele.

  • A pele antiga deve permanecer o maior tempo possível, antes de ser eliminada, a fim de diminuir o risco de surgir cicatrizes, infecções, vermelhidão persistente (predispõe a queloide) e manchas escuras. 

  • Uso de maquiagem somente após 7 a 10 dias.

  • Reiniciar a aplicação do ácido glicólico na terceira semana e do ácido retinóico (tretinoina), entre 4 e 6 semanas com a finalidade de intensificar o rejuvenescimento.

  • Deve ser respeitado o intervalo de 3 meses para a realização de novo peeling médio e de um ano para o profundo.

O que deve ser evitado nos pós-peeling?

  • Usar óculos.

  • Sorrir na primeira semana e tocar o rosto.

  • Exposição solar durante as primeiras semanas, principalmente no horário de 10 às 16 horas.

  • Exercício físico e suar.

  • Água do chuveiro diretamente na face e, se usar xampu, inclinar a cabeça para trás, a fim de evitar que atinja o rosto.

  • Nadar e se expor à chuva.
  •  
  • Puxar a pele e não esfregar o rosto.

Seguindo todos cuidados antes, durante e depois do peeling, o sucesso é garantido, medidas especialmente indicadas para o médio e o profundo.

A aplicação de Botox e de preenchimento como o de ácido hialurônico, 7 a 10 dias antes do peeling, otimizam os resultados deles.

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Está com inflamações próximas da unha? Saiba mais sobre a paroníquia

A paroníquia é a condição caracterizada pela inflamação dos dedos, geralmente os da mão, na área que circunda a parte lateral e proximal da unha.

Nos casos graves, também pode haver o aparecimento de lesões no seu contorno distal. 

A duração pode ser inferior a 6 semanas, constituindo a forma aguda, ou superior a esse período, correspondendo à variedade crônica.

Na grande maioria dos casos, o problema é causado por uma infecção ou por irritação decorrente do contato com substâncias contidas em sabão ou detergente.

Durante o artigo, vamos descrever as principais causas da paroníquia, assim como suas manifestações, a forma de prevenção e o tratamento. Continue lendo e confira.

Paroníquia aguda

Assim como já falado, a paroníquia aguda é a inflamação dos dedos ao redor da unha que dura menos de 6 meses.

Saiba mais sobre ela.

O que causa a paroníquia aguda?

A paroníquia aguda pode ser causada por infecções ou por reação aos medicamentos

Infecciosa

O comprometimento da função de barreira da pele ao redor da unha gera predisposição à penetração de agentes infecciosos a partir de:

  • Trauma de origem mecânica: roer unha e traumatismo por manicure, chupar o dedo e cutucar a unha da mão, além da unha encravada no dedo do pé.
  • Química: contato com detergente e sabão.

Ambos os traumatismos permitem a penetração de agentes infecciosos, como estafilococo e estreptococo, bactérias pertencentes à flora normal da pele, além de pseudomona aeruginosa, que ocorre menos frequentemente.

Além disso, a infecção também pode ocorrer por bactérias provenientes da cavidade oral, pelo hábito de levar o dedo à boca, como:

  • Aeróbias: necessitam de oxigênio para sobreviver. As principais bactérias são estreptococo, estafilococo aureus e eikenella corrodens.
  • Anaeróbias: dispensam o oxigênio para se manterem vivas e representadas pelo fusobacterium.
  • Herpes simples: é mais raro.

Medicamentosa

A paroníquia aguda também pode ser causada por alguns tipos de medicamentos:

  • Inibidores do receptor do fator de crescimento epidérmico como cetuximabe, erlotinibe e panitumumabe,
  • Agentes quimioterápicos como metotrexato e doxorubicina,
  • Retinoides sistêmicos como isotretinoina (Roacutan) e acitretina
  • Medicamentos dirigidos contra vírus.

Como a paroníquia aguda se manifesta?

A paroníquia aguda se manifesta por eritema (vermelhidão) e inchaço das dobras das unhas, de instalação rápida (2 a 5 dias), acompanhado de dor intensa e com história de pequeno traumatismo, antecedendo a lesão (foto 1).

Paroniquia aguda

Foto 1. Paroniquia aguda, apresentando inflamação intensa (vermelhidão e inchaço) ao redor da unha do dedo da mão. Foto cedida pelo Dr. Samuel Freire do Atlas Dermatológico.
Gradualmente, vai acumulando pus e denunciado pela coloração amarelada, geralmente ao redor da unha (foto 2), mas podendo se infiltrar abaixo dela (foto 3).

