Saiba mais sobre larva migrans, conhecida como bicho geográfico

A larva migrans é uma doença de pele que também pode ser chamada de dermatite linear serpiginosa, bicho geográfico ou de praia e verme da areia.

Ela se manifesta por um trajeto cutâneo eritematoso (avermelhado), migratório linear ou com contorno sinuoso.

Apesar de ocorrer em todo o mundo, é mais encontrada nos países de clima quente, especialmente nos tropicais e subtropicais, como o sudoeste dos Estados Unidos, Caribe, África, América Central e do Sul, Índia e sudeste da Ásia.

As larvas causadoras da doença são encontradas em praias arenosas.

Continue lendo o nosso post e tire todas as suas dúvidas sobre a larva migrans, conhecida popularmente como bicho geográfico.

Qual a causa da larva migrans?

A transmissão da larva migrans ocorre através do contato com a areia contaminada pelas fezes de gatos e cães.

É facilitada na época de chuvas, já que é disseminada pela dissolução das fezes desses animais, facilitando a eclosão dos ovos e a penetração das larvas na pele dos indivíduos.

O Ancylostoma braziliense é o agente etiológico mais frequente. Em seguida vem:

  • Ancylostoma caninum
  • Uncinaria
  • Bonostomum
  • Phebotomum stenocephala

Os ovos são eliminados nas fezes do hospedeiro definitivo (cão ou gato). Sob condições favoráveis de umidade, calor e sombra, as larvas rabdiformes eclodem dos ovos em 1 a 2 dias.

Tornam-se larvas filariforme que representam a forma infectante, podendo sobreviver 3 a 4 semanas no solo antes de penetrar na pele.

A pessoa pode ser infectada quando as larvas filariformes do solo penetram na parte mais superficial da pele (epiderme) e aí permanecem pelo fato da larva não conter a enzima colagenase, necessária para facilitar a penetração na parte mais profunda da pele (derme). 

Mesmo assim, a presença delas induz uma reação inflamatória ao longo da migração na pele.

Manifestações clínicas da larva migrans

As lesões da larva migrans se localizam na pele mais exposta ao solo como pés, pernas e nádegas e, menos no tronco e extremidades superiores.

A primeira manifestação é o surgimento de pápula (carocinho), que pode ser em abundância, proporcional ao contato da pele com solo contaminado com alto número de larvas.

Larva migrans

Após alguns dias, a larva começa a se deslocar na pele, gerando uma lesão linear, elevada, eritematosa (avermelhada), serpenteante.

Larva migrans (bicho geográfico) no pé
Larva migrans (bicho geográfico) no pé

As lesões serpiginosas, ou seja, com contorno sinuoso, se desenvolvem de 2 a 6 dias após a exposição.

As larvas migram vários milímetros ou até alguns centímetros por dia. Por  isso, as lesões medem 3 milímetros de largura e podem ter até 15 a 20 milímetros de comprimento.

O prurido (coceira) pode ser tão intenso ao ponto de perturbar o sono.

Quando a reação alérgica ao parasita é maior, gera vesículas e até bolhas, frequentemente localizadas entre os dedos e planta dos pés, manifestação muito menos frequente da doença.

Larva migrans (bicho geográfico) com bolhas

Há ainda a possibilidade da doença sofrer complicações com infecção bacteriana como o impetigo. Nesses casos, o diagnóstico se torna mais difícil por esconder as lesões características da larva migrans.

Larva migrans com infecção por bactérias

Tratamento da larva migrans

Ao identificar alguma manifestação da larva migrans, recomenda-se uma consulta com um médico especializado. Apenas ele poderá identificar se há complicações e quais são os melhores tratamentos.

Os casos com poucas lesões e que não atingem pele espessa, como a planta dos pés, devem ser tratados através da aplicação de pomada contendo tiabendazol.

Na situação de lesões em grande número e na planta dos pés, pode-se utilizar o tiabendazol, o albendazol e a ivermectina, por via oral, sendo preferível o último pelo menor risco de efeitos colaterais.

Vale ressaltar que a automedicação é prejudicial para a saúde. Sempre consulte um especialista para fazer um bom tratamento.

Agora que você sabe identificar a larva migrans, continue a leitura e tire todas as suas dúvidas sobre a teledermatologia.

Dermatofitoses: conheça essa infecção fúngica da pele, unhas e cabelos

A dermatofitose é uma infecção produzida por fungos conhecidos como dermatófitos, por isso, tem esse nome.

Esses fungos se alimentam da ceratina, substância proteica existente na pele, unhas e cabelo.

A infecção é mais comum de ocorrer em homens e durante as estações quentes, como o verão.

Continue lendo o nosso post e saiba mais sobre a dermatofitose!

O que causa a dermatofitose?

Como já citado, a causa da dermatofitose são os fungos chamados dermatófitos. Eles habitam naturalmente o solo, os animais e o homem.

A contaminação do indivíduo a partir dessas fontes geram infecções denominadas de geofílicas, zoofílicas e antropofílicas, respectivamente.

As espécies geofílicas vivem no solo e, eventualmente, parasitam o homem.

As espécies zoofílicas provocam dermatofitose (impinge) nos animais e raramente invadem o homem, enquanto as antropofílicas parasitam preferencialmente o homem.

A transmissão pode ocorrer também através de objetos como travesseiro, escova, brinquedos e telefone.

A importância de identificar a fonte de infecção é fazer a prevenção de reinfecção. A de origem antropofílica, por ser mais adaptada à pele do homem, gera menor reação inflamatória (menor intervenção do sistema de defesa da pessoa) e, consequentemente, maior resistência ao tratamento.

Incidência da dermatofitose

A dermatofitose é mais comum no sexo masculino.

Em relação à idade, é quase exclusiva no couro cabeludo nas crianças e predomina nos pés, unhas e virilhas no adulto.

As pessoas com diminuição da imunidade, como a AIDS, são mais predispostas a desenvolver a dermatofitose.

Ambientes fechados que facilitam a transmissão, como as creches e tripulações de navio, também são mais susceptíveis. São mais comuns no verão e no outono.

O uso de sapato fechado favorece a instalação de dermatofitose pela maior umidade local e explica a menor incidência entre os índios.

Manifestações clínicas da dermatofitose

Veja quais são as manifestações clínicas mais comuns da dermatofitose:

Tinha do couro cabeludo

Predomina nas crianças e nas populações pobres.

Caracteriza-se por placas com perda de cabelo, com quebra do cabelo rente ao couro cabeludo, permanecendo pequenos cotos dele, associado à descamação do couro cabeludo.

Tinha da cabeça

Pode evoluir para inflamação, denunciada pela presença de eritema (vermelhidão) e pústulas (bolhinhas de pus), associada aos fungos oriundos do solo e de animais, pouco adaptados à pele do homem.

Quando ainda não havia tratamento, curava espontaneamente com a chegada da puberdade por influência da produção de sebo (gordura) no couro cabeludo estimulada pelos hormônios sexuais.

Tinha do corpo

Acomete, preferencialmente, a pele que não é coberta pela roupa.

Caracteriza-se, inicialmente, por uma pápula (carocinho) que tende a crescer centrifugamente,

Tinha do corpo anular inicial

com tendência à involução no centro da lesão e crescimento nas bordas, as quais são constituídas por vesículas, escamas, crostas hemáticas (conteúdo de sangue) e infiltração (elevação) da pele, constituindo a forma anular.

Tinha do corpo anular

Tinha inguinocrural

Essa manifestação clínica da dermatofitose localiza-se na virilha e tem o mesmo aspecto da tinha do corpo, porém tem mais prurido (coceira) e predomina no sexo masculino.

Frequentemente, representa uma extensão da tinha dos pés.

Tinha dos pés

Representa a forma clínica da dermatofitose mais frequente.

