Pseudofoliculite da barba (pelos encravados): como tratar?

A pseudofoliculite da barba é uma inflamação que ocorre quando os pelos da barba voltam a crescer após o barbear e se reintroduzem na pele, causando os conhecidos pelos encravados. 

Essa condição é mais comum em homens com pelos encaracolados, sendo especialmente frequente em pessoas de pele mais escura. 

Os sintomas incluem pápulas (pequenos carocinhos endurecidos) e pústulas (bolhas de pus) na área da barba, que podem, em casos mais graves, levar à formação de queloide

Neste artigo, vamos discutir as causas, manifestações clínicas, prevenção e tratamento da pseudofoliculite da barba. 

A pseudofoliculite da barba é uma condição inflamatória que afeta os pelos da barba e a pele ao redor. Ela ocorre quando os pelos, após serem removidos pelo barbear, penetram novamente na pele. 

Embora seja mais comum na área da barba, pode ocorrer em outras partes do corpo, com pelos mais grossos e longos, especialmente após a remoção dos mesmos. 

A Pseudofoliculite da Barba é Frequente? 

A pseudofoliculite da barba é uma inflamação comum entre os homens, principalmente após começarem a se barbear, coincidindo com o surgimento dos pelos na puberdade e predominando na idade adulta, entre os 14 e 25 anos. 

Essa condição é significativamente mais comum em homens de pele escura, que geralmente têm pelos encaracolados.  

É menos frequente entre pessoas de origem asiática, hispânica e ainda mais rara em pessoas de pele clara. 

Nos Estados Unidos, cerca de 5 milhões de homens de pele escura são afetados pela pseudofoliculite da barba.  

Entre os homens de pele escura que ingressam no serviço militar dos EUA, a prevalência varia entre 45% e 83%. 

As mulheres são menos afetadas do que os homens. Quando ocorrem casos em mulheres, eles geralmente resultam da remoção de pelos faciais com pinça ou, no caso de mulherl⁰ transgênero, do ato de barbear. 

Essa condição é comum entre mulheres que apresentam: 

  • Síndrome do Ovário Policístico (SOP): Manifestada por hirsutismo (excesso de pelos), com prevalência semelhante à dos homens, devido à maior frequência de remoção de pelos. 
  • Período Pré-Menopausa: Fase marcada por alterações hormonais. 
  • Menopausa: Fase em que as alterações hormonais continuam a influenciar o crescimento dos pelos. 

Quais as Causas da Pseudofoliculite da Barba? 

Embora seja mais comum após o barbear, a pseudofoliculite da barba também pode ocorrer devido a outras formas de remoção de pelos, como cera e pinça. 

Após o barbear, o crescimento dos pelos pode seguir dois caminhos: 

Penetração Extrafolicular: 

Depois de barbear, o pelo pode crescer deitado sobre a pele e, em seguida, penetrar na pele alguns milímetros de onde saiu, atingindo uma profundidade de 2 a 3 milímetros (foto 1). 

Foto 1: Pseudofoliculite da barba com pelos deitados sobre a pele, gerando pelo encravado devido à penetração na pele entre os folículos pilosos. 

Este crescimento errado provoca uma reação inflamatória na pele, como se fosse um corpo estranho. Com o tempo, geralmente entre 3 e 6 semanas, o pelo reaparece na superfície da pele e as lesões desaparecem. 

Penetração Transfolicular: 

Esticar a pele antes de cortar o pelo faz com que a ponta do pelo retraia para dentro do folículo piloso. Assim, o pelo cresce dentro do folículo, rompendo a bainha que o reveste e invadindo a derme (segunda camada da pele). A natureza encaracolada do pelo favorece essa penetração, pois o pelo não cresce para fora da pele. 

Além de esticar a pele antes de barbear, o uso de lâminas de barbear com múltiplas camadas contribui para essa penetração interna. 

