Melanoma: o que é, por que ocorre e como tratar

Dr. Sergio Paulo

O melanoma é o tumor maligno mais agressivo, sendo o maior responsável pela mortalidade. Ele está relacionado aos sinais escuros da pele.

É consequente à transformação maligna do melanócito, célula responsável pela produção da melanina, pigmento que define a cor da pele. Essa célula, normalmente, está localizada na junção entre a camada mais superficial, a epiderme, e a derme.

Quer saber mais sobre o melanoma, ver porque ele ocorre e como é feito o tratamento? Então continue lendo e confira!

Incidência do melanoma

O melanoma é o quinto câncer mais frequente do organismo, tanto em homens quanto em mulheres. Apesar disso, ele é mais raro do que o outro tipo de câncer de pele, chamado de não melanoma.

Sua incidência aumenta com a idade. É raro na infância, correspondente a cerca de 2% dos casos, onde a maioria afeta os adolescentes entre 15 e 16 anos.

Existe uma relação inversa entre a frequência e a mortalidade do câncer de pele, onde o melanoma, por exemplo, é responsável por 3% dos tumores malignos da pele e 67% da mortalidade.

Entre todos os tipos de câncer, esse é o mais fatal nos adultos jovens.

Isso ocorre pela alta probabilidade dessa neoplasia sofrer metástase, o que ocorre quando a doença se espalha para outros órgãos.

A incidência do melanoma vem aumentando na pele mais clara, dobrando sua incidência a cada 10 anos. Nos Estados Unidos, triplicou na população branca nos últimos 20 anos. 

O que causa esse câncer de pele?

Os fatores de risco para o surgimento do melanoma estão relacionados tanto com questões ambientais quanto com a hereditariedade.

A exposição solar é o principal fator ambiental. As pessoas mais susceptíveis a essa irradiação são aquelas com pele, olhos e cabelos claros e que têm maior tendência a se queimar mais do que de se bronzear, especialmente em áreas do corpo mais sujeitas à exposição solar, mesmo a intermitente. 

Outros fatores importantes são a grande intensidade de exposição solar na infância, ao ponto de gerar a formação de:

  • Bolhas
  • Grande quantidade de nevos melanocíticos, os famosos sinais escuros
  • Nevos atípicos (sinais escuros especiais)

Os pacientes com relato de melanoma no passado, assim como melanoma em outros membros da família, também são mais propensos a essa doença.

Aproximadamente 10% dos casos de melanoma tem histórico na família desse tumor, reforçando a influência da hereditariedade, geralmente associada com a síndrome dos nevos atípicos.

Como o melanoma se manifesta?

O melanoma pode surgir em qualquer local da pele e das mucosas, com o aparecimento de um sinal escuro ou da mudança de aspecto de um já existente.

Dois terços dos melanomas surgem espontaneamente, independente de nevo (sinal) preexistente.

Para identificar um sinal que pode ser câncer de pele, deve-se utilizar a regra do ABCD:

  • Assimetria: impossibilidade de ser dividido igualmente ao meio
  • Bordas irregulares: como se “derramasse pigmento” ao redor
  • Cor: diferentes tonalidades, desde o marrom-claro até o negro escuro vermelho, azul e cinza
  • Diâmetro: que ultrapasse 6 milímetros
Foto1 – Regra ABCD

A pele é afetada em 90%, o olho em 9% e as mucosas do trato digestivo e respiratório em 1%. E uma localização peculiar é na unha, de difícil diagnóstico.



Foto 2 – Melanoma na unha com bordas irregulares e diferentes tonalidades e ulcerado 

Por isso, é muito importante o exame dermatológico completo na busca pelo tumor precocemente, representado por uma mancha, mas que pode evoluir para um tumor elevado, com tendência a surgir ferida (ulcerar).


Foto 3a – Melanoma inicial cercado de sinais escuros benignos

Foto 3b – Melanoma inicial cercado de sinais escuros benignos (em aproximação) 

Portanto, o grande desafio é tratar o melanoma na fase inicial, por seu difícil diagnóstico. Já que pode ser facilmente confundido com um sinal escuro benigno, onde há a possibilidade de ser totalmente curado, ao contrário dos tumores em estágio avançado, que conseguem se propagar para outros órgãos, como pulmão, cérebro e fígado.


Foto 4 – Melanoma em estágio avançado com diferentes tonalidades e borda irregulares

Foto 5 – Nevo melanocíticos adquirido, com bordas regulares e tonalidade uniforme

Daí a necessidade de educação continuada da população durante todo o ano, para tomar cuidado com a exposição ao sol e assim evitar o surgimento do melanoma, especialmente em pessoas de pele branca, além do diagnóstico precoce. 

O Instituto ProntoPele é uma ONG comprometida com essa educação da população, através de ações nos mais variados ambientes, como escolas, unidades de saúde e praias.

Como é feito o diagnóstico do melanoma?

O dermatoscópio é um aparelho composto de lentes de aumento, que quando aplicado sobre a pele, permite a visualização até suas camadas mais profundas. O seu uso permite a detecção de várias alterações do melanoma, impossível com apenas o exame clínico.

O mapeamento dos nevos melanocíticos (sinais escuros comuns) de toda pele com o dermatoscópio, feito semestral ou anualmente, acompanhado de fotos digitais da pele e do próprio aparelho, são muito importantes para o acompanhamento das modificações do aspecto desses sinais, para a detecção do melanoma na fase precoce, ainda curável.

O exame histopatológico, conhecido como biópsia, permite a confirmação do diagnóstico, além de avaliar a espessura do tumor, fundamental para determinar o prognóstico.

Tratamento do câncer de pele tipo melanoma

O tratamento ideal, totalmente curável, para o melanoma é quando o tumor é tratado precocemente, ainda no local de origem.

Ele consiste na remoção cirúrgica de todo tumor. Não é necessária a remoção com margens muito amplas, no máximo, 2 centímetros.

Quando existe suspeita de disseminação do tumor (metástase) para os gânglios (ínguas) mais próximos do tumor, identificados pelo aumento de volume desses e confirmado por exames de imagem (como a ressonância magnética e a tomografia), esses gânglios devem ser removidos cirurgicamente.

Não havendo gânglio linfático com suspeita de metástase pelos métodos citados acima, a conduta atual é a pesquisa do linfonodo sentinela. 

Essa pesquisa consiste da linfocintilografia pré-operatória, seguida pela linfadenectomia (remoção cirúrgica do gânglio regional) com o auxílio de um corante específico e, finalmente, o estudo histopatológico (análise ao microscópio do gânglio removido)

Os casos de melanoma em estágio mais avançado, manifestados por metástase além dos gânglios linfáticos, temos os seguintes recursos terapêuticos:

Metastasectomia: remoção cirúrgica de metástase, quando ainda em pequeno número pode resultar em uma sobrevida longa, utilizada isoladamente ou como complemento de um tratamento com medicamento antitumoral prévio.

Imunoterapia: um grande avanço na sobrevida dos pacientes com essa doença em estágio avançado, ou seja, com metástase disseminada para vários órgãos. Tem sido obtido pela combinação de medicamentos que agem sobre as alterações imunológicas do paciente, alterações essas que permitiram a instalação do melanoma. 

Essa combinação consiste do pembrolizumabe, nivolumabe e ipilimumabe, e que podem oferecer uma sobrevida no período de 5 anos de até 55%.

Terapia direcionada: consiste na atuação de medicamentos diretamente nas alterações genéticas das células do melanoma e que geraram uma multiplicação desordenada delas. 

Os medicamentos mais utilizados são a dabrafenid, trametinid, vermurafenid, cobimetinid e encorafenib. São também mais eficazes quando utilizados em combinação.

Radioterapia: tem ação paliativa, especialmente sobre metástase no cérebro.

Quimioterapia tradicional: não é mais utilizada, já que não melhora a sobrevida dos pacientes com melanoma em estágio avançado.

Se você ainda tem alguma dúvida sobre o melanoma ou deseja examinar os seus sinais, entre em contato conosco para agendar uma avaliação individual.