Paroníquia aguda intensa, onde se observa pústulas (coleção de pus) e inflamação ao redor da unha do dedo médio da mão

Foto 2. Paroníquia aguda intensa, onde se observa pústulas (coleção de pus) e inflamação ao redor da unha do dedo médio da mão.
Paroniquía aguda com coleção de pus abaixo da unha do dedo médio

Foto 3. Paroniquía aguda com coleção de pus abaixo da unha do dedo médio.

Na maioria dos casos, é limitado às dobras lateral e proximal da unha. Nos casos graves, pode se estender até o contorno distal e se limita a um dedo, porém, quando estiver relacionado aos medicamentos, pode atingir vários.

Quando afeta os pés, o primeiro dedo (dedão) é o mais afetado. Esses casos, geralmente, estão relacionados com unha encravada (foto 4)

Paroníquia aguda no primeiro dedo do pé

Foto 4. Paroníquia aguda no primeiro dedo do pé, manifestada por intensa inflamação e secreção de pus. Foto cedida pelo Dr. Samuel Freire do Atlas Dermatológico.
Raramente, a paroníquia pode se aprofundar na pele e a bactéria atingir o osso do dedo, gerando osteomielite.

Exames complementares

Quando for evidenciado a presença de coleção de pus, a cultura bacteriológica e antibiograma podem ser úteis a fim de identificar o antibiótico mais efetivo, porém, na maioria dos casos, esse exame é desnecessário.

Tratamento da paroníquia

Quando a paroníquia ainda está na fase inicial, sem abscesso, deve ser utilizado antibiótico por via tópica. Quando for decidido utilizar antibiótico por via oral, a escolha dependerá diretamente do caso, definido pelo médico.

Na presença de abscesso, deve ser realizada a drenagem do pus.

Nos casos de paroníquia por unha encravada, recomenda-se a remoção parcial dela, correspondente ao lado afetado e incluindo a destruição da matriz, a pele que antecede a visualização da unha.

Esse procedimento garante que a unha nasça mais estreita, prevenindo o seu encravamento.

Vale ressaltar que jamais deve ser removido toda a unha, uma vez que isso resulta na lesão permanente de sua matriz e, consequentemente, da unha que reaparecer.

Quando a paroníquia for provocada por medicamento, é suficiente apenas a suspensão dele.

Paroníquia crônica

A paroníquia crônica é aquela cuja inflamação do dedo ultrapassa 6 semanas. Saiba mais sobre ela.

Quais as causas da paroníquia crônica?

É provocado pela irritação persistente induzida por substâncias como sabão e detergente, em um ambiente constante de umidade. Por isso, é comum aos que trabalham nas funções de cozinheiro, donas de casa e profissionais da área de saúde.

Menos frequentemente, pode ser desencadeada por processo alérgico a alguma substância em contato com a pele, constituindo a dermatite de contato alérgica.

A inflamação é agravada nos portadores de psoríase (foto 5a e 5b) e nos de dermatite atópica.

Psoríase ao redor das unhas

Fotos 5a e 5b. Psoríase ao redor das unhas e sobre as articulações dos dedos da mão, manifestada por lesões avermelhadas cobertas por escamas, além de grande comprometimento da superfície das unhas.

Apesar de o fungo cândida poder ser encontrado na pele afetada, ele não participa da indução da doença, o que é comprovado pela manutenção do processo, mesmo após tratamento específico para cândida. No máximo, pode contribuir para a persistência da paroníquia.

Como se manifesta a paroníquia crônica?

Ao contrário da paroníquia aguda, a inflamação é mais discreta, manifestada por eritema (vermelhidão) e inchaço ao redor da unha, correspondente à parte lateral e proximal da mesma (foto 6).

Paroníquia crônica

Foto 6: Paroníquia crônica, onde se observa inflamação discreta ao redor das unhas dos dedos da mão. Essa inflamação compromete a matriz da unha, situada abaixo dela, gerando alterações na sua superfície (estrias longitudinais).

À medida que se prolonga a inflamação, começa a ocorrer uma retração na parte proximal, correspondente à perda da cutícula (foto 7).

Paroníquia crônica

Foto 7. Paroníquia crônica que gerou grande retração da pele ao redor da unha, além de modificação da superfície da unha (estrias longitudianis).