A predominância da pseudofoliculite da barba em indivíduos de pele escura se deve aos pelos encaracolados. Esses pelos, por serem encurvados, têm maior facilidade de se curvarem logo após surgirem e penetrarem na pele. 

A menor frequência de pseudofoliculite no bigode ocorre porque os pelos são menos encaracolados e têm diâmetro menor em comparação com outros pelos da barba. 

Quando o pelo atinge 10 milímetros de comprimento, dentro da pele, ele pode  atravessar a pápula e se tornar visível na superficie da pele, resultando na regressão espontânea da lesão. 

Como se Manifesta a Pseudofoliculite da Barba? 

A pseudofoliculite da barba se manifesta através de pápulas (pequenos carocinhos) que medem entre 2 a 5 milímetros.  

Em casos complicados por infecção bacteriana, lesões maiores podem surgir.  

Inicialmente, essas pápulas são avermelhadas (eritematosas) e, posteriormente, escurecem. 

As pápulas aparecem de 1 a 2 dias após o barbear e podem persistir por várias semanas, desaparecendo somente quando o pelo emergIr na superfície da pele. 

As pústulas (bolhinhas de pus) podem surgir por duas razões: 

  • Sem infecção bacteriana: Apenas como resultado da inflamação causada pela penetração do pelo. 
  • Com infecção bacteriana: Devido à presença de bactérias na área inflamada. 

A extensão da inflamação varia bastante. Em alguns casos, é limitada a poucas lesões, mas pode se espalhar por uma grande área da barba. 

Nos homens, as áreas mais frequentemente afetadas são a parte anterior do pescoço, seguida pela mandíbula, bochechas (regiões malares) e o queixo (fotos 2a e 2b). 

Fotos 2a e 2b: Pseudofoliculite da barba mostrando pápulas, pústulas e pelos deitados sobre a pele, resultado de pelos encravados, na parte anterior do pescoço. 

O bigode e as regiões das costeletas geralmente não são afetados. 

Nas mulheres, o queixo é a área mais afetada devido à maior densidade de pelos em casos de hirsutismo.  

Além disso, podem surgir pelos encravados no púbis, braços, pernas e axilas. 

Sensações de coceira e dor são comuns, 1 a 2 dias após o barbear, seguidas pelo aparecimento de pápulas e pústulas. 

Quais as Complicações da Pseudofoliculite da Barba? 

A pseudofoliculite da barba pode levar a várias complicações, incluindo: 

  • Mancha escura: Devido à inflamação da pele, pessoas de pele escura são especialmente propensas a desenvolver manchas escuras. 
  • Infecção bacteriana: Os arranhões causados pela coceira,  criam portas de entrada para bactérias.  

Isso se manifesta pelo aumento da dor. As lesões que se tornam flutuantes à palpação e drenam  material purulento. 

  • Queloide: Cicatrizes espessas que se formam devido ao processo de cicatrização anormal. 
  • Diminuição da autoestima e oportunidades de emprego: Especialmente em locais de trabalho que exigem barbear frequente, como nas forças armadas, essa condição pode impactar significativamente a autoestima e as oportunidades profissionais. 

Quais as Doenças que Podem Ser Confundidas com a Pseudofoliculite da Barba? 

Algumas doenças podem ser confundidas com a pseudofoliculite da barba, incluindo: 

  • Foliculite bacteriana: Manifesta-se com o surgimento abrupto de pústulas e pápulas avermelhadas, ao contrário da pseudofoliculite da barba, que tem evolução longa e apresenta pápulas de consistência endurecida. Na foliculite bacteriana, a cultura bacteriológica é positiva para a presença de estafilococos, enquanto na pseudofoliculite da barba, é negativa. 
  • Foliculite causada por traumatismo: Esta condição se manifesta por uma inflamação transitória do folículo piloso, devido à inflamação gerada pelo ato de barbear. Surgem pápulas avermelhadas e escoriações (arranhões). Diferente da pseudofoliculite da barba, as lesões desaparecem rapidamente ao suspender o ato de barbear. 
  • Tinha da barba: Causada pela infecção por fungo dermatófito (impinge), apresenta pápulas, pústulas e nódulos (caroços maiores).  