Acomete preferencialmente o quarto espaço entre os dedos, constituído de eritema (vermelhidão) coberto por escama esbranquiçada consequente à maceração pelo suor  e com fissura (ferida de forma linear).

Tinha do pé interdigital

Esta última pode representar porta de entrada para a bactéria estreptococo, responsável pela instalação da erisipela, uma doença infecciosa, na perna.

Também pode acometer a planta dos pés e ser manifestada por vesículas, a forma aguda,

Tinha do pé aguda

ou eritema (vermelhidão) e escamas, forma crônica plantar, que representa uma extensão da tinha entre os dedos dos pés.

Tinha do pé plantar

Tinha das mãos

Essa manifestação é rara, apesar de poder acontecer de forma isolada, ou representa extensão da tinha dos pés. Quando acomete o dorso das mãos, mantém as características da forma anular da tinha do corpo.

Tinha da mão

Porém quando a palma das mãos é afetada, perde essas características, manifestado por eritema e escamas, estas mais evidentes nas linhas da pele.

Tinha da mão

Tinha das unhas

É consequência da contaminação a partir da tinha dos pés.

Manifesta-se pelo engrossamento das unhas, alteração da coloração (manchas amareladas) e descolamento da unha. Este, cria um espaço, manifestado pela cor esbranquiçada na extremidade distal da unha. A unha do primeiro dedo (dedão) é a mais afetada.

Tinha da unha

Raramente acomete a unha das mãos.

Tratamento da dermatofitose

O tratamento deve ocorrer apenas após ser realizado um exame de laboratório que confirma o diagnóstico.

Esse exame é chamado de exame micológico e ocorre pela colheita de material e análise imediata ao microscópio. Também é realizado a cultura micológica, procedimento que demora duas semanas e identifica a espécie do fungo.

O tratamento tópico, utilizando creme, é indicado para os casos localizados na pele e de pequena extensão como virilhas, entre dedos dos pés e pele exposta.

Os casos acometendo grande extensão da pele, unhas, cabelo e planta dos pés, deve ser administrado antifúngico por via oral, cujo tempo de tratamento pode variar de acordo com cada localização.

A droga de uso tópico mais eficaz é a terbinafina, porém a amorolfina, os derivados amidazólicos e o ciclopirox são também eficientes.

A indicação do tratamento tópico é de evitar a disseminação da doença para outras partes do corpo, para outras pessoas e para impedir uma infecção bacteriana secundária.

Os medicamentos utilizados por via oral são a terbinafina, griseofulvina, itraconazol e fluconazol, sendo o primeiro o mais eficaz.

Apenas um médico especializado pode analisar a infecção e determinar o melhor tratamento para cada paciente. A automedicação não é recomendada e pode ter um efeito contrário do desejado.

Agora que você já sabe mais sobre a dermatofitose, continue lendo no nosso blog e se informe sobre a pele seca.

Pediculose: saiba mais sobre essa doença causada por parasitas

A pediculose é causada por parasitas que se comportam como hospedeiros muito específicos da pele por viverem toda sua vida à custa de sugar o sangue do homem.

Ela pode ocorrer por três diferentes espécies:

  • Pediculus humanus capitis – pediculose da cabeça: o piolho da cabeça
  • Pediculus humanus humanus – pediculose corporis: o piolho do corpo
  • Pthirus púbis – pediculose púbica: o piolho da região pubiana, conhecido como Chato

Continue lendo o nosso post e saiba mais sobre esses três tipos de pediculose.

Pediculose da cabeça

É uma doença muito frequente em todo o mundo e não poupa nenhuma classe socioeconômica.

As mulheres, as crianças e as pessoas de pele clara são as mais afetadas.

O que causa a pediculose da cabeça?

A fêmea do parasita vive durante 30 dias, suga o sangue do hospedeiro no couro cabeludo e na pele ao redor, através de peças bucais e se prendem firmemente ao pelo.

Elas também eliminam ovos durante esse período, conhecidos como lêndeas, que aderem firmemente ao fio de cabelo.

O piolho adulto pode sobreviver até 55 horas fora do hospedeiro, mas, geralmente, se torna inviável muito antes de morrer.

A transmissão principal é através do contato com a cabeça do indivíduo infectado. É discutível a transmissão através de objetos como o pente.

Manifestações clínicas da pediculose da cabeça

A reação alérgica à saliva do piolho gera prurido (coceira) no couro cabeludo, sendo necessário um período de incubação de 4 a 6 semanas para o início desse sintoma.

Ao exame dermatológico, observam-se escoriações (ferimentos) no couro cabeludo, nuca e ao redor da orelha, consequente ao ato de coçar.


Foto autorizada pelo Dr. Samuel Freire, Atlas Dermatológico

A confirmação do diagnóstico é feita pela visualização do parasita e das lêndeas no couro cabeludo, especialmente na região occipital e próximo às orelhas.

Foto autorizada pelo Dr. Samuel Freire, Atlas Dermatológico

A detecção do piolho vivo pode ser realizada por meio do ato de pentear o cabelo com pente fino com diâmetro de 0,2 mm entre os dentes, sempre em contato direto com o couro cabeludo.

Essa manobra é iniciada a partir do limite entre a parte superior e a posterior da cabeça. O pente é puxado firmemente para baixo e examinado em busca dos piolhos.

O penteado úmido com condicionador é melhor que o seco para fazer esse procedimento. Uma técnica de visualização direta dos piolhos é massagear o couro cabeludo antes do exame do local.

Vale ressaltar que a detecção das lêndeas é muito mais fácil do que a do parasita e elas se distinguem da caspa por serem mais aderidas ao cabelo.  

Tratamento da pediculose de cabeça

Para o tratamento da pediculose de cabeça, o famoso piolho, recomenda-se a aplicação da permetrina a 1% em xampu durante 10 minutos e a reaplicação após 7 a 10 dias para atingir também as lêndeas que se tornaram adultas nesse período.

Outras opções através da aplicação direta no couro cabeludo são:

  • O malathion a 0,5%
  • O spinosad em suspensão a 0,9% (ação também contra as lêndeas)
  • O álcool benzílico a 5%
  • O dimeticone em loção a 4%
  • A ivermectina loção a 0,5%

O tratamento por via oral, muito mais prático, é realizado com a ivermectina em dose única e repetido após 7 a 10 dias.

É aconselhável que toda a família realize o tratamento, independentemente de ter manifestação, a fim de tratar os portadores sem sintomas, responsáveis pela manutenção da doença.

As lêndeas podem ser removidas através da aplicação da mistura de vinagre diluído em parte igual de água, com a ajuda de um pente fino.

Pediculose do púbis ou ftiríase

A transmissão da pediculose do púbis ocorre em decorrência de contato físico, principalmente através de relação sexual.

O parasita apresenta corpo achatado, por isso, é conhecido como Chato, e adere firmemente aos pelos a fim de facilitar o ato de sugar o sangue do hospedeiro. Além do parasita, pode ser detectado os ovos, também colados ao longo do pelo. A coceira sempre está presente

É um parasita dos pelos da região genital e ao redor do ânus.


Foto autorizada pelo Dr. Samuel Freire, Atlas Dermatológico

Em homens com excesso de pelo,  pode se deslocar pela pele e atingir áreas distantes como: 

  • Tronco
  • Axilas
  • Barba
  • Abdômen
  • Coxas
  • Supercílios
  • Cílios

Foto autorizada pelo Dr. Samuel Freire, Atlas Dermatológico

Tratamento da pediculose do púbis

Aplicação de permetrina a 1% em creme durante 10 minutos e reaplicar após 7 a 10 dias

Assim como no tratamento da pediculose da cabeça, a ivermectina por via oral, também é eficaz.

Pediculose do corpo

O parasita é semelhante ao da cabeça, porém habita a roupa do hospedeiro, migrando para a pele a fim de se alimentar através da picada.