A agressão à matriz da unha, correspondente à pele que antecede a sua parte proximal, gera inflamação do dedo e consequente alterações em sua superfície, manifestada por ondulações transversais e podendo gerar até um sulco ainda mais profundo na sua parte proximal, conhecido como Linha de Beau (foto 8).

Linha de Beau

Foto 8.Linha de Beau, manifestada por depressão na parte proximal da unha gerada pela interrupção da sua formação, em consequência da inflamação da sua matriz, correspondente à pele que antecede a unha.

Mantido a agressão à matriz, pode haver alteração de toda superfície da unha, semelhante ao aspecto de uma lixa, conhecido por traquioníquia (fotos 9). Essa condição pode levar ao desprendimento de toda unha, denominado onicomadese, além de deformidade permanente dela.

Traquinoíquia

Foto 9. Traquinoíquia manifestada por aspereza da superfície das unhas, afetando os dedos polegares.

A evolução crônica pode alternar com surtos agudos, manifestada por exacerbação da inflamação, descrita anteriormente.

É comum a persistência da inflamação do dedo, correspondente à pele ao redor da unha, atrair a bactéria pseudomona (foto 10), que gera o aparecimento de uma cor esverdeada da unha em consequência da liberação de um pigmento pela bactéria.

Infecção pela bactéria pseudomona na unha do dedo

Foto 10. Infecção pela bactéria pseudomona na unha do dedo médio, apresentando comprometimento de grande parte da mesma (cor esverdeada), além de inflamação ao redor da unha.

Exames complementares

O diagnóstico, na grande maioria das vezes, é baseado apenas no exame da pele.

Nos raros casos suspeitos de reação alérgica ao contato com alguma substância, conhecida como dermatite de contato, deve ser realizado teste alérgico de contato.

O exame histopatológico, através de biópsia da pele, na grande maioria das vezes, não é necessário, exceto se houver suspeita de associação com outra doença no local, como o câncer de pele.

Tratamento da paroníquia crônica

A prevenção dos fatores indutores da paroníquia crônica é muito importante, como manter as mãos secas e distante do contato com sabões e detergentes.

Quando for inevitável o trabalho envolvendo esses irritantes, as mãos devem ser protegidas com luva de tecido de algodão, utilizada antes da de borracha.

É muito importante ter o cuidado de evitar o traumatismo provocado pela manicure, através da remoção da cutícula da unha, já que esta funciona como uma proteção contra a matriz da unha e também de paroníquia.

As unhas devem ser cortadas frequentemente, mas com cuidado! Deve-se evitar traumatismo com objetos cortantes, como tesouras e cortadores, assim como o hábito de roê-las.

O tratamento dirigido ao controle da inflamação consta da aplicação de creme contendo corticosteroide, que dependerá diretamente do caso. Outra opção é o uso de pomadas com medicamento anti-inflamatório.

O tratamento dirigido ao fungo cândida, assim como acontece na paroníquia aguda, é ineficaz.

Vale ressaltar que apenas um dermatologista poderá avaliar o seu caso e definir qual é a melhor abordagem. Entre em contato conosco para agendar uma consulta com um especialista e iniciar o seu tratamento.

O que é, quais são as causas e qual o tratamento da dermatite perioral?

A dermatite perioral, posteriormente mais bem denominada de dermatite periorificial por não se limitar apenas ao contorno da boca, caracteriza-se pelo surgimento de pápulas (carocinhos) ao redor da boca, dos olhos e do nariz.

A inflamação lembra as manifestações da acne e da rosácea, porém se distingue das mesmas pela localização em pontos específicos do rosto. Apesar da causa não estar bem determinada, está geralmente associada ao uso de creme contendo corticosteróide de alta potência anti-inflamatória.

É possível a cura, apesar de ser conseguida de forma lenta, através de medicamentos utilizados por via tópica isoladamente ou associados à oral.

Quer saber mais? Então, continue lendo e tire suas dúvidas sobre a dermatite perioral.

Incidência

A dermatite perioral é mais frequente em mulheres, na faixa etária dos 16 aos 45 anos. Apesar disso, ela também pode afetar as crianças, inclusive as de 3 meses de idade.

Vale ressaltar ainda que ela também pode ocorrer com homens em qualquer faixa etária.

Dessa forma, todos podem ser afetados pela dermatite perioral.

Quais são as causas da dermatite perioral?