Distingue-se da pseudofoliculite da barba pela facilidade de remoção dos pelos e é confirmada pelo exame micológico (exame direto e cultura). 

  • Acne queloideana da nuca: É uma condição similar à pseudofoliculite da barba, diferindo apenas pela localização. Ambas as doenças podem coexistir. 

A Pseudofoliculite da Barba Pode Ser Prevenida? 

Prevenir a pseudofoliculite da barba envolve impedir que os pelos penetrem na pele entre os folículos pilosos, ou seja, evitar que eles se tornem encravados. 

Aqui estão algumas medidas preventivas: 

  • Evitar remover os pelos: Deixar de barbear, usar cera ou pinça pode ajudar. 
  • Manter o comprimento do pelo: Durante o barbear, manter o comprimento do pelo não inferior a meio centímetro. 
  • Reduzir a frequência do barbear: Barbear-se 2 a 3 vezes por semana em vez de diariamente, pode reduzir o número de lesões. 
  • Usar creme ou gel lubrificante: Aplicar uma grande quantidade de creme ou gel para deixar os pelos macios  pode evitar que se formem pontas afiadas. 

 Alternativamente, aplicar uma compressa morna por 5 a 10 minutos, antes do ato de barbear. 

  • Lavar a região com movimentos circulares: Usar uma esponja, pano levemente abrasivo ou pincel para barbear diariamente  pode ajudar a liberar os pelos encravados. 

Não existe consenso sobre o tipo de lâmina de barbear a ser usada. No entanto, recomenda-se o uso de um aparelho elétrico que corte o pelo a uma certa distância da superfície da pele, idealmente,  a um mínimo de 1 milímetro. 

Evitar: 

  • Esticar a pele antes de barbear. 
  • Cortar o pelo no sentido contrário ao seu crescimento. 
  • Usar lâminas de barbear cegas. 
  • Barbear-se de forma infrequente, o que permite que os pelos atinjam um comprimento que predisponha a encravar. 
  • Puxar os pelos encravados, pois isso pode levar a inflamação do folículo piloso e subsequente penetração do pelo na parede do folículo (crescimento transfolicular). 

As lesões desaparecem após 1 a 6 meses, mas as manchas escuras (hiperpigmentação) podem demorar mais para desaparecer.  

Após a involução da pseudofoliculite, os pelos podem ser cortados rente à pele. 

A Pseudofoliculite da Barba Tem Tratamento? 

Sim. A pseudofoliculite da barba tem tratamento. Aqui estão as principais opções: 

  • Remoção de pelos encravados: Os pelos que penetraram na pele podem ser removidos com uma escova de dente ou uma agulha esterilizada. 

Se não for possível deixar de se barbear, as seguintes alternativas podem ser consideradas: 

  • Corticosteroides de baixa potência: Em forma de creme, são úteis para controlar a inflamação da pele. 

 Para inflamações intensas, corticosteroides podem ser injetados nas lesões, especialmente em queloide, a cada 4 a 6 semanas. 

  • Antibióticos tópicos: Indicados para casos com infecção bacteriana. Combinam peróxido de benzoíla com clindamicina ou eritromicina. 
  • Cremes para diminuir a espessura da pele: Cremes com ácido retinoico, ureia e ácido glicólico podem reduzir o risco de pelos encravados.  

É necessário uso prolongado para manter o controle. 

  • Peelings:  3 tipos de peelings correspondente ao ácido glicólico, ácido salicílico ou ácido tricloroacético podem reforçar as opções de tratamento acima. 
  • Eflornitina em creme: Retarda o crescimento dos pelos, diminuindo sua densidade e melhorando a pseudofoliculite.  

É mais eficaz quando combinada com tratamento a laser. 