Surgem pápulas (carocinhos) e pontos hemorrágicos consequentes à picada do parasita. Normalmente, essas picadas ocorrem na cintura e nas dobras das axilas, coincidindo com as dobras da roupa.

Em consequência do prurido, podem surgir escoriações e liquenificação (espessamento da pele). O parasita e seus ovos ficam retidos na costura da roupa.

Serve como transmissão de doenças como:

Tratamento da pediculose do corpo

O calor mata o piolho, por isso, as roupas e lençóis devem ser lavados com água quente, a seco ou descartados após o uso.

Além disso, ao passar a roupa, deve-se ter atenção especial às costuras.

A pediculose é uma condição comum, mas exige o acompanhamento de um médico especializado.

Apenas o especialista poderá recomendar o melhor tratamento para cada paciente de acordo com as suas necessidades e especificações.

Para saber mais sobre doenças da pele e cuidados dermatológicos, não deixe de conferir o nosso blog.

Rosácea: saiba mais sobre essa doença que afeta 10% da população

A rosácea é uma doença crônica e frequente, e se manifesta com alterações na pele e/ou nos olhos.

Ela afeta cerca de 10% da população e alguns fatores predispõem ao aparecimento da doença.

No post de hoje, você saberá mais sobre a rosácea, sua causa e como deve ser feito o tratamento para diminuir as alterações causadas. Continue lendo e confira.

Incidência da rosácea

É uma doença cutânea frequente, afetando 10% da população, predominantemente em pessoas de pele clara.

Incide mais na faixa etária entre 30 anos e 60 anos, mais nas mulheres do que nos homens, apesar da forma fimatosa predominar no sexo masculino.

O tabagismo, a obesidade e a ingestão exagerada de álcool predispõem à rosácea.

O que causa a rosácea?

Vários fatores estão envolvidos na doença.

O dano provocado pela radiação solar, por exemplo, gera degeneração nas fibras elásticas e no tecido colágeno dos vasos sanguíneos e o da periferia deles.

Ela também pode ocorrer por um defeito no sistema imunológico que gera uma proliferação de microorganismos habitantes normais da pele, como o Demodex folliculorum e o Bacillus oleronius, gerando inflamações na área.

Suspeita-se que a infecção pelo Helicobacter pilori, habitante da mucosa do estômago, também pode influenciar a evolução da rosácea.

Quadro clínico da rosácea

A rosácea atinge, preferencialmente, a parte central da face, como o nariz e regiões malares (bochechas). 

Apresenta algumas formas clínicas:

O tipo eritematotelangiectásica é a apresentação inicial da doença, há eritema (vermelhidão) e telangiectasias (dilatação dos vasos superficiais da pele).


Rosácea eritêmato telangectásica

A forma papulopustulosa se sobrepõe à forma inicial e é manifestada por pápulas (pequenos caroços) e pústulas (bolhinhas de pus), na mesma localização citada acima.

Rosácea papulopustulosa
Rosácea papulopustulosa. Foto autorizada pelo Dr. Samuel Freire do Atlas Dermatológico
Rosácea pustulosa

Diferencia-se da acne juvenil por não apresentar comedões (cravos).

Alguns pacientes, principalmente os homens, apresentam hipertrofia das glândulas sebáceas no nariz, se manifestando, inicialmente, por eritema (vermelhidão), edema e dilatação dos poros da pele.

Finalmente, evolui para a formação de tecido fibroso e conhecido por rinofima. Pode se manifestar em outras áreas do rosto, como mento, bochechas e orelhas.

Rinofima. Foto autorizada pelo Dr. Samuel Freire do Atlas Dermatológico

Comumente, os olhos também podem ser afetados, havendo incidência em 58% a 72%. Nesse caso, chama-se de rosácea ocular. Os sintomas são sensação de secura ou lacrimejamento, dor e visão borrada.

Também surgem outros sintomas, como:

  • Hordéolo (terçol)
  • Blefarite (inflamação das pálpebras)
  • Conjuntivite
  • Ceratite
  • Ulceração e até ruptura da córnea

Pode ocorrer sem manifestações na pele. É muito importante o diagnóstico precoce. 

Tratamento da rosácea

As orientações sobre a rosácea são muito importantes para o tratamento. Deve ser esclarecido para os pacientes que a doença, apesar de não curar, pode ser controlada com medidas de proteção, além do tratamento específico.

Também é essencial compreender que deve-se evitar o contato com substâncias que irritem a pele, como:

  • Agentes químicos
  • Sabonetes
  • Cosméticos à base de álcool
  • Produtos abrasivos e adstringentes

Pacientes com rosácea tendem a ser muito sensíveis a essas substâncias.

Recomenda-se ainda evitar exposição excessiva ao Sol, alimentos quentes e condimentados, banho quente e sauna. É importante também usar filtro solar com fator de proteção igual ou superior a 30.

O tratamento visa combater a inflamação da pele e as telangiectasias. Para o primeiro objetivo, dispomos do metronidazol, ivermectina, ácido azeláico, inibidores da calcineurina (pimecrolimo e tracolimo) por via tópica, além de antibióticos, metronidazol, e isotretinoina por via oral.

A combinação das duas vias de administração é o ideal. O combate às telangiectasias é realizado através do laser e da luz intensa pulsada.

O rinofima é tratado com a isotretinoina na fase inicial da doença e cirurgia nos casos mais avançados através da dermoabrasão, criocirurgia, eletrocirurgia e laser ablativo.

Independentemente da forma clínica da rosácea, é essencial contar com o apoio médico para traçar o melhor tratamento. Apenas um especialista pode dar todas as orientações úteis para o paciente.

Se você quiser continuar a leitura e saber mais informações sobre doenças de pele, confira o nosso blog!

O que é e como ocorre o eczema agudo das mãos e dos pés?

O eczema agudo das mãos e dos pés é uma inflamação da pele com vesículas e bolhas.

Também conhecido por  disidrose ou eczema disidrótico, essa inflamação causa intenso prurido (coceira). Frequentemente recidiva e a causa geralmente é desconhecida.

Ele contribui com 5% a 20% dos eczemas localizados nas mãos e é mais comum em adultos jovens. Não tem predomínio em relação ao gênero.

Continue lendo o nosso post e saiba mais sobre o eczema agudo das mãos e dos pés!

Qual é a causa do eczema agudo?

A causa do eczema agudo não é identificada na maioria dos casos, mas alguns fatores podem contribuir para seu surgimento, como:

  • Passado de dermatite atópica
  • Contato com substâncias alérgicas, em especial os metais
  • Contato com substâncias que irritam a pele, como detergentes e solventes
  • Ingestão de substâncias contendo níquel e cobalto
  • Reação alérgica a focos distantes do fungo dermatófito (impinge)
  • Fumo
  • Excesso de sudorese
  • Exposição ao Sol (radiação ultravioleta)

Manifestações clínicas do eczema agudo

A primeira manifestação do eczema agudo é o intenso prurido (coceira) seguido pelo aparecimento de vesículas (bolhinhas d’água) de consistência tensa que podem confluir e formar bolhas, nas palmas, face lateral dos dedos das mãos.

Disidrose na palma da mão
Disidrose no dedo
Disidrose no pé

As mãos são afetadas isoladamente em 70% a 80% dos casos.

As vesículas persistem durante 3 semanas, rompem e se transformam em escamas, antes de desaparecerem.

Quando a doença recidiva muito, a pele pode adquirir  um aspecto engrossado (liquenificado), avermelhado, com descamação e fissuras.

Dermatite crônica pós disidrose

Essas manifestações podem permanecer durante meses a anos, precipitadas por ambientes quentes.

O eczema agudo também pode provocar deformidade das unhas, como estrias transversais e mudança da coloração em consequência de crises repetitivas de inflamação da pele ao redor delas, local da matriz (origem) da unha.