Não se sabe ao certo a causa da dermatite perioral, porém, acredita-se que a alteração inicial seja na diminuição da função de barreira da pele, induzida na pele de pessoas portadoras de alergia do tipo dermatite atópica e pelo uso de corticosteróide.

Os pacientes relatam uma erupção inicial no rosto manifestado pelo surgimento de pápulas e seguido pela manutenção da erupção pelo uso de corticosteróide. Em resumo, há a dúvida se o corticosteróide é o único responsável ou se é simplesmente um fator agravante e mantenedor do processo, especialmente com as preparações de maior potência anti-inflamatória.

Frequentemente, a suspensão do uso do creme de corticosteróide é seguida pela recidiva da erupção cutânea, o que gera uma dependência do uso do medicamento.

Outro fator que também reforça a teoria da participação dos corticosteróides é o da indução da doença pelo medicamento por outras vias, como a oral, inalatória e ocular.

Também se discute se outros fatores não têm participação, como:

Como a dermatite perioral se manifesta?

A dermatite perioral se manifesta pelo agrupamento de pápulas (carocinhos) avermelhadas isoladamente ou associadas a vesículas (bolhinhas d’água) ou a pústulas (bolhinhas de pus).

Ficam localizadas, mais frequentemente, ao redor da boca, mantendo uma zona estreita sem lesões entre os lábios e as feridas (foto 1).

Dermatite Perioral

Foto 1: Dermatite Perioral, constituída por pápulas e pústulas, localizada no queixo e ao redor da boca, mantendo uma zona estreita livre de lesão entre o lábio e o queixo.

Menos frequente, as lesões podem aparecer ao redor do nariz (foto 2). Nos olhos, essa manifestação é ainda menos comum.

Dermatite Perioral/Periorificial

Foto 2: Dermatite Perioral/Periorificial, em localização típica, ao redor do nariz, constituída por pústulas e pápulas agrupadas.

Está associado a discreta descamação.

Os casos mais intensos podem envolver as regiões ao redor da boca e do nariz (foto 3), além de evoluir para a confluência das pápulas, gerando infiltração (inchaço), o que dá um aspecto de maior inflamação à pele (foto 4).

Dermatite Perioral/Periorificial, ao redor da boca e nariz

Foto 3: Dermatite Perioral/Periorificial, ao redor da boca e nariz, constituído por pápulas que confluem formando placas avermelhadas, consequente ao uso prolongado de corticosteróide na pele.
Dermatite Perioral, constituída por vesículas, pústulas e lesões infiltradas avermelhadas ao redor da boca e poupando a pele entre o lábio e o queixo

Foto 4: Dermatite Perioral, constituída por vesículas, pústulas e lesões infiltradas avermelhadas ao redor da boca e poupando a pele entre o lábio e o queixo.

Os pacientes podem não referir nenhuma sintomatologia ou se queixar de sensação de ardor ou de queimação, de intensidade discreta a moderada. A doença cura sem deixar sequelas ou cicatrizes.

A dermatite perioral tende a desaparecer espontaneamente entre alguns meses a vários anos. A insistência do uso de corticosteróide pode prolongar muito a doença e até exacerbá-la. Deve ser diferenciada da acne, pela ausência de comedões (cravos) e a distribuição característica ao redor da boca, do nariz e dos olhos.

Como é o tratamento?

O tratamento da dermatite perioral depende diretamente do local da lesão, assim como da sua localização.

Mas, recomenda-se a suspensão do creme contendo corticosteróide de forma gradativa para evitar o rebote. Para isso, deve-se substituir os corticosteróides de alta potência anti-inflamatória por outros de baixa potência, antes da suspensão completa.

Converse com o seu médico para ver quais são os procedimentos mais indicados para o seu caso.

Os casos com menor extensão devem ser controlados apenas com tratamento de uso tópico. O melhor tratamento é realizado com cremes que são semelhantes aos corticosteróides, mas não apresentam efeitos colaterais.

Também há outras alternativas em gel, loção ou medicamentos, que devem ser recomendados a partir de um exame completo da área.

Já os casos mais graves devem ser tratados por meio da associação do tratamento por via tópica com medicamentos antibióticos por via oral por, no mínimo, 2 meses.

Lembre-se que a automedicação e o autotratamento podem causar a piora dos sintomas. Por isso, sempre procure ajuda médica para iniciar o tratamento mais recomendado para o seu caso.

Se você mora em Recife, conte conosco para isso. Entre em contato e agende uma consulta com um de nossos especialistas.