  • Antibióticos orais: A eficácia é discutível na ausência de infecção bacteriana.  

Tetraciclina e seus derivados, como doxiciclina, podem ser usados por seu efeito anti-inflamatório adicional, com tratamento entre 1 e 3 meses. 

  • Tratamento hormonal: Antiandrógenos são úteis para mulheres com síndrome do ovário policístico, ajudando a diminuir a densidade dos pelos. 
  • Laser: Múltiplas sessões são necessárias para a remoção definitiva dos pelos.  

Esta é a melhor opção de tratamento, pois apenas 10 a 20% dos pelos permanecem após o tratamento. 

O laser é eficaz apenas sobre os pelos que ainda não se tornaram brancos. 

Coceira na pele. Quais as causas e como tratá-la?

Uma queixa frequente da população, quando realiza uma consulta com o dermatologista, é a coceira, também conhecida como prurido.

Os seus sintomas variam de intensidade de acordo com a causa e entre os pacientes.

Quando muito intenso gera uma grande queda da qualidade de vida do paciente, já que pode perturbar muito suas atividades diárias e até a qualidade do sono dele e dos familiares.

Continue lendo o nosso post e saiba mais sobre a coceira!

Quais são as causas de coceira?

As causas podem se originar na pele ou internamente. 

As originadas na pele estão relacionadas aos processos inflamatórios consequentes de diversos fatores, como:

  • manifestação na pele de alergia hereditária, como a dermatite atópica
  • alergia, como a dermatite de contato (alergia ao contato da pele com substâncias)
  • ingestão ou injeção de medicamentos (farmacodermia)
  • nas gestantes durante o terceiro trimestre da gravidez
  • urticária (lesões fugazes na pele e que desaparecem em menos de 24 horas).

Também pode ser causada por doenças infecciosas na pele ocasionadas por:

  • bactérias, fungo e vírus
  • parasitas, como escabiose (sarna)
  • pediculose na cabeça (piolho) e na região genital (vulgarmente conhecido como chato)
  • picadas de insetos.

Tumores malignos originados na pele também podem provocar muita coceira, como os linfomas. 

Além disso, a pele seca é a causa mais frequente de coceira nos idosos.

As doenças de origem interna podem provocar muita coceira sem lesões características na pele, exceto o que é provocado pelo ato de coçar, como arranhões (escoriações) e engrossamento da pele (liquenificação).

Outros fatores internos podem estar ligados com mau funcionamento:

  • dos rins (insuficiência renal crônica)
  • do fígado (obstrução das vias biliares e vesícula manifestada pelos olhos amarelados)
  • da tireoide (funcionamento exagerado conhecido como hipertireoidismo ou funcionamento mais lento e conhecido como hipotireoidismo).

Além disso, outros fatores são:

  • Diabetes Mellitus
  • menopausa
  • AIDS
  • doenças hematológicas (origem no sangue), como anemia
  • cânceres, como doença de Hodgkin e linfoma não Hodgkin
  • câncer interno, como os que se originam no colo do útero, próstata e intestino grosso.

Também podem estar ligadas com enfermidades de origem neurológica, tanto no cérebro (tumor maligno) quanto nos nervos, como a esclerose múltipla e herpes zoster (cobreiro).

As doenças de origem psiquiátrica como ansiedade, depressão, transtorno obsessivo-compulsivo e esquizofrenia, também podem ser origem de coceira e a própria coceira pode agravar o transtorno psiquiátrico.

Todas essas situações são possíveis causas e apenas um médico especializado poderá diagnosticar.

Como é feito o tratamento de coceira?

O tratamento de coceira será orientado pela causa.

O originado na pele por causas alérgicas deve ser realizado com creme, comprimido ou injeção de corticosteroide e de cremes hidratantes, este último, quando for controlada a coceira.

Os anti-histamínicos também são muito eficientes na urticária.

Por isso, se você tem coceira, é fundamental consultar um médico para identificar a causa e ter o tratamento certo.

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