Paroníquia crônica pós disidrose

Como a maioria dos eczemas, pode complicar com infecção bacteriana, o impetigo, denunciado pelo aparecimento de pústulas (bolhas de pus) e seguido pela formação de crostas melicéricas (amareladas).

Disidrose infectada

A realização de Teste de Contato sobre a pele é importante para investigar a relação do contato com substâncias alérgicas.

Teste de contato

Tratamento do eczema agudo

É muito importante identificar e evitar o agente causador e o que agrava o eczema agudo, o que, na maioria dos casos, não é possível.

Algumas medidas que podem ser tomadas são:

  • Lavar as mãos com sabonetes especiais
  • Enxugar as mãos imediatamente após lavá-la e, em seguida, aplicar creme hidratante
  • Usar luva de algodão por baixo de luva de borracha ou de vinil
  • Remover relógio, anel e outros objetos de adorno antes de ter trabalho doméstico envolvendo água
  • Aspirar o líquido das bolhas grandes, mantendo o teto delas a fim de evitar dor e prevenir infecção bacteriana

Os casos mais discretos podem ser tratados com a aplicação de corticosteróides com alta potência anti-inflamatória, de 2 a 4 semanas.

Os casos mais severos, podem ser controlados com a ingestão de corticosteróide durante 1 semana, e ir desmamando durante as semanas seguintes.

Lembrando que os corticosteróides, sejam por qualquer via, não devem ser utilizados por tempo prolongado a fim de evitar os efeitos colaterais como atrofia da pele.

Os casos refratários aos medicamentos enumerados acima devem ser tratados com a associação da ingestão de psoraleno e da exposição da radiação ultravioleta A (fototerapia).

Apenas um médico especializado na área pode traçar o melhor tratamento para cada caso. A automedicação pode ter um efeito contrário do desejado e agravar o eczema.

Marque sua consulta conosco e tire suas dúvidas sobre essa inflamação!

Alergia à picada de inseto: saiba o que causa e como tratar

A alergia à picada de inseto, também conhecida como estrófulo, é muito comum, principalmente em crianças.

Quando um inseto pica, normalmente, ele deixa alguma substância na pele da sua vítima.

A alergia, por sua vez, ocorre quando há uma reação de hipersensibilidade, ou seja, uma reação alérgica exagerada à injeção dessa substância dos insetos na pele.

Continue lendo o nosso post e saiba mais sobre a alergia à picada de inseto!

Qual é a causa da alergia à picada de inseto?

A alergia à picada de inseto ocorre, normalmente, por insetos hematófagos, aqueles que se alimentam de sangue. Os mais comuns são:

  • Mosquitos
  • Pernilongos
  • Pulgas
  • Carrapatos
  • Percevejos

É mais intenso e persistente nas crianças portadoras de atopia, ou seja, aquelas que apresentam manifestações alérgicas do tipo asma, rinite e dermatite atópica.

Os pacientes que têm AIDS também são muito sensíveis à picada de inseto, frequentemente, constituindo a primeira manifestação da doença.

Tem se tornado cada vez mais frequente o estrófulo provocado por um ácaro (pulga) existente nos pombos e pardais.

Manifestações clínicas da alergia à picada de inseto

Atinge, preferencialmente, crianças entre 2 e 7 anos.

Nas crianças portadoras de atopia, a doença pode persistir até a vida adulta. 

Habitualmente, a evolução é por surtos, com lesões em diferentes estágios evolutivos. A localização das lesões vai depender do inseto responsável.

Se estiver relacionado a inseto voador, como mosquitos e pernilongos, atinge os membros superiores e inferiores, correspondente à pele não protegida pela roupa, preferencialmente, as pernas pelo fato do inseto voar mais baixo.

Alergia a picada de inseto (estrófulo)

Alergia a picada de inseto (estrófulo)

A lesão elementar é a seropápula, ou seja, um carocinho inchado com uma pequena vesícula no centro (bolhinha contendo líquido), correspondendo essa última à  localização da picada do inseto.

Alergia a picada de inseto em braço

Alergia a picada de inseto em braço

Quando a reação é consequente à picada de pulga, principalmente, pelo piolho existente nos pombos, pode afetar qualquer parte do corpo e pode se manifestar por lesões semelhantes  a urticária e pápulas (carocinhos). É mais difícil de responsabilizar o piolho porque ele não é encontrado na pele, ou seja, ele pica a pele e sai. Recomendamos, nos casos suspeitos, evitar alimentar os pombos e examinar a caixa do ar condicionado para confirmar a presença dele.

Alergia a picada do piolho do pombo

Quando a reação inflamatória é muito intensa, surgem também vesículas e bolhas isoladas, especialmente nos atópicos, onde as lesões são também mais extensas.

Outras manifestações são manchas avermelhadas associadas à púrpura (eritematopurpúricas) e nódulos.

Em consequência do prurido (coceira), geralmente intenso, o consequente ato de coçar gera escoriações (feridas de forma linear) cobertas por crostas hemáticas (resultante do ressecamento de sangue) ou melicéricas (consequente ao ressecamento de pus).

Estas últimas lesões denunciam infecção bacteriana secundária. 

Tratamento da alergia à picada de inseto

O mais importante para o controle do estrófulo é a prevenção. Isso se faz de diferentes formas, como:

  • Uso de calça e camisa comprimidas
  • Mosquiteiro
  • Tela nas janelas
  • Aplicação frequente de repelente

Os repelentes mais conhecidos são à base de DEET, também muito úteis  no combate às arboviroses, como a dengue.

Muito eficaz como repelente é a loção de permetrina, utilizada amplamente, também, no tratamento da escabiose.

Como em todo paciente portador de prurido, as unhas devem ser cortadas regularmente, duas vezes por semana, a fim de prevenir cicatrizes consequentes às escoriações na pele pelo ato de coçar.

O tratamento visa o controle do prurido. Isso é realizado com a aplicação de loção refrescante contendo mentol e os anti-histamínicos que geram sonolência, por via oral.

Os casos exuberantes são controlados através da ingestão de corticosteróide, sempre por curto período para prevenir seus graves efeitos colaterais. A aplicação de creme contendo corticosteróide não é eficaz.

Agora que você já sabe mais sobre alergia à picada de inseto, que tal continuar a leitura e aprender mais sobre as causas da pele seca?

Queratose seborreica: saiba mais sobre esse tumor benigno

A queratose seborreica, também conhecida como verruga seborreica ou senil, é um tumor benigno na pele (sinais escuros na pele) resultante da proliferação de células da epiderme, camada mais superficial da pele.

É uma das doenças da pele mais frequentes que surgem, normalmente, após os 50 anos, exceto na raça negra, quando pode se manifestar a partir da segunda década de vida.

Não existe prevalência do aparecimento desse tumor em relação ao sexo.

Continue lendo e saiba mais sobre a queratose seborreica.

O que causa a queratose seborreica?

Existe uma predisposição genética, principalmente para os casos com grande número de lesões e quando surgem muito precocemente, antes dos 20 anos. O tipo de herança é autossômico dominante, ou seja, risco de 50% de nascer com a doença

Predomina na pele exposta ao Sol, o que sugere uma participação do sol na indução desse tumor. 

Manifestações clínicas da queratose seborreica

Inicialmente, surgem lesões planas e discretamente elevadas, superfície de aspecto aveludado, bem delimitadas, arredondadas, ovais ou como pápulas (carocinhos) discretamente elevadas.

Essas lesões têm cor castanho-claro, castanho ou preta e uma aparência de “colada” sobre a pele.

Ceratose seborreica na perna

Com a evolução, podem se tornar mais espessas e de aspecto graxento além de surgirem comedões (cravos).

Ceratose seborreica elevada

Têm diâmetro variado, desde poucos milímetros até um centímetro. Podem crescer e atingir grandes dimensões devido à coalescência de lesões, especialmente no couro cabeludo.