Está com inflamação nos lábios? Pode ser queilite


A queilite é uma inflamação dos lábios que pode se estender para a pele ao redor e até para dentro da boca (mucosa oral).

Durante a pandemia do coronavírus a sua frequência aumentou, principalmente a queilite por irritante primário, consequência do ato de lamber os lábios de forma compulsiva, uma manifestação de ansiedade.

Esse problema manifesta-se por vermelhidão, ressecamento e consequente descamação. Além disso, pode haver o aparecimento de fissuras e inchaço nos lábios. Em alguns casos, é acompanhado pelas sensações de coceira e ardência.

Ficou interessado em saber mais? Então, continue lendo esse post e tire suas dúvidas sobre as causas da queilite, sua prevenção e tratamento.

Quais as causas da queilite?

A queilite conta com diversas causas, tanto endógenas (constitucionais) quanto externas.

Uma das mais frequentes é a endógena. Ela consiste na alergia hereditária, associada a asma, rinite e dermatite atópica.

Já a de origem externa mais frequente é a dermatite de contato, com suas variantes:

  • Dermatite de contato de origem alérgica
  • Dermatite de contato não alérgica, conhecida como queilite de contato por irritante primário.

Outras doenças que se originam em outras partes da pele ou de origem interna podem também atingir os lábios, como:

  • Líquen plano
  • Sarcoidose
  • Doença de Crohn
  • Lúpus eritematoso 
  • Deficiência nutricional

Quais os tipos de queilite?

A queilite pode ser dividida em diferentes tipos, dependendo da causa do problema. Saiba mais sobre cada uma delas.

Queilite eczematosa

É a forma clínica mais frequente. Pode ocorrer devido a uma predisposição hereditária, associada à dermatite atópica ou influenciada por fatores externos. Estes, geram inflamação dos lábios por mecanismo alérgico ou não (dermatite por irritante primário).

Os principais sintomas da queilite eczematosa são:

  • Ressecamento
  • Descamação
  • Vermelhidão
  • Fissuras

Todos esses sintomas envolvem os lábios, mas também podem se estender para a pele ao redor ou, em alguns casos, para a mucosa oral.

Queilite por irritante primário

Constitui a forma clínica mais frequente. A causa mais comum é a irritação mecânica relacionada ao atrito da língua com os lábios, através do hábito de lambê-los de forma repetitiva e compulsiva. (foto 1 e foto 2)

Foto 1 e 2: Queilite por irritante primário, afetando os lábios e região ao redor, constituído por eritema (vermelhidão) e descamação, decorrente do hábito de atritar a língua com o local

Outros fatores que também podem participar dessa irritação são o clima frio e com baixa umidade, produtos de higiene oral e certos alimentos.

Queilite por dermatite de contato alérgica

Nesses casos de queilite, é necessária uma sensibilização alérgica prévia, através do contato de uma substância com os lábios. Os maiores responsáveis são:

  • Instrumento musical
  • Filtro solar
  • Produtos cosméticos, como esmalte de unha
  • Produtos de maquiagem e batom

Os ingredientes contidos no batom mais responsáveis pela dermatite de contato são própolis, óleo de rícino, resinas e conservantes.

As mulheres são mais afetadas do que os homens por terem maior contato com os cosméticos. Também podem participar dessa alergia a pasta de dente, frutas cítricas, canela e manga.

A manifestação desse tipo de queilite compreende:

  • Fissuras
  • Vermelhidão
  • Coceira
  • Inchaço
  • Vesículas (bolinhas d’água)
  • Ulcerações superficiais. 

Pode se estender ao redor dos lábios e até para outras partes do corpo. A coceira é mais intensa do que na queilite por irritante primário.

Em relação aos exames complementares para confirmar o diagnóstico de queilite por dermatite de contato alérgica, o teste de contato é muito importante para identificar o produto contactante responsável. (foto 3)

Foto 3: Teste de contato utilizado para identificação da substância causadora da alergia em contato com a pele.

Queilite atópica

A aparência clínica é indistinguível da queilite por irritante primário. Pode se estender ao redor das comissuras labiais e a outras partes do rosto (foto 4 e foto 5). Esta pode também ter localizações típicas, como o rosto e as dobras dos cotovelos e dos joelhos.

Foto 4: Dermatite atópica manifestada por queilite, onde se observa lesões avermelhadas nos lábios e ao redor.

Foto 5: Queilite atópica onde se observa, além de lesões nos lábios, também ao redor da comissura labial, constituída por lesão avermelhada e infiltrada.

