Doença mão-pé-boca: descubra como identificar e tratar
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A doença mão-pé-boca é provocada pelos vírus enterovírus e coxsakievírus, transmitidos através da ingestão de fezes ou pela fala.
Manifesta-se na pele através de erupção maculopapular (manchas avermelhadas associadas a carocinhos) ou pápulas (carocinhos) associadas a vesículas (bolhinhas d’água) nas mãos e nos pés, além de feridas (ulcerações) na boca
Nesse artigo, descreveremos a transmissão, as manifestações clínicas, as complicações, além do tratamento da doença.
A doença mão-pé-boca é frequente?
É uma doença comum na infância, principalmente em menores de 5 anos de idade. Isso é devido à ainda imaturidade do sistema imunológico e a tendencia ao agrupamento das crianças e consequente maior chance de transmissão da doença.
Em países de clima tropical, a doença acontece durante todo o ano, ao contrário dos de clima frio, onde é mais frequente no inverno.
Pediatras e outros profissionais de saúde, que trabalham com crianças, são mais propensos a adquirir a enfermidade.
Não há diferença de incidência entre os gêneros.
Qual a causa da doença mão-pé-boca?
É causado pelos enterovírus, classificados em 4 grupos: A, B, C e D, existindo mais de100 subtipos.
No passado, o EVA71 e AVC16 foram os mais frequentes. Atualmente, outros subtipos têm sido identificados, como o AVC6 e o AVC10.
Como a doença mão-pé-boca é transmitida?
O ser humano é o único portador do vírus.
A transmissão ocorre através do contato oral com fezes contaminadas (o vírus pode permanecer viável nas fezes entre 4 e 8 semanas). É, portanto, mais fácil a transmissão em locais onde a população não tem acesso à água potável.
Outra maneira de transmissão é através das vias respiratórias (por gotículas de saliva no ar).
O período de incubação é de 3 a 6 dias.
O contágio é mais intenso na primeira semana da doença, após o início dos sintomas.
Os portadores da infecção ainda sem sintomas (assintomáticos), dificultam a prevenção da doença, que deve ser realizado através do isolamento das pessoas susceptíveis de adquiri-la
Fatores que contribuem para a transmissão da doença mão-pé-boca:
- Altas e baixas temperaturas, além da alta umidade ambiental
- Poluição ambiental
- Alta velocidade do ar
- Diminuição da camada de ozônio
- Alta densidade populacional nas grandes cidades
- Baixo nível educacional da população, que gera menor cuidado na transmissão da doença (hábito de lavar as mãos) e de poder aquisitivo, gerando maior facilidade de contágio por ser obrigada a viver em casas de pequeno tamanho, abrigando grande número de pessoas.
- Reuniões prolongadas das crianças em creches e escolas
Fatores que contribuem para evitar a gravidade da doença mão-pé-boca:
- Médicos qualificados para tratar precocemente a doença
- Hospitais com alta qualidade de equipamentos
- População educada o suficiente para procurar o médico logo no início da doença
- O aleitamento materno fortalece a imunidade da criança.
Como se manifesta a doença mão-pé-boca?
As lesões cutâneas, acompanhadas, na maioria dos casos, por febre de baixa intensidade, se caracterizam por erupção tipo manchas avermelhadas que podem evoluir para pápulas (carocinhos) (foto 1) ou estas associadas a vesículas (bolhinhas d’água), porém mantendo as citadas manchas na periferia das lesões (fotos 2 e 3).
Localizam-se no dorso das mãos e dos pés, palmas e plantas, além do rosto (foto 4) e nádegas.
Também pode surgir ulcerações (feridas) dolorosas na boca e, afetando tipicamente sua porção posterior (palato mole) e, menos frequentemente, a língua e outras partes da boca.
A dor, correspondente às feridas na boca, pode ocasionar desidratação, decorrente da recusa em ingerir líquido.
As lesões desaparecem entre 7 e 10 dias, sem deixar cicatrizes.
Em fase posterior, entre 1 e 2 meses após a infecção e durando 1 a 8 semanas, pode surgir descolamento das unhas do leito ungueal das mãos e dos pés e eliminação delas, além depressões horizontais na superfície delas.
Quais as complicações da doença mão-pé-boca?
Apesar de raras, as crianças, especialmente as de menos de 5 anos de idade, podem manifestar as seguintes sequelas neurológicas:
- Meningite asséptica (sem infecção)
- Paralisia do nervo facial
- Fraqueza e atrofia dos membros
- Disfagia (dificuldade em engolir alimentos)
- Convulsão
- Déficit de atenção e hiperatividade
- Comprometimento das habilidades da fala e da linguagem
- Deficiência visual em apenas um olho
Como a doença mão-pé-boca é prevenida e tratada?
A prevenção é realizada através da lavagem das mãos e desinfecção de fômites (vestuário, escova de cabelo, celular, corrimão).
A China desenvolveu uma vacina eficaz contra apenas o subtipo EV-A71, resultando em grande diminuição da incidência da doença, com taxa de imunização de 97,4% da população.
Infelizmente, a vacina não resulta em proteção contra os outros subtipos do vírus.
Ainda não existe unanimidade em relação ao uso dos medicamentos antivirais. Portanto, ainda não são utilizados como rotina.
O tratamento é dirigido ao combate da febre, da dor e da manutenção da hidratação.
A imunoglobulina intravenosa pode diminuir o tempo de duração da febre e das lesões na pele. É também indicada nos casos graves da doença.