O que é e qual a causa da dermatite atópica?
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A dermatite atópica é uma doença que se manifesta pela inflamação da pele.
Ela é associada a muita coceira, pele seca e evolução prolongada (crônica).
Além disso, também tem associação com alergia tipo asma e rinite no portador da doença e também em membros da família.
A doença, incluindo manifestações da dermatite atópica, rinite, asma e outras manifestações, é genericamente chamada de atopia.
Continue lendo o nosso post e saiba mais sobre a dermatite atópica e atopia!
Qual a incidência da dermatite atópica?
É frequente o início da doença na infância, sendo 45% dos casos até os seis meses, 60% durante o primeiro ano de vida e 85% antes dos cinco anos.
Em menos de 2% dos casos, o início acontece na vida adulta. Afeta 5 a 20% das crianças e predomina no sexo feminino.
Aproximadamente 30% dos pacientes desenvolvem asma e 35% também rinite.
A dermatite atópica, geralmente, é a primeira manifestação da doença em muitos doentes e seguido por asma, rinite ou ambos. Essa evolução é conhecida como Marcha Atópica.
A incidência da dermatite atópica vem aumentando ao longo das últimas décadas sendo mais frequente em áreas urbanas e em países desenvolvidos, e nestes países tem duplicado ou triplicado nas últimas três décadas.
Qual a causa da dermatite atópica?
A causa não é bem conhecida, porém múltiplos fatores participam da dermatite atópica.
Um dos mais importantes é a hereditariedade.
Aproximadamente 70% dos pacientes têm outros membros com manifestações de atopia, ou seja, rinite, asma e dermatite atópica.
O risco de desenvolver dermatite atópica dobra ou triplica se um dos pais é alérgico e triplica e até aumenta 5 vezes se ambos pais forem alérgicos.
A pele do paciente com dermatite atópica é muito sensível a vários estímulos e exigindo menor intensidade deles para gerar coceira e inflamação da pele.
Mínimos estímulos como roupas com maior atrito (como as de lã) e atrito da toalha ao se enxugar a pele geram vontade de coçar.
Produtos como sabões, detergentes e solventes irritam a pele, porque a pele oferece menos resistência à penetração dessas substâncias.
Para evitar isso, é recomendado o uso de luva para atividades domésticas.
Embora 30 a 80% dos pacientes portadores de dermatite atópica são alérgicos a certos alimentos, o momento da introdução de alimentos sólidos do bebê- ou estratégias de evitar certos alimentos durante a gravidez ou no puerpério (logo após o nascimento) – não influencia no risco de a criança desenvolver dermatite atópica.
Embora alergia alimentar seja um assunto controverso, ela é mais frequente no primeiro ano de vida, com pico de incidência aos 18 meses.
Os alérgenos mais frequentes são ovo e leite, mas trigo, soja e amendoim também são alérgenos potenciais.
O que é incontestável é a importância do aleitamento materno até os 2 anos e não se deve fazer dieta restritiva, a menos que se comprove o agravamento da dermatite atópica com certos alimentos e essa relação é mais provável nos casos de dermatite atópica severa.
A alergia ao ácaro da poeira domiciliar também contribui, principalmente nas crianças, a partir da idade pré-escolar.
A sudorese induz a vontade de coçar e, portanto, é indicado roupas que facilitem a transpiração, como as de tecido de algodão e folgadas, além de intensificar o uso de ar condicionado no verão.
Os pacientes não suportam extremos de temperatura, além do calor, o clima frio e seco.
Este último agrava o ressecamento da pele, causa muito importante na indução da coceira e inflamação da pele.
Os enfermos nasceram com menor imunidade contra infecções bacterianas, virais e fúngicas na pele, especialmente nos locais com maior inflamação.
Existe uma maior proliferação do Estafilococo aureus e do fungo Malassezia furfur, que são habitantes naturais da pele e que estão presentes em maior quantidade na pele aparentemente normal do paciente e gerando inflamação.
O estresse induz ou agrava a dermatite atópica e isso é confirmado pela coincidência do agravamento da doença com separações dos pais e atrito familiar, por exemplo.
A aparência antiestética da pele é motivo de bullying na escola e diminuição da autoestima.
Manifestações clínicas
As manifestações da doença se caracterizam pela tríade de coceira (prurido) intensa, pele seca (xerose) e inflamação (eczema).
A pele seca se caracteriza por descamação fina e áspera ao tato, geralmente atingindo a maior parte da pele, apesar de poder ser localizada.
O prurido sempre está presente em grande intensidade e interferindo com as atividades diurnas – e durante o sono – que piora durante a sudorese.
O ato de coçar provoca espessamento da pele, o qual mantém a coceira, gerando um ciclo vicioso de coceira e engrossamento da pele, além de criar porta de entrada para penetração de bactérias existentes normalmente na pele e consequente infecção bacteriana.