O diagnóstico é feito, principalmente, pela detecção de outras manifestações de atopia, como rinite e asma, além de dermatite atópica. 

Queilite associada a ingestão de retinoide

A ingestão de isotretinoína (Roacutan), usada no tratamento da acne, e da acitretina, derivados da vitamina A, assim como outros medicamentos, como o benzodiazepínicos, utilizados para combater a insônia, podem gerar sensação de boca seca, inclusive ressecamento, descamação, vermelhidão e fissuras nos lábios. (foto 6)

Foto 6: Queilite decorrente do uso oral da Isotretinoína, para o tratamento da acne, onde se observa descamação intensa, além de eritema nos lábios.

Queilite solar

É uma doença pré-maligna gerada pela exposição solar ao longo de muitos anos.

A população de pele clara que se expõe muito ao sol, seja decorrente da profissão ou de atividade de lazer, e que vive em países com alta intensidade de sol como o Brasil, é mais propensa a desenvolver a doença.

Os homens são mais afetados do que as mulheres. Afeta o lábio inferior, por receber maior quantidade de radiação solar do que o superior.

Manifesta-se por:

  • Descamação
  • Ulcerações (feridas) superficiais
  • Mancha branca.

Normalmente, no início, há o aparecimento de uma lesão solitária, que pode se transformar em múltiplas lesões.

Nesses casos, desaparece a nitidez do limite do lábio com a pele ao redor, dando a essa separação um aspecto borrado. (foto 7)

Foto 7: Queilite actínica, onde se observa erosões e placas esbranquiçadas (leucoplasia) em lábio inferior, decorrente da exposição crônica ao Sol.

Se não for tratada, pode evoluir para o carcinoma espinocelular (CEC), identificado a partir da palpação do lábio, onde é detectado uma sensação de endurecimento da base da lesão, ainda na fase precoce da doença.

O surgimento de lesões nodulares (caroços) e feridas mais profundas e persistentes denunciam a evolução para fase mais avançada do CEC. (foto 8)

Foto 8: Carcinoma espinocelular, com lesão elevada,  originada a partir da queilite actínica (lesão esbranquiçada ao redor do tumor).

O carcinoma espinocelular, que surge a partir da queilite actínica, tem mais chance de desenvolver metástase para outros órgãos do que o da ceratose actínica, seu equivalente na pele.

Queilite angular

Também conhecida por perleche ou boqueira, esse tipo de queilite pode ocorrer em qualquer idade, mas é mais frequente nos idosos, em consequência de modificação da arquitetura dos lábios, decorrente da perda dos dentes.

Pode ser causado por infecção pelo fungo cândida e, menos frequentemente, pelas bactérias estafilococo ou estreptococo, além da deficiência nutricional relacionada à vitamina B12 ou de ferro.

Em crianças, está relacionada ao hábito de chupar dedo, lamber os lábios ou morder os cantos deles.

Nos idosos, ocorre a partir do uso de prótese dentária, que gera acúmulo de saliva e um ambiente úmido, ideal para a proliferação do fungo cândida.

Também é frequente em pacientes portadores de AIDS, que também têm maior predisposição a desenvolver candidíase.

Manifesta-se por vermelhidão dos lábios, coberto por escamas esbranquiçadas e fissura (ferida de forma linear) no ângulo dos lábios, geralmente atingindo os 2 cantos da boca. (foto 9)

Foto 9: Queilite angular manifestado por eritema (vermelhidão), escama e fissura (ferida de forma linear) na comissura labial.

Qual o tratamento da queilite?

O tratamento da queilite dependerá diretamente do seu tipo, assim como das manifestações atuais do problema.

Queilite por dermatite de contato alérgica, por irritante e atópica

No caso da  queilite provocada por dermatite de contato alérgica ou por irritante, é fundamental evitar contato com a substância responsável pela irritação, especialmente entre os portadores de dermatite atópica.

Além disso, também é possível aplicar cremes contendo corticosteróide com ação anti-inflamatória para controlar os sintomas. O período dependerá diretamente do caso.

Nos casos de queilite atópica e por irritante primário, pode-se utilizar cremes hidratantes de forma contínua, após controlar a inflamação.

Vale ressaltar que os portadores de queilite por irritante primário devem ser acompanhados por um psicoterapeuta a fim de combater a compulsão do hábito de lamber os lábios, através do uso de medicamentos dirigidos à ansiedade e à depressão.

