Varicela (catapora): qual sua relação com o herpes zoster?
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O vírus varicela-zoster pode causar dois tipos de manifestações: a inicial como varicela, conhecida popularmente como catapora e, em consequência de permanecer vivo no sistema nervoso, em estado de latência, recidiva, como herpes zoster, de forma mais localizada, favorecido pela diminuição da imunidade.
Nesse artigo abordaremos a incidência, a transmissão, as manifestações clínicas e o tratamento da varicela (catapora).
Qual o mecanismo de adoecimento da varicela?
O vírus varicela-zoster pertence a um dos 8 tipos de herpes vírus e tem distribuição em todo planeta.
É muito contagiosa e, em consequência disso, a pessoa infectada tem capacidade de contaminar mais de 90% dos familiares.
A transmissão ocorre através da fala ou contato do líquido da vesícula (bolhinha d’água) com a pele de outra pessoa.
O vírus se multiplica no local de sua penetração e nos gânglios linfáticos (ínguas) da região próxima ao local de introdução dele, entre o quarto e sexto dia após a contaminação.
O período de incubação varia de 14 a 16 dias.
O tempo de infectividade varia entre 48 horas que antecede as manifestações cutâneas até a fase em que as vesículas (bolhinhas d’água) se transformam em crostas (casquinhas).
Raramente pode ocorrer reinfecção evidente, embora seja frequente de forma subclínica (sem manifestação clínica).
Como a varicela se manifesta?
É mais frequente nas crianças e geralmente é de intensidade leve nos indivíduos com a saúde (imunidade) preservada.
Porém, pode ter comportamento agressivo e até comprometer a vida nos adolescentes e adultos e naqueles com a imunidade comprometida por doença como a AIDS, por medicamentos como os submetidos à quimioterapia e a corticosteroide.
As manifestações da doença iniciam-se após 15 dias do contágio, através de febre, sensação de mal-estar, dor de garganta e perda do apetite.
Dentro das primeiras 24 horas, surgem manchas avermelhadas que se transformam rapidamente em pápulas (carocinhos) e, estas, logo em seguida, em vesículas (bolhinhas d’água) e algumas destas em pústulas (bolhinhas de pus). Finalmente, nestas 2 últimas lesões, os seus conteúdos líquidos secam, se transformando em crostas.
A evolução é do surgimento de novas lesões, resultando em vesículas misturadas com crostas.
A formação de vesículas cessa no quarto dia e a maioria das lesões se transforma em crostas no sexto dia.
As crostas são eliminadas no período de uma a duas semanas e substituídas por manchas com tonalidade mais clara (hipocrômicas) do que a pele normal.
Localizam-se no rosto, no tronco e nos membros e a sensação de coceira (prurido) é frequente.
Qual o impacto da vacinação na varicela?
- As manifestações são mais discretas: febre menos intensa e menor quantidade de lesões cutâneas.
- As manifestações dermatológicas são mais atípicas, através de manchas, pápulas e sem vesículas.
- As complicações são menos frequentes, sendo raro as neurológicas (encefalite)
Quais são as complicações da varicela?
- Infecções bacterianas: erisipela, celulite e infecções mais graves como miosite (infecção nos músculos), fasciíte necrotizante e a síndrome do choque tóxico.
- Neurológicas: encefalite e síndrome de Reye. Esta última, é consequente à ingestão do ácido acetil salicílico. Menos frequentemente pode ocorrer meningite asséptica e hemiplegia.
- Pneumonia: incomum em crianças com a imunidade preservada, porém é frequente nos adultos, numa incidência de um em cada 400 casos. Contribui com a maioria dos casos de morte nos adultos, entre 10 e 30%. Felizmente, se tornou incomum naqueles que são vacinados contra a doença.
Fatores de risco para pneumonia:
- Fumo
- Gravidez
- Pacientes imunodeprimidos
- Sexo masculino
- Hepatite: é raro nas pessoas com a imunidade preservada, porém, é frequente e até fatal naqueles com a imunidade comprometida, geralmente pela AIDS e transplantados de órgãos.
A vacina para varicela diminuiu muito os casos graves da doença
Como é o tratamento da varicela?
A obrigação de utilizar medicamento antiviral é dependente de:
- Idade do paciente: crianças com idade superior a 12 anos
- Pacientes com alto risco de complicações como gravidez, não vacinados, adultos e imunocomprometidos
- Tipo de manifestação da doença
Geralmente, não deve ser tratado com antiviral, por via oral, os casos sem complicações, já que o benefício na evolução da doença é modesto.
O antiviral deve ser utilizado por via endovenosa nos pacientes portadores de complicações.
Medidas de suporte no tratamento:
Cortar as unhas 2 vezes por semanas para evitar escoriações, que é impulsionado pelo prurido, prevenindo infecção bacteriana na pele.
Usar anti-histamínico que gere sonolência para aliviar a coceira.
Ingerir medicamento para controlar a febre, exceto ácido acetil salicílico para evitar a síndrome de Reye, grave complicação da varicela.
Naqueles casos com risco de complicações, os antivirais (aciclovir, valaciclovir e fanciclovir), devem ser iniciados durante as primeiras 24 horas da doença.
Os adultos devem ser obrigatoriamente tratados com antiviral, mesmo os que tenham sido vacinados, já que são predispostos a desenvolver as complicações da doença, além de que a enfermidade desaparece mais rapidamente.
O valaciclovir apresenta a vantagem sobre o aciclovir pelo menor número de doses diárias
O fanciclovir é menos eficaz do que os demais.
O tratamento deve ter duração de 5 a 7 dias, podendo se prolongar até 7 a 10 dias, se as crostas demorarem a desaparecer.