Surgem em qualquer local, exceto palma e planta.

Quando são em grande número, tendem a se dispor no sentido das linhas de força ou nas dobras da pele, quando assumem formatos lineares, principalmente no dorso. 

Nas pessoas de pele escura, as lesões surgem precocemente, a partir da segunda década de vida, com tendência a serem muito numerosas, como pápulas lisas, enegrecidas, localizadas preferencialmente no rosto, no pescoço e menos no tórax, também conhecida por dermatose papulosa nigra.

Ceratose seborreica. Dermatose papulosa nigra

A estucoqueratose é uma variante da ceratose seborreica, que acomete mais os homens idosos, localizada no dorso do pé, tornozelos e terço inferior das pernas.

Manifesta-se como pequenas pápulas de textura áspera, variando de cor esbranquiçada a levemente acastanhada.

Ceratose seborreica. Estucoqueratose
Ceratose seborreica. Estucoqueratose

Em consequência de predominar nas pessoas mais velhas e na pele exposta ao Sol, frequentemente está associada a ceratose actínica, elastose solar e outras alterações próprias da pele idosa.

Quando surge numerosas lesões de forma abrupta, pode denunciar câncer interno, principalmente do aparelho gastrointestinal, conhecido como sinal de Leser-Trélat.

Ceratose seborreica. Sinal de Leser-Trelat (foto cedida pelo Dr. Samuel Freire no Atlas Dermatologico)

Geralmente não causam prurido (coceira), exceto quando sofrem inflamação, consequente ao trauma.

As lesões muito escuras e que sofreram traumatismo podem simular o melanoma. Quando se localizam na região genital, e ao redor, devem ser diferenciadas do condiloma acuminado, doença de origem viral, transmitida sexualmente.

Diagnóstico

O diagnóstico da queratose seborreica pode ser confirmado com o dermatoscópio, aparelho que representa um “microscópio” aplicado sobre a pele, onde são observados muitos outros detalhes, além do que é observado no exame clínico.

Tratamento da queratose seborreica

A indicação do tratamento é apenas de ordem estética e exige o acompanhamento de um médico especializado.

As lesões planas ou discretamente elevadas e em pequeno número podem ser tratadas com a aplicação de ácido tricloroacético e de nitrogênio líquido (pequena duração), realizado apenas pelo dermatologista.

Essas mesmas lesões, quando em grande número, podem ser tratadas por meio do peeling médio, envolvendo a combinação de ácido tricloroacético e da solução de Jessner que também gera grande rejuvenescimento da pele.

As lesões elevadas podem ser removidas, preferencialmente, através de curetagem da lesão, método com menos chance de deixar cicatriz.

Não recomendamos outras modalidades de tratamento para essas lesões elevadas, como a crioterapia (aplicação de nitrogênio líquido) nem da eletrocauterização com bisturi elétrico, ainda muito utilizadas, pelo risco de desenvolver cicatrizes e manchas escuras ou claras, especialmente em pessoas de pele escura.

Agora que você já sabe mais sobre a queratose seborreica, que tal continuar a ler e tirar suas dúvidas sobre a teledermatologia?

Psoríase: o que é e qual é a causa dessa doença?

A psoríase é uma doença que cursa com inflamação crônica da pele e de outros órgãos, como as articulações, o coração, os olhos e o intestino.

Ela afeta ambos os sexos igualmente, podendo iniciar em qualquer idade. Sua taxa de incidência varia de 0,5 a 11,4% entre os adultos e 0 a 1,4% nas crianças.

Acomete todos os países, porém tende a ser mais frequente naqueles mais distantes da linha do Equador (menor exposição ao sol). Tem sido observado uma tendência ao aumento do número de casos nas últimas décadas.

Os picos de incidência da psoríase são entre 30 e 39 anos e entre 50 e 69 anos. Afeta raramente pessoas da raça negra e amarela e é praticamente inexistente entre indígenas da América do Norte e do Sul.

Continue lendo o nosso post e saiba mais sobre a psoríase.

O que causa a psoríase?

A causa da psoríase permanece desconhecida, porém existe uma influência genética comprovada através de antecedentes familiares da doença em 40% dos casos.

Além disso, ela é mais frequente em gêmeos homozigóticos (gêmeos idênticos) do que em gêmeos dizigóticos, especialmente quando a doença surge antes dos 40 anos.

Hábitos de fumar, do sedentarismo, se alimentar de forma errada que gerem obesidade, além do alcoolismo, induzem ou agravam a psoríase.

O uso de alguns medicamentos também pioram a doença, como:

  • Lítio
  • Antimaláricos (cloroquina e hidroxicloroquina)
  • Betabloqueadores
  • Anti-inflamatórios não hormonais
  • Antibióticos (tetraciclina)

Infecções pela bactéria estreptococo B (beta) hemolítico originada da orofaringe (garganta) gera a forma clínica de psoríase gutata.

Os portadores do vírus do HIV tendem a ter formas mais graves da psoríase. A importância do estresse emocional como fator desencadeante ou agravante da psoríase é discutível.

A pele desses pacientes com HIV é mais sensível à reprodução da lesão de psoríase pelo atrito sobre a pele em consequência do prurido (coceira), comum nesses pacientes, conhecido como fenômeno de Koebner e que acontece em um terço dos pacientes.

A influência da vitamina D também é discutível, porém, mesmo assim, baixo nível dela tem sido observado nos pacientes portadores de psoríase. 

Na patogenia, há uma aceleração do ciclo de multiplicação das células que compõem a epiderme, a parte mais superficial da pele.

O aumento da velocidade da migração das células da epiderme até a superfície da pele resulta no aparecimento de escamas na pele.

Acredita-se que esse trânsito acelerado das células esteja relacionado à atuação dos linfócitos T e outras células que compõem o sistema imunológico.

Manifestações clínicas da psoríase

A psoríase se manifesta de diferentes formas. Confira quais são:

Psoríase em placas

É observada em até 90% dos doentes. Caracteriza-se por placas elevadas e eritematosas (avermelhadas), cobertas por escamas secas, brancas ou prateadas e aderentes, com graus variados de infiltração, bem delimitadas, podendo variar de alguns milímetros até dezenas de centímetros de extensão.

Geralmente afeta a face de extensão dos membros superiores e inferiores, de forma simétrica, o couro cabeludo e a parte inferior das costas (região sacra).

Psoríase em placa
Psoríase em placa no couro cabeludo

Com menor frequência, pode atingir as dobras da pele, como das  virilhas, das nádegas, períneo, abaixo das mamas e axilas, com ausência de escama, consequente ao atrito e sudorese na região.

Psoríase na axila

Pode se sobrepor às lesões de dermatite seborreica  em localização típica desta como no couro cabeludo, face, conduto auditivo e atrás das orelhas, conhecido como seboríase.

Seboríase

Seboríase

Os sintomas de prurido e queimação variam muito de intensidade, não sendo frequentes, exceto no couro cabeludo (85% dos casos). Eventualmente, pode atingir as mucosas e semimucosas (lábios, por exemplo).

Psoríase em gotas

Essa é a manifestação mais comum em crianças, adolescentes e adultos jovens. Manifesta-se pelo surgimento repentino de pápulas (carocinhos) avermelhados e cobertas por escamas, medindo de  0,5 a 1 cm de diâmetro, geralmente localizadas no tronco e raiz dos membros superiores e inferiores.

Psoríase em gotas
Psoríase em gotas (aproximação)

Frequentemente é precedida por infecção pelo estreptococo, localizada na orofaringe (garganta) e desaparece, na maioria dos casos, em 2 a 3 meses.

Psoríase eritrodérmica

Representa a forma mais extensa, onde ocorre uma generalização do eritema (vermelhidão) e com descamação variável.

Pode surgir a partir da psoríase vulgar ou, mais frequentemente, pela interrupção de corticosteróide por via oral ou intramuscular, ou em pacientes com HIV.