Queilite por retinóide

Já nos casos de queilite por retinóide, deve-se realizar a consulta com um dermatologista para ser prescrito a aplicação de creme hidratante, após as refeições, até o término do tratamento da acne. 

Queilite solar

Para os casos de queilite solar, deve-se tomar medidas preventivas de exposição ao sol, como:

  • Usar filtro solar, diariamente, para o lábio
  • Utilizar chapéu de aba larga
  • Evitar exposição direta ao sol no horário de maior intensidade dos raios ultravioleta B (10 às 16 horas).

O tratamento dependerá das lesões, assim como dos sintomas dos pacientes. Aqui, no ProntoPele, utilizamos a crioterapia, um método que utiliza jatos muito frios de nitrogênio líquido.

Além disso, também há outras opções disponíveis, como:

  • Aplicação de cremes contendo 5-fluoruracila ou imiquimod
  • Laser
  • Terapia fotodinâmica
  • Vermelhectomia, que consiste na remoção do lábio, recomendada para os casos mais intensos.

É muito importante que o paciente entenda que a exposição prolongada ao sol durante a vida gera um campo cancerizável no lábio, o que permitirá o reaparecimento de novas células de câncer após o tratamento.

Isso quer dizer que todos os pacientes que tiveram queilite solar devem realizar revisões anuais com o dermatologista para identificar essa condição, de forma precoce.

Queilite angular

O tratamento da queilite angular consiste na aplicação de cremes antifúngicos após as refeições ou o uso de antibióticos, dependendo diretamente do caso do paciente.

Também é importante corrigir a oclusão dos dentes e manter a higiene bucal.

Independente do tipo de queilite, deve-se consultar um dermatologista para avaliar qual é a melhor forma de tratamento para o seu caso.

Conte conosco para isso. Entre em contato conosco para agendar sua consulta com um especialista, onde você será atendido, preferencialmente, no mesmo dia de sua ligação.

O que causa a estria e como tratá-la?

Estria é uma forma comum de cicatriz, originada na derme, camada abaixo da primeira camada da pele, a epiderme.

Ela se manifesta por lesão de forma linear, aspecto atrófico e enrugado, com pequenas rugas transversais ao seu maior eixo que desaparecem ao serem puxadas.

Inicialmente, a estria é elevada e tem cor avermelhada ou violácea. Mas, com o passar do tempo, transformam-se no tipo alba, que é branco-nacarada.

Por terem um aspecto inestético, muitas mulheres e homens não se sentem bem por ter essas lesões no corpo.

Continue lendo para saber mais sobre esse problema, entender quais são as suas causas e ver se é possível tratá-lo.

Incidência

A estria é uma cicatriz que pode ocorrer em todo mundo, apesar de ser mais comum nas mulheres durante a gestação.

Nesses casos, 90% das pacientes se queixam desse problema.

Já no sexo masculino, o aparecimento dessa cicatriz é mais rara, mas também pode ocorrer. Cerca de 11% dos homens e 88% das mulheres grávidas relatam o aparecimento de estrias. 

Quais são as causas da estria?

A estria é uma cicatriz que pode ocorrer por diversos motivos, havendo vários fatores envolvidos.

Os mais comuns são aqueles que deixam uma pessoa mais propensa a ter essas lesões na pele, o que é chamado de fatores predisponentes.

Entre os principais, que aumentam a probabilidade de alguém ter estrias, podemos citar:

  • Predisposição genética
  • Obesidade
  • Exercício de musculação
  • Ganho ou perda súbita de peso
  • Tabagismo
  • Gravidez
  • Crescimento rápido durante a adolescência

Medicamentos

Além desses fatores, existem alguns medicamentos que também aumentam as chances dessas lesões aparecem, como:

  • Corticosteróides por via oral ou de uso tópico
  • Quimioterapia
  • Tratamento para tuberculose
  • Neurolépticos

Cirurgias

A realização de alguns procedimentos cirúrgicos também predispõe a estria, como é o caso do implante de silicone nas mamas, o transplante de órgãos, cirurgia cardíaca e qualquer outra que tenha suturas, o que gera tensão nas bordas da ferida.

Durante a gravidez

Como já falado, é muito comum que as mulheres tenham estrias durante a sua gestação.

Dentro desse grupo, há algumas que são mais propensas que as outras. São elas:

  • Com histórico familiar de estrias
  • Gravidez em idade jovem
  • Criança com maior peso ao nascer
  • Prolongamento do tempo de gestação
  • Ganho de peso
  • Presença de estrias na gestação anterior, especialmente nas mamas
  • Excesso de líquido amniótico no útero, chamado de polidrâmnio

Doenças

Algumas enfermidades também estão relacionadas com a estria, como:

  • Síndrome de Marfan
  • Síndrome de Cushing
  • Febre tifóide
  • Febre reumática
  • Doença crônica do fígado

Fatores físicos

Há ainda alguns fatores físicos que estão relacionados com a estria, uma vez que esse problema ocorre quando há o estiramento da pele.

Esse estiramento pode ocorrer pelo aumento da circunferência abdominal durante a gravidez, o aumento rápido de peso, o crescimento repentino em adolescentes e a hipertrofia muscular consequente à musculação.

Vale ressaltar que a predisposição da pele ao surgimento de estrias, submetida à distensão, pode explicar a preferência do surgimento delas em locais específicos.

Fatores hormonais

As grávidas e os portadores da síndrome de Cushing são mais predispostos a desenvolver estrias, decorrente da elevação da relaxina e do cortisol, respectivamente.

Isso é uma consequência da degradação e menor produção do colágeno, assim como de uma maior degradação das fibras elásticas da pele.

Como a estria se manifesta?

Inicialmente, a estria se manifesta com uma lesão linear, edemaciada (inchada) e eritematosa (avermelhada) (foto 1), conhecida como estria rubra.


Foto 1: Estria Rubra no ombro, manifestada por lesão avermelhada e elevada

Esta progride para atrofia, que se manifesta por pele mais fina, deprimida, enrugada e hipocrômica (mais clara), conhecido como estria alba. (Foto 2)


Foto 2: Estria Alba, na face interna do braço, constituída por lesões lineares e esbranquiçadas 

A largura das estrias varia de alguns milímetros até 1 centímetro, sendo especialmente mais largas na síndrome de Cushing.

A evolução da forma eritematosa para a alba ocorre num período de 6 a 10 meses, onde é possível visualizar as duas variedades num mesmo paciente. (Foto 3)


Foto 3: Combinação de estria rubra (A) e Alba (B)

Nas grávidas, surge no segundo e terceiro trimestres da gravidez, havendo uma preferência pelos seios, abdômen e coxas.

À medida que a pele envelhece, a atrofia da estria se acentua, coincidindo com a atrofia natural do envelhecimento.

Existe uma tendência a uma distribuição simétrica, coincidindo com as linhas de tensão da pele das diversas partes do corpo, como o ombro.

É mais frequente no abdômen (foto 4), seios (foto 5), coxas, parte inferior das costas (foto 6), face interna dos braços, quadril, axilas e nádegas.


Foto 4: Múltiplas estrias do tipo rubra, manifestado por lesões avermelhadas lineares no abdômen, comum durante a gravidez.

Foto 5: Estria rubra em mama

Foto 6: Múltiplas estrias do tipo rubra, em região lombar, muito comum nos adolescentes

A aplicação de corticosteroides na pele, especialmente os de alta potência anti-inflamatória, gera estria nas dobras de axilas e virilhas, locais que favorecem maior penetração do medicamento na pele em decorrência da oclusão natural dessas superfícies.

Como tratar a estria?

Não existe comprovação científica da prevenção da formação de estrias, especialmente durante a gravidez, por meio da aplicação de cremes.

O tratamento das lesões que surgem durante a gravidez deve ser realizado após o parto, uma vez que não existe certeza que o medicamento utilizado não compromete o feto.

Em todos os casos, o tratamento visa melhorar a aparência da pele por meio da aproximação da cor e da textura ao da pele normal. Isso quer dizer que não há como apagar totalmente a estria.

Além da aplicação de cremes, também há outras opções que podem tornar as lesões menos aparentes:

  • Aplicação de laser
  • Uso de derivado da vitamina A
  • Microagulhamento isolado ou associado a radiofrequência
  • Dermoabrasão superficial
  • Fototerapia
  • Peelings químicos
  • Luz intensa pulsada
  • Radiofrequência
  • Laser infravermelho
  • A  nossa maior experiência no tratamento de estria é com o microagulhamento, procedimento com bons resultados estéticos e custo não tão elevado

Apenas um dermatologista poderá avaliar o seu caso para identificar qual é o método de tratamento mais recomendado.

Entre em contato conosco para agendar uma consulta e combata as suas estrias da melhor forma possível.