Foliculite queloideana da nuca
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A foliculite queloideana da nuca, impropriamente também conhecida como acne queloideana da nuca, é uma doença rara da pele, resultante da inflamação e cicatriz do pelo, localizada, geralmente, na parte posterior da cabeça e na nuca.
Essa inflamação do cabelo pode determinar perda definitiva dele, em consequência do surgimento de cicatriz.
Surgem carocinhos (pápulas), semelhante ao queloide, pústulas (bolhinhas de pus) e destruição definitiva do pelo em consequência da formação de queloide.
Afeta mais o sexo masculino e pessoas de pele escura, cursando com coceira e dor, além do aspecto muito antiestético.
Nesse artigo, vamos lhe informar sobre a frequência, etiologia, manifestações clínicas, outras doenças associadas e o tratamento.
A foliculite queloideana da nuca é frequente?
Essa inflamação do cabelo é 20 vezes mais frequente nos homens.
A incidência é muito maior na raça negra, entre 0,5 e 13,6% dos membros dessa população.
É a forma clínica mais frequente de alopecia cicatricial em homens negros.
Decorre de o fio do cabelo ser enrolado (crespo).
A incidência começa a se elevar após a adolescência e, raramente, acontece após os 50 anos de idade.
Qual a causa da foliculite queloideana da nuca?
Não é bem conhecido o que gera essa inflamação do pelo.
Fatores que predispõem à foliculite queloideana da nuca:
- Predisposição genética pelo fato de as pessoas da raça negra serem muito mais susceptíveis.
- O traumatismo na pele contribuí para o início da foliculite por facilitar a penetração na pele do pelo tipo encaracolado, através de:
- Corte do cabelo muito curto e frequente.
- Fricção do colarinho da camisa, do capacete e do chapéu apertado
- Cutucar, esfregar e arranhar a pele.
- O calor e a umidade no ambiente
- Herpes zoster
- Uma reação imunológica exacerbada à presença de micro-organismos que habitam a pele normal, como os microrganismos dermodex, fungos e bactérias, pode contribuir para desencadear a inflamação do fio de cabelo.
- Autoimunidade: perda da capacidade do sistema imunológico de reconhecer o fio de cabelo como pertencente ao próprio indivíduo.
- Excesso do hormônio testosterona
- Seborreia denunciada pelo cabelo muito oleoso
- Obesidade predispõe aos casos mais graves
- Alguns medicamentos como ciclosporina, tacrolimo, carbamazepina e difenilhidantoína.
Como a foliclite queloideana da nuca se manifesta?
Afeta predominantemente o local mais inferior da parte posterior do couro cabeludo (região occipital), menos frequentemente a nuca e, raramente, outras áreas do couro cabeludo.
Inicialmente, surgem pápulas (carocinhos) avermelhadas e eritema (mancha avermelhada). A pápula pode sofrer infecção bacteriana, transformando-se em pústulas (bolinhas de pus), conhecida como foliculite e abscessos, especialmente quando continua havendo traumatismo no local.
Pode surgir escoriações (arranhões) decorrentes do ato de coçar a pele, além de crostas, e estas, resultantes do ressecamento de pus e de sangue.
À medida que os surtos vão se repetindo, a inflamação do folículo vai se tornando mais intensa, evidenciado por placas de abscessos, que drenam pus através de fístulas.
Nos surtos seguintes, a inflamação vai se transformando em pápulas (carocinhos) de queloide (foto 2), que tendem a confluir e formar placas, indistinguíveis do queloide, podendo atingir grandes dimensões, de aspecto muito antiestético (foto 3).
A destruição definitiva dos pelos, após surtos de inflamação dos fios capilares, é acompanhada por cicatriz (foto 4).
Sobre as cicatrizes, já com destruição definitiva dos folículos pilosos, pode emergir vários pelos agrupados, a partir de um único orifício de pelo, conhecido como politríquia (foto 5).
Os pacientes podem ou não referir sensação de coceira (prurido), queimor e dor, especialmente quando associado à pústula.
É uma doença com evolução longa (crônica), cursando com episódios de inflamação e tendencia a cicatrizes definitivas e, consequente, alopecia irreversível.
Não existe predisposição em desenvolver queloide em outras partes do corpo.
A foliculite queloideana da nuca pode estar associada a outras doenças?
Essa inflamação do cabelo pode se associar à síndrome metabólica em 37% dos pacientes, causa mais frequente de morte em todo o mundo, gerada pelo deposito de gordura nos vasos sanguíneos e que, frequentemente, gera infarto agudo do miocárdio e acidente vascular cerebral (derrame).
Faz parte da síndrome metabólica:
- Obesidade (21%)
- Diabetes mellitus tipo 2 (11,6%)
- Hipertensão arterial (14%)
- Aumento dos lipídeos (gorduras) colesterol e triglicerídeo no sangue. Essas alterações são mais frequentes quanto mais severo for a gravidade da foliculite queloideana da nuca.
Pode ocorrer transmissão de microrganismos, como o vírus da AIDS, através do sangue do local e consequente contaminação do aparelho de cortar o cabelo, já que as lesões sangram facilmente com mínimo traumatismo e o barbeiro, geralmente, não esteriliza o objeto antes de reutilizá-lo.
Também pode se associar às seguintes doenças da pele:
- Hidradenite supurativa
- Ceratose folicular espinulosa decalvante
- Foliculite decalvante
- Alopecia androgenética
- Foliculite cicatricial central centrífuga
Foliculite queloideana da nuca: é necessário algum exame complementar para o diagnóstico?
O diagnóstico dessa inflamação do pelo é baseado apenas nas manifestações clínicas.
Quando existe suspeita de infecção bacteriana associada à foliculite, pode ser realizada cultura bacteriológica combinada com antibiograma, para escolher o melhor antibiótico.
Como tratar a foliculite queloideana da nuca?
Evitar os fatores que exacerbam a doença, citados anteriormente.
Os casos leves, onde existe apenas as lesões ainda com pouca inflamação, aplicar cremes com capacidade anti-inflamatória (corticosteroides) ou com antibióticos e até a combinação das duas substâncias no mesmo creme.
Quando a inflamação da pele é muito intensa, se impõe a ingestão de antibióticos, preferencialmente os derivados da tetraciclina, os quais têm, além de atividade antibacteriana, também anti-inflamatória.
A fototerapia, que consta da irradiação da pele com a luz ultravioleta, derivada de um aparelho (o paciente entra numa cabine,) pode ser eficaz porque essa irradiação combate a inflamação e a formação de cicatrizes
Quando a lesão atinge grande dimensão e que não responde aos tratamentos citadas anteriormente, se recorre às seguintes medidas:
- Ingestão da isotretinoina (roacutan)
- Aplicação de laser a fim de destruir os pelos
- Crioterapia (aplicação de nitrogênio líquido)
- Remoção cirúrgica de toda lesão e sutura ou, se não conseguir aproximar as bordas e suturar, remover através de excisão ou de eletrocoagulação e deixar cicatrizar por segunda intenção.
A recidiva, se for removido até a profundidade da lesão, atingindo a gordura, tem baixa incidência.