Essa vermelhidão em toda pele gera problemas de regulação da temperatura, como hipotermia ou hipertermia, sobrecarga sobre o coração, do fígado e dos rins e até septicemia (infecção bacteriana generalizada).

Psoríase palmoplantar

É a forma da psoríase limitada às palmas e plantas, na maioria dos casos, porém pode também se associar à psoríase vulgar.

Surgem lesões de hiperceratose (espessamento da pele) com escamas espessas e fissuras (feridas de forma linear). As fissuras podem ser dolorosas e dificultar o caminhar. São simétricas e poupam o cavo plantar.

Psoríase plantar

Psoríase pustulosa

Manifesta-se como pústulas (bolhinhas amareladas de pus) com distribuição localizada ou generalizada. A forma localizada acomete preferencialmente os dedos das mãos e menos frequentemente os dos pés ou palmas e plantas. 

A forma generalizada consta de pústulas em todo corpo a partir da psoríase vulgar e é desencadeada pela interrupção de corticóide por via oral, hipocalcemia (baixa do cálcio no sangue), infecções ou irritação da pele por contato com substâncias.

Geralmente existe comprometimento do estado geral, manifestado por astenia (moleza do corpo), anorexia (falta de apetite), febre alta e leucocitose (elevação dos glóbulos brancos, revelada no hemograma).

A erupção é de aparecimento súbito e a disseminação rápida na pele, porém, comumente, persiste durante poucas semanas como tal e evolui para a forma eritrodérmica ou retorna à forma vulgar. 

Psoríase ungueal

As alterações nas unhas surgem, na maioria dos casos, após as lesões na pele, porém podem ocorrer simultaneamente ou preceder a psoríase cutânea.

Ocasionalmente, as alterações ungueais são a única manifestação da doença. A alteração mais frequente são as depressões cupuliformes, também conhecidas como pits ungueais ou unhas em dedal.

Outras alterações são a onicólise (separação da unha do leito ungueal) espessamento das unhas conhecido como hiperceratose subungueal e “mancha de óleo” dando um aspecto amarelado à unha , além de pequenas hemorragias de forma linear.

Psoríase em unha com onicólise (foto cedida pela Dra. Aldejane Gurgel)
Psoríase em unha com hemorragias (foto cedida pela Dra. Aldejane Gurgel)

Nos casos mais avançados, pode chegar à destruição das unhas. 

O acometimento da unha aumenta com a idade, com a duração e com a extensão da doença. Frequentemente, se associa à artrite psoriática (inflamação das articulações) nos dedos das mãos e dos pés e da coluna vertebral.

Comorbidades da psoríase

Chamamos de comorbidades da psoríase a associação dela com outras doenças.

Vale ressaltar que atualmente a psoríase é considerada uma doença que afeta outros órgãos por ser um distúrbio inflamatório multissistêmico.

A artrite psoriática é comum e a maioria dos pacientes tem envolvimento da pele simultaneamente, embora a artrite anteceda a doença da pele na minoria dos casos.

O envolvimento simultâneo das unhas também é comum. Os sintomas frequentes incluem:

  • Dor nas articulações e nas costas
  • Rigidez nas articulações (particularmente ao acordar), com duração maior de 30 minutos

Acomete as articulações dos dedos das mãos e dos pés

e os tendões que se inserem nos ossos. Os casos mais graves determinam grandes mutilações e deformidades das articulações. 

Também pode ocorrer inflamação das articulações da coluna vertebral, conhecida como espondiloartrite, incluindo sacroileíte e espondilite, geralmente associada com comprometimento das articulações dos dedos das mãos e dos pés, porém pode ocorrer de forma isolada em 2 a 4% dos casos.

A psoríase está frequentemente associada à obesidade, especialmente os casos severos. Inversamente, a obesidade também predispõe a essa patologia.

A relação entre a obesidade e a psoríase é de que ambas representam doenças que geram substâncias chamadas citocinas, as quais acarretam inflamação de todo organismo, citada no texto abaixo.

A perda de peso facilita o tratamento da doença por exigir menores doses dos medicamentos, como as das ciclosporina. 

Outra comorbidade é a síndrome metabólica, uma constelação de fatores de risco associados ao diabetes mellitus tipo 2 e doenças cardiovasculares.

Pacientes com psoríase são mais propensos a desenvolver a síndrome metabólica e o risco de falecer em consequência de doença coronariana é três vezes maior. Essa síndrome é a maior causa de morte.

A presença de três ou mais dos tópicos abaixo constitui o diagnóstico de síndrome metabólica:

  • Circunferência da cintura do abdômen elevada: igual ou maior que 102 centímetros no homem e na mulher igual ou maior de 88 centímetros
  • Pressão arterial elevada ou tomando medicamento para combatê-la
  • Glicemia de jejum elevada ou recebendo remédio para baixá-la
  • Triglicerídeo elevado ou tomando remédio para baixá-lo
  • Colesterol alterado ou tomando remédio para combatê-lo

Tanto a psoríase quanto a obesidade podem contribuir para a síndrome metabólica por meio dos efeitos de citocinas e adipocinas pró-inflamatórias associadas a esses distúrbios na regulação da glicose, estado lipídico (gordura no sangue) e função endotelial (membrana que reveste os vasos sanguíneos).

Essa membrana, quando alterada, gera infarto do miocárdio e acidente vascular cerebral (derrame). Como já mencionado, a síndrome metabólica é aceita como fator de risco para o desenvolvimento de diabetes tipo 2 e doenças cardiovasculares. Assim, a psoríase pode servir como um marcador para o aumento de risco de morbidade e mortalidade associada a essas doenças.

Ela também está associada a um risco aumentado para o desenvolvimento de doença vascular por gerar acúmulo de placas de ateromas (gordura) na parede dos vasos, como as doenças:

  • Cardiovasculares (infarto do miocárdio)
  • Cerebrovasculares (acidente vascular cerebral)
  • Vasculares nos membros (amputação dos membros por deficiência da circulação das artérias)

Existe ainda um maior risco de paciente com psoríase grave de desenvolver câncer, especialmente:

  • Cavidade oral
  • Esôfago
  • Fígado
  • Laringe
  • Rim
  • Pâncreas
  • Colo
  • Reto
  • Linfoma não-Hodgkin

As doenças autoimunes também estão associadas a essa patologia como alopecia areata, doença celíaca, esclerose sistêmica, doença de Crohn, vitiligo, entre outras.

Também está relacionada à:

  • Arritmia cardíaca
  • Doença pulmonar obstrutiva crônica
  • Esteatose hepática (gordura no fígado)
  • Alterações mentais, como depressão, ansiedade, baixa autoestima, ideação suicida, disfunção sexual e transtorno de comportamento

Alterações oculares, como blefarite (inflamação das pálpebras), conjuntivite, lesões da córnea e uveíte, podem ocorrer com frequência aumentada na psoríase.

Pode ser a primeira manifestação da AIDS ou pode surgir após a mesma. Nessa associação, é frequentemente severa, especialmente quando cai a imunidade durante a evolução da AIDS. Envolve as palmas e as plantas e até toda a pele (eritema ou vermelhidão conhecido como eritrodermia). 

Também pode atingir as unhas e as articulações (gera inflamação conhecida como artrite). 

Evolução e prognóstico

A evolução da psoríase é imprevisível e muito variável de pessoa para pessoa.

Os pacientes portadores do tipo I, ou seja, aqueles que iniciaram a doença antes de 40 anos, apresentam maior incidência familiar, doença mais severa, mais resistente ao tratamento e mais recorrente, comparado aos que iniciam após os 40 anos.

Tratamento da psoríase

Durante o tratamento, o médico deve esclarecer ao paciente a natureza crônica e as recidivas da psoríase, antes de iniciar qualquer tratamento, e estimular a exposição ao Sol, porém de forma moderada.

