Ceratose actínica: saiba mais sobre essa doença

Dr. Sergio Paulo

Ceratose actínica é uma doença da pele considerada pré-maligna. Ela é causada pela exposição ao sol.

Sua manifestação ocorre através de manchas escuras e claras nas partes do corpo que ficam mais expostas à radiação solar.

Geralmente, a doença não se torna maligna e o tratamento consegue suavizar os sintomas.

Incidência da ceratose actínica

Ela é a quarta maior causa de visita ao dermatologista.

A incidência aumenta com a idade, chegando a atingir 80% das pessoas na faixa etária de 60 a 69 anos, consequente ao efeito cumulativo do sol, especialmente as de pele branca, olhos azuis e cabelo claro.

É mais frequente no sexo masculino, provavelmente, consequente à maior exposição ao sol.

Também apresenta mais frequência em regiões com maior intensidade de sol, ou seja, países que estão geograficamente localizados próximo à Linha do Equador como o Brasil, especialmente se a exposição solar começar antes de 20 anos.

O que causa a ceratose actínica?

A causa da ceratose actínica é a radiação ultravioleta B, energia emitida pelo sol, que gera alterações nas células da epiderme, parte mais superficial da pele, suficiente para iniciar o processo de câncer.

Porém, ela ainda não é considerada um verdadeiro câncer já que para isso ocorrer é necessário que essas células malignas invadam a derme, parte mais profunda da pele, onde tem vasos sanguíneos e linfáticos, responsáveis pelas metástases cutâneas.

O papel do sol na indução da ceratose actínica é comprovado por atingir pessoas menos protegidas pelo sol, caracterizado pela pele branca, olhos azuis e cabelos claros.

 Ela afeta mais:

  • indivíduos que sofreram queimadura solar na infância
  • profissionais mais expostos ao sol, como marinheiros e agricultores
  • pessoas que não usam filtro solar
  • pessoas que estão em países com maior incidência da irradiação solar
  • população branca
  • doentes portadores de doenças hereditárias que demonstram maior sensibilidade ao efeito carcinogênico do sol, como o albinismo.

Além disso, pessoas que têm menor imunidade por doenças, como a AIDS, ou por uso de medicamentos que deprimam a imunidade, como nos submetidos a transplante de órgãos, também têm maior tendência a desenvolver ceratose actínica.

Manifestações clínicas

A ceratose actínica surge na pele mais exposta ao sol nos homens calvos, rosto, pescoço, dorso das mãos, antebraços e pernas (principalmente nas mulheres).

Geralmente aparecem como manchas avermelhadas e menos frequentemente como manchas mais escuras cobertas por escamas aderentes e estas responsáveis pelo aspecto áspero ao toque. Seu tamanho varia de milímetros até 2 centímetros.

Ceratose actínica na cabeça

As lesões surgem em pele que mostram sinais de agressão crônica, como manchas escuras e claras, além de aspecto mais fina, ou seja, atrófica.

No couro cabeludo, dorso das mãos e antebraços, as lesões tendem a ter escama mais espessa e consequentemente serem mais elevadas.

O lábio inferior apresenta aspecto áspero, com escamas, esbranquiçado e com feridas

Queilite actínica (lesão pré-cancerosa no lábio)

e o câncer de pele que surge tem maior possibilidade de metástase do que o que se origina na pele.

A capacidade da ceratose actínica progredir para um verdadeiro câncer de pele, o carcinoma espinocelular, é baixa.

Esse poder de transformação maligna é comprovado pelo fato de 60% desse câncer de pele se originar a partir da ceratose actínica.

A capacidade de metástase desse carcinoma espinocelular é de aproximadamente 8%.

Essa transformação maligna é denunciada pelo surgimento de:

  • dor,
  • ulceração (ferida),
  • crescimento rápido,
  • inflamação.

Além da probabilidade de transformação maligna, a ceratose actínica pode regredir espontaneamente, principalmente se diminuir a exposição solar ou for incrementado a aplicação de filtro solar regularmente, ou permanecer como lesão pré-maligna.

Apesar da maioria das lesões de ceratose actínica não evoluir para câncer de pele, sua presença denuncia uma pele que foi muito exposta ao sol, especialmente em idosos.

Portanto, representa um marcador de risco de surgir câncer de pele em qualquer local exposto ao sol como, além do carcinoma espinocelular, outros tipos de câncer como o carcinoma basocelular e o melanoma em locais independentes da ceratose actínica.

As regiões mais susceptíveis de ocorrer transformação maligna são o lábio inferior, orelhas e couro cabeludo.

Como é feito o tratamento?

Preventivamente, deve usar filtro solar diariamente, independentemente de exposição solar direta e iniciar essa aplicação meia hora antes de sair de casa e reaplicar a cada 2 horas, independentemente de exposição direta.

O filtro solar deve conter substâncias que protejam a pele tanto para radiação ultravioleta B como também contra a ultravioleta A.

Também é recomendado utilizar boné de aba larga e proteger a parte posterior da cabeça.

Indo à praia, se proteger com guarda-sol, usar óculos escuro e adaptar uma sombrinha ao carrinho do bebê. Usar camisas anti UV quando for se expor diretamente ao sol.

É fundamental iniciar a proteção solar a partir dos 6 meses de vida.

O mais importante é que todas essas medidas de proteção podem resultar no desaparecimento da ceratose actínica.

A escolha do tratamento específico depende da quantidade de lesões e deve ser definida por um especialista.

Quando apresentam poucas lesões deve ser aplicado o nitrogênio líquido (crioterapia) durante 5 minutos, uso de curetagem (raspado) associado ou não ao aparelho de eletrocoagulação.

Quando o paciente apresenta muitas lesões, é preferível a aplicação de 5 fluoruracila ou de imiquimod, a terapia fotodinâmica, o peeling de média profundidade, o criopeeling e o laser ablativo de CO₂ ou de erbium.

A vantagem desses últimos tratamentos é de atingirem também as lesões escondidas (subclínicas). O peeling e o laser apresentam a vantagem adicional de rejuvenescerem a pele.

Preventivamente, antes e após o tratamento, devem ser aplicados, além de filtro solar, cremes de ácido retinoide como a tretinoína e o adapaleno.

Esses cremes de ácido retinoide, além de combaterem a ceratose actínica, rejuvenescem a pele, sendo mais eficaz a tretinoína.

Vale ressaltar que o tratamento só deve ser iniciado após a prescrição médica. A automedicação pode ter um efeito contrário ao desejado e agravar a doença.

Agora que você já sabe mais sobre a ceratose actínica e a importância do filtro solar para tratá-la e preveni-la, que tal continuar a leitura e saber mais sobre como se proteger do sol de maneira eficaz?