Tire suas dúvidas sobre a inflamação do pênis, a balanopostite

Dr. Sergio Paulo

A inflamação do pênis pode ocorrer de diferentes formas. Quando afeta apenas a glande é chamada de balanite, e quando afeta também o prepúcio é a balanopostite.

 

Independentemente do tipo, esse problema deve ser levado a sério, uma vez que pode trazer consequências para a saúde do paciente.

 

Para falar mais sobre a balanopostite, criamos esse conteúdo. Nele, você vai entender as causas, os principais sinais e a forma de tratamento dessa inflamação do pênis que gera tanta preocupação nos homens.

 

Incidência da balanopostite

 

A balanopostite é motivo frequente de consulta ao urologista, correspondendo a 11% dos agendamentos nos Estados Unidos.

 

É muito menos frequente entre os judeus pelo hábito da postectomia (remoção do prepúcio), logo após o nascimento.

 

O que causa a balanopostite?

 

A balanopostite pode ter diversas causas. Entre elas está a limpeza exagerada e o trauma no pênis. 

 

Nesses casos, há redução da defesa natural do órgão, composta pela barreira das secreções da próstata, da bexiga e do  meato uretral que protege a superfície interna do prepúcio e o correspondente à glande.

 

Mas a causa mais frequente é consequência da falta de higiene pela insuficiência de exposição da glande para limpá-la e enxugá-la após o banho, especialmente nos homens com prepúcio longo. 

 

Isso gera acúmulo de secreção do suor, de descamação natural da pele, de bactéria e de fungo.

 

Além disso, os pacientes com diabetes mellitus, trauma do zíper de calça e obesidade também são mais propensos a terem balanopostite.

 

Entre as principais causas, podemos citar:

 

  • infecção por fungo: sendo a Cândida albicans a mais frequente
  • infecção por bactérias: como estafilococo aureus e estreptococo
  • infecção por parasitas: como escabiose e trichomonas vaginalis
  • doenças que causam inchaço no corpo: como cirrose hepática, insuficiência cardíaca congestiva e doença dos rins
  • doenças pré-malignas: como líquen escleroso e atrófico, balanite de Zoon, carcinoma in situ (eritroplasia de Queyrat) e papulose bowenoide.

 

 

Como a balanopostite se manifesta?

 

A balanopostite pode ter diferentes manifestações, dependendo da sua causa. 

 

De forma geral, surge eritema (vermelhidão) na parte interna do prepúcio e o correspondente ao contato com a glande.

 

Apesar do fungo cândida habitar normalmente o pênis, em 15 a 20% dos homens, como parte da flora normal do local, sem causar doença, pode gerar candidíase pela perda dessa relação harmoniosa, geralmente por diminuição da imunidade, como acontece na AIDS e no diabetes.

 

As manifestações mais frequentes da doença são as seguintes: 

  • líquido semelhante à coalhada
  • erosões, correspondente ao local de contato da glande com o prepúcio
  • coceira
  • sensação de queimação

 

Quando a inflamação da candidíase é muito intensa, deve ser suspeita a associação com diabetes mellitus.

 

Quando é provocada por bactérias anaeróbias, aquelas que sobrevivem sem oxigênio, gera líquido com pus espesso e odor fétido, além de inchaço da glande e do prepúcio, e inflamação dos gânglios nas virilhas.

 

Nos casos causados pela psoríase, se manifesta por eritema (vermelhidão) intenso na glande, sem as escamas características da doença em outras partes do corpo, decorrente da sua remoção pela fricção da glande sobre o prepúcio.

 

Em relação aos eczemas, a balanopostite se manifesta a partir dos sintomas próprios das doenças, somados a alterações no pênis.

 

No eczema atópico, além dos achados de inflamação referidos anteriormente, há intensa coceira. As manifestações características nas dobras dos cotovelos e dos joelhos, e no rosto ajudam no diagnóstico.

 

A dermatite de contato pode também gerar muito prurido (coceira) e inflamação no pênis, induzido, frequentemente, pela limpeza exagerada com sabonetes, além da aplicação de medicamentos e outras substâncias como aroeira.

 

O líquen plano se manifesta por lesões violáceas associado a prurido intenso, além de lesões muito características em outras mucosas e na pele.

 

Já o líquen escleroso se manifesta por lesões esbranquiçadas que podem evoluir para:

  • esclerose (endurecimento) da pele do prepúcio
  • ulcerações (feridas)
  • vesículas (bolhinhas d’água)

 

Nos casos mais avançados de líquen escleroso, pode surgir dificuldade de exteriorização do pênis (fimose) e estenose da uretra. Esta, tem como consequência dificuldade de eliminar a urina.

 

Complicações da balanopostite

 

A balanopostite conta com alguns riscos caso não seja tratada por um urologista ou dermatologista.

 

Cerca de 1% dos pacientes têm câncer no pênis por causa dessa inflamação.

 

Além disso, o adiamento do tratamento da balanopostite pode gerar inchaço (edema) no pênis e consequente aderência do folheto interno do prepúcio à glande, além de cicatrizes no local.

 

Demorando mais ainda para ser controlada a inflamação, pode surgir a fimose, que consta da incapacidade de expor a glande pelo excesso de aderência do prepúcio no pênis.

 

Outra complicação desse inchaço do pênis é a parafimose, que consiste no aprisionamento do prepúcio antes do início da glande. 

 

Esse aperto da parafimose gera dificuldade de o sangue circular livremente na glande e pode ocasionar gangrena do pênis. Portanto, é considerada uma urgência urológica.

 

Como a balanopostite deve ser tratada?

 

A limpeza correta do pênis é muito importante na prevenção da inflamação dele, especialmente naqueles que não foram submetidos à circuncisão. 

 

Consta da retração completa do prepúcio para ser realizada uma limpeza completa, incluindo a glande, além da lavagem com soro fisiológico, quando o local estiver inflamado. 

 

Essa limpeza não deve ser exagerada, como uso de sabonetes, e não deve incluir substâncias irritantes como detergentes, a fim de impedir o surgimento de inflamação. 

 

Quando houver infecção por candidíase, recomenda-se a aplicação de creme contendo, por exemplo, derivado imidazólico. 

 

Se o parceiro sexual não apresentar manifestações da candidíase, não é necessário tratá-lo. 

 

Quando houver resistência ao tratamento, através de reinfecções frequentes, recomenda-se a postectomia (remoção cirúrgica do prepúcio).

 

Quando existe relação com infecções pelas bactérias estafilococo ou estreptococo, deverá ser aplicado creme contendo antibiótico. Nos casos mais severos, é necessária a ingestão de antibiótico. 

 

Infecções por bactérias anaeróbias devem ser tratadas com metronidazol, por via tópica e, por via oral, nos casos mais intensos. 

 

O líquen escleroso e atrófico é tratado, inicialmente, com a aplicação de corticosteroide. Nos casos mais resistentes, utiliza-se derivado sintético da vitamina A, a acitretina, por via oral, além da circuncisão. 

 

Ao suspeitar de balanopostite, vá em um urologista ou dermatologista para iniciar o tratamento o quanto antes e evitar essas complicações.

 

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