Os pacientes com doença localizada, devem ser tratados com corticosteróides aplicados na pele nas apresentações em creme, adesivo plástico e pomada.

No couro cabeludo o corticosteroide  deve ser aplicado nas apresentações  em gel, espuma, solução e xampu. Tem ação anti-inflamatória e de combate ao prurido (coceira).

Outras alternativas para o tratamento por via cutânea são os imunomoduladores tópicos como o tacrolimo (pomada) e o pimecrolimo (creme) por terem também ação anti-inflamatória e, portanto, podem substituir os corticosteroide para prevenir os efeitos colaterais deste quando usados de forma prolongada, como a atrofia da pele.

Outra alternativa é o calcipotriol, derivado da vitamina D, de uso isolado ou de forma associada ao corticosteróide na mesma pomada.

A psoríase disseminada pode ser tratada primeiramente com fototerapia que utiliza a irradiação de luz derivada do Sol, onde o paciente entra em uma cabine. Esse método pode ser utilizado como tratamento isolado ou combinado ao tratamento de uso tópico ou sistêmico (oral, por exemplo).

Os casos onde as lesões não são muito espessas (escamas discretas), a fototerapia consta apenas da radiação ultravioleta B. Nos pacientes que apresentam lesões muito exuberantes, é aplicado irradiação ultravioleta A, associada ao medicamento psoraleno, por via oral.

Outras opções para os casos muito severos são a ingestão de metotrexato (o mais barato), ciclosporina e acitretina.

Quando o paciente não responde a nenhum tratamento, se recorre aos imunobiológicos, medicamentos que atuam diretamente no sistema imunológico, já que este tem importante participação na patogênese da doença.

Esses medicamentos são mais eficientes e os mais caros (o Governo e os planos de saúde financiam), porém exigem um acompanhamento cuidadoso em relação ao controle de infecções, especialmente a tuberculose (muito comum no Brasil), induzidas por esses medicamentos.

Agora que você já sabe mais sobre essa patologia, não deixe de nos seguir no Instagram, no Youtube e no Facebook para saber mais sobre doenças e saúde da pele!

Escabiose: tire suas dúvidas sobre a sarna

A escabiose, também conhecida como sarna, é uma doença contagiosa, reconhecida como tal há séculos. Ela é relativamente comum e tem evolução cíclica, principalmente nos países desenvolvidos, onde o intervalo entre os ciclos é de 10 a 15 anos.

Não tem preferência por idade, raça, sexo e condição socioeconômica, apesar de haver relatos de ser comum em países pobres.

Acomete, principalmente, a América Latina e a região do Pacífico e há um total de 100 milhões de pessoas afetadas pela doença no mundo.

A escabiose é frequente em locais de grande aglomeração, como presídios e asilos. Continue lendo nosso post e confira mais informações sobre essa doença.

Qual a causa da escabiose?

O agente etiológico, Sarcoptes scabiei variedade hominis, parasita apenas a espécie humana, é o transmissor da escabiose.

Essa doença, portanto, passa apenas de homem para homem, poupando os animais.

No caso da sarna animal, ela é causada por outras espécies que parasitam esses seres. 

São espécies específicas, portanto, o parasita de cada espécie afeta apenas o mesmo tipo de animal.

Após o acasalamento, o macho morre, a fêmea penetra e se desloca na parte mais superficial da pele, a epiderme.

Durante esse percurso que dura de 4 a 6 semanas, põem de 40 a 50 ovos. Esses ovos se transformam em parasitas adultos em 5 a 6 dias.

O número de parasitas, chamados de ácaros, em cada indivíduo é de 10 a 15. Em contraste, esse número na escabiose norueguesa pode atingir milhões em consequência da doença acometer pessoas com baixa imunidade, como nos portadores de HIV.

Como ocorre a transmissão?

A transmissão da escabiose ocorre em decorrência do contato prolongado e direto de pele com pele, como ocorre entre membros de família e casais, sendo pouco provável a transmissão consequente a contato casual.

Os parasitas podem sobreviver fora do hospedeiro durante 24 a 36 horas, tempo insuficiente para a doença ser transmitida. Portanto, é pouco provável a transmissão a  partir de fômites como vestimentas, roupa de cama e outros objetos.

A exceção a isso é a contaminação acontecer em ambientes frequentados por paciente portador da sarna norueguesa, devido ao elevado número de parasitas, eliminados no local.

Manifestações clínicas da escabiose

O prurido (coceira) é a manifestação proeminente da escabiose. Ela surge 3 a 4 semanas após a contaminação, exceto em consequência de reinfecção, quando é imediato.

As lesões e o prurido (coceira) são devidos a 2 mecanismos: o primeiro, ao deslocamento da fêmea na pele e o segundo pela resposta imunológica do indivíduo à presença do parasita.

O primeiro, explica o prurido ser maior à noite e ao acordar, consequente ao deslocamento da fêmea na pele, estimulado pelo calor da cama. Esse deslocamento na pele gera uma lesão linear, serpiginosa, medindo 1 centímetro, de cor acinzentada e com uma lesão ao final do túnel, onde se encontra a fêmea

Essa “casinha” da fêmea tem um formato de pápula-vesícula (carocinho e bolhinha d’água)

Foto autorizada pelo Dr. Samuel Freire, do Atlas Dermatológico

Raramente essa lesão é vista devido à sua destruição pelo ato de escoriar (arranhar a pele) em consequência de coçar. O seu pequeno tamanho também contribui para  dificultar  sua visualização.

O segundo mecanismo, o imunológico (alérgico), gera maior número de lesões, manifestado por pápulas (carocinhos),


Escabiose no punho manifestado por pápulas (carocinhos) de cor avermelhada, localização muito frequente

Escabiose no punho manifestado por pápulas (carocinhos) de cor avermelhada, localização muito frequente

vesículas (bolhinhas d’agua) e pústulas (bolhinhas de pus), as duas últimas afetando, preferencialmente, as crianças.


Escabiose (sarna) ao redor da axila, localização frequente manifestado por pústulas (bolhinhas contendo pus) ainda íntegras

O segundo mecanismo também explica a persistência do prurido mesmo após a cura, além do reinício do prurido em um a três dias, na reinfecção.

Uma variedade da doença, menos frequente, é a forma nodular, manifestada por pápulas (carocinhos) de maior tamanho, localizadas no pênis, bolsa escrotal, umbigo e axilas.

Nos pacientes com baixa da imunidade, como acontece na AIDS e doenças autoimunes (como lúpus eritematoso), o número de parasitas é muito maior. Manifesta-se por escamas espessas, localizadas, preferencialmente, no couro cabeludo, nas mãos e nos pés. As unhas se tornam espessadas.

Escabiose (sarna) crostosa

A escabiose, geralmente, envolve vários locais da pele, sendo os mais frequentes:

  • As mamas, especialmente nas mulheres
  • Dobras anteriores e posteriores das axilas
  • Pênis e bolsa escrotal
  • Ao redor do umbigo
  • Cintura
  • Face flexora dos pulsos
  • Face lateral e entre dedos das mãos
  • Parte inferior das nádegas
  • Coxas

Nas crianças podem se localizar, caracteristicamente, nos pés, na parte posterior do tronco e na cabeça.

Como qualquer doença que curse com prurido, pode complicar com infecção bacteriana, consequente às escoriações pelo ato de arranhar a pele.

Escabiose (sarna) infectada

Tratamento da escabiose

O tratamento da escabiose pode ser realizado através de medicamentos na pele e por via oral, devendo haver o acompanhamento médico.

No primeiro, é comum haver a aplicação de permetrina, em loção, durante duas noites, em toda a pele e reaplicar após uma semana.

O tratamento por via oral deve ser feito com a ivermectina e também repetir o tratamento após uma semana. Toda família deve ser tratada, independentemente de ter coceira ou não.

Alguns médicos aconselham o uso simultâneo das duas medicações, especialmente na escabiose norueguesa, por conter maior número de parasitas.

Se houver complicação com infecção bacteriana, deve ser administrado, por via oral, antibióticos que atinjam o estafilococo, como a cefalosporina.

Agora que você sabe mais sobre a escabiose, que tal continuar a leitura e saber mais sobre a pele seca?

Erisipela: infecção bacteriana frequente em idosos

A erisipela é uma infecção bacteriana muito comum na pele. Ela resulta da penetração de bactérias através de feridas, gerando inflamação, dor e sintomas gerais como febre.

A celulite representa a mesma infecção, porém atinge a parte mais profunda da pele, o tecido adiposo.

O abscesso também é uma variedade dessa infecção e consiste em uma coleção de pus na parte inferior da pele, incluindo a derme e a hipoderme.

Continue lendo o nosso post e saiba mais sobre a erisipela.

Incidência da erisipela

A erisipela é frequente nos idosos e pessoas de meia-idade, porém pode atingir também as crianças. A incidência é de 200 casos por 100.000 habitantes e é mais frequente no verão.

Os fatores predisponentes associados à erisipela são:

  • Ruptura da barreira da pele gerada por traumas como:
    • Feridas provocadas por trauma na pele
    • Úlceras de pressão (escaras de decúbito)
    • Úlceras de perna por insuficiência venosa (veias)
    • Picada de inseto
    • Injeção de drogas ilícitas
  • Inflamação da pele decorrente de eczema, radioterapia e psoríase
  • Remoção de gânglios linfáticos em tratamento de metástase, como o de mama
  • Anomalias congênitas dos vasos linfáticos
  • Edema consequente à insuficiência venosa
  • Obesidade
  • Imunodeficiência (diminuição da imunidade), como diabetes ou infecção pelo HIV
  • Infecções prévias da pele, como varicela (catapora) e impetigo
  • Contato íntimo com pessoas portadoras de estafilococo resistentes à metacilina

Há ainda a associação com edema decorrente de comprometimento da drenagem linfática por safenectomia (remoção da veia safena da perna para cirurgia de substituição de vasos do coração consequente ao infarto do miocárdio).

Outro fator predisponente são as fissuras entre dedos dos pés, especialmente entre o quarto e quinto dedos, decorrente de dermatofitose, também conhecida como tinha (pé de atleta) e que, frequentemente, passam despercebidas.

O que causa a erisipela?

A bactéria responsável pela maioria dos casos de erisipela é o estreptococo beta hemolítico do grupo A seguido pelo Estafilococo aureus e raramente por bacilos aeróbios Gram-negativos e bactérias anaeróbias.

Os pacientes com imunidade baixa, como os portadores de HIV, estão muito mais susceptíveis a um grande número de outras bactérias.

O abscesso está relacionado, principalmente, ao Estafilococo aureus, porém, pode ser causado por mais de uma bactéria, simultaneamente, incluindo Estafilococo aureus, Estreptococo e bactérias gram-negativas, estas últimas, quando localizadas ao redor da boca, do ânus e na área genital.

Manifestações clínicas da erisipela

A erisipela se manifesta como área avermelhada, com edema (aumento de volume da região), petéquias (hemorragias na pele) e até bolhas, bem como dor e calor na pele. As bordas da lesão são bem delimitadas.

A pele pode estar infiltrada, ou seja, elevada por inchaço. 

Erisipela na perna (foto cedida pelo Dr. Samuel Freire do Atlas Dermatológico)

Está geralmente localizada em uma perna e sendo menos frequente no rosto e na  orelha. Sempre apresenta manifestações gerais de calafrio, febre, cefaléia (dor de cabeça), astenia (sensação de fraqueza) e anorexia (falta de apetite).

A celulite representa a mesma infecção, porém atinge maior profundidade da pele, inclusive o tecido celular subcutâneo (gordura). Ao contrário da erisipela, as bordas da lesão são borradas.

Celulite

A celulite apresenta uma evolução mais indolente enquanto a erisipela tem início mais abrupto.

Manifestações adicionais da celulite são linfangite (inflamação dos vasos linfáticos) manifestada como mancha avermelhada de forma linear, partindo da mancha da celulite.

Linfangite (foto cedida pelo Dr. Samuel Freire do Atlas Dermatológico)

Além disso, pode haver comprometimento dos gânglios linfáticos, que se manifesta por aumento de tamanho, especialmente na região inguinal (virilhas). 

Crises repetitivas de erisipela geram edema persistente nas pernas, consequente à agressão aos vasos linfáticos.

A pele adquire aspecto rugoso (lesões verrucosas) consequente à repetição das crises e que é devido à persistência de porta de entrada do Estreptococo em ferimento entre os dedos dos pés mantido pela infecção pelo fungo dermatófito (tinha), o conhecido pé de atleta. 

Outras complicações da erisipela, celulite e abscesso são a septicemia (disseminação da bactéria para o sangue), endocardite (infecção comprometendo o coração) e artrite séptica (infecção nas articulações). 

Exames complementares

Fazer a testagem através da identificação da bactéria pela da cultura bacteriana além do antibiograma (identificação das bactérias sensíveis a serem mortas pelos antibióticos) da pele ou no sangue pode ser necessário nos casos graves de erisipela, especialmente quando se suspeita de infecção que se generalizou para o organismo ou que não respondeu ao tratamento com os antibióticos considerados, rotineiramente, eficazes.

A ultrassonografia é útil para identificar abscesso. A ressonância magnética serve para distinguir entre celulite e osteomielite (infecção no osso).

Em pacientes com celulite recorrente, testes sorológicos para o Estreptococo beta-hemolítico devem ser realizados, como os de anti estreptolisina O, anti deoxiribonuclease B, e anti hialuronidase.

Os dois últimos citados são mais confiáveis do que o primeiro (anti estreptolisina O).

Tratamento da erisipela

O tratamento da erisipela exige o acompanhamento por um médico especializado para evitar as complicações citadas acima.

Os pacientes devem ser tratados com antibiótico que atuem contra o estreptococo, inicialmente, por via oral, como:

  • Cefadroxila
  • Dicloxacilina
  • Amoxicilina
  • Associação de tripetoprima com sulfametoxazol
  • Clindamicina

As indicações da administração parenteral (injetável) são:

  • Manifestações de sintomas gerais que revelam o comprometimento de todo organismo, como febre superior a 38 graus, hipotensão (baixa pressão arterial) ou taquicardia (aceleração dos batimentos cardíacos)
  • Progressão rápida do eritema (vermelhidão) na pele
  • Rápida progressão das manifestações, além de 48 horas do início do antibiótico por via oral
  • Intolerância ao antibiótico oral
  • Erisipela severa
  • Morbidades associadas à baixa da imunidade, como AIDS e  transplantados de órgãos

Os principais antibióticos utilizados, baseado nas indicações acima, são cefazolina, ceftriaxona ou flucloxacilina.

O uso de antibiótico por via intramuscular para prevenir recidivas da erisipela ocorrem nas seguintes condições:

  • Edema consequente ao comprometimento da drenagem linfática
  • Insuficiência venosa
  • Obesidade
  • Imunossupressão (baixa da imunidade)
  • Fissuras (feridas) entre dedos dos pés por dermatófito (pé de atleta)

Nos casos de erisipela de repetição que tende a gerar grande deformidade da perna, a penicilina G Benzatina, por via intramuscular, deve ser reaplicada a cada 3 semanas durante muitos anos.

As pernas devem ser elevadas frequentemente, além de fazer a hidratação diária da pele.

É importante ressaltar que a automedicação pode ter efeitos contrários dos desejados. Por isso, é importante fazer o acompanhamento com um dermatologista. Marque sua consulta conosco e saiba qual o melhor tratamento para o seu caso de erisipela.