As manifestações clínicas da dermatite atópica variam com a idade e apresentam características peculiares quanto aos tipos de lesões e localização das mesmas.
Geralmente, três fases podem ser identificadas:
Dermatite atópica infantil
Surge entre 3 meses e dois anos. Manifesta-se com eritema (manchas avermelhadas) e que, nos casos mais intensos, podem cursar com vesículas (bolhas pequenas). Estas ao se romper se transformam em lesões com crostas consequente ao ressecamento do líquido das vesículas.
Até os seis meses localizam-se predominantemente na face (em especial nas regiões malares e poupando a parte central do rosto) e no couro cabeludo.
As lesões podem permanecer localizadas nessas áreas ou estender-se e atingir toda a face, o pescoço, a parte de extensão (parte externa) dos membros e, nos casos graves, generalizar-se.
Após os três meses de vida, quando se desenvolve a coordenação para o ato de coçar, aparecem as escoriações (pele arranhada) e consequente penetração de bactérias, gerando infecção bacteriana.
Nessa fase, as lesões tendem a ser exsudativas (úmidas por líquido na pele). As lesões evoluem por surtos, podendo desaparecer completamente, e apenas melhorar ou persistir com maior ou menor intensidade.
Dermatite atópica pré-puberal
Surge entre os 3 e 12 anos. Pode ser uma continuidade da primeira fase ou aparecer pela primeira vez nessa fase.
Tem localização preferencial nas dobras dos cotovelos e joelhos.
Comumente também são afetados o rosto, o pescoço, os punhos, as nádegas, a face posterior das coxas e o dorso das mãos e dos pés.
Nessa fase, ao contrário da anterior, as lesões são mais secas e espessadas (liquenificadas), além de arranhadas (escoriadas), consequente ao ato de coçar pelo prurido intenso.
Nos casos mais graves, a inflamação da pele pode se generalizar a todo corpo. A ocorrência de infecção bacteriana é menos frequente do que na fase infantil.
A afecção pode permanecer até a puberdade ou desaparecer no decorrer da infância.
Dermatite atópica da adolescência e do adulto
A localização e o aspecto da pele são os mesmos da fase pré-puberal. A face é geralmente acometida, apresentando palidez e lesões avermelhadas, tendo uma preferência pela pele ao redor da boca e dos olhos.
Uma localização particular nas adolescentes e mulheres jovens é o seio, afetando apenas um lado.
Antecedendo ou associado às lesões referidas, muitos pacientes apresentam outras manifestações como:
- pele com aspecto de arrepiada (braços, coxas e rosto),
- acentuação do ressecamento da pele e sendo mais intenso nas pernas (ictiose),
- manchas mais claras do que a pele, semelhante ao pano branco (pitiriase versicolor), decorrente, também, do ressecamento da pele.
Complicações da dermatite atópica
Os pacientes são mais vulneráveis à infecção bacteriana pelo Staphylococcus aureus e menos frequentemente pelo Streptococcus piogenes e que contribui para agravamento da inflamação da pele.
Também apresentam maior susceptibilidade a infecções por vírus como molusco contagioso, verruga vulgar e herpes simples.
A dermatite atópica predispõe a reação anafilática decorrente da hiper-reatividade a substâncias alérgenas como medicamentos (penicilina) e vacinas sendo uma reação muito grave, ameaçadora à vida.
Observa-se retardo do crescimento relacionado à ingestão de corticosteroide ou à própria doença.
Alterações oculares podem ocorrer como catarata em 10% dos casos, principalmente nos casos graves de dermatite atópica e com acometimento prolongado do rosto, ceratoconjuntivite, uveíte, descolamento de retina, fotofobia (sensibilidade à exposição solar) e ceratocone.
Nos casos de dermatite atópica grave, de longa evolução e com lesões na face, deve ser realizado exame oftalmológico periódico de modo a detectar afecção ocular precocemente.
Qual é o tratamento?
A prevenção é realizada através de diversas medidas. É necessário consultar um médico para saber quais são indicadas para cada caso.
Em geral, é recomendado banho de curta duração e com menor quantidade de sabonete, o menos quente possível.
Para secagem, não friccionar a pele ao se enxugar com a toalha.
Deve-se evitar lavar as mãos frequentemente e atividades de dona de casa que envolvam contato com detergentes e proteger as mãos com luva de algodão e revesti-la com luva de borracha.
As unhas devem ser cortadas duas vezes por semana de modo a evitar traumatizar a pele consequente ao ato de coçar.
É recomendado evitar extremos de temperatura como clima frio e seco (acentuam o ressecamento da pele) e quente e úmido, que agravam a coceira.
Outra medida é manter o quarto arejado e sem poeira e sendo, portanto, necessário limpar os objetos com pano úmido e evitar carpetes e cortinas. Também deve-se evitar contato com animais, devido ao pelo deles.
É muito importante a hidratação frequente da pele através da aplicação de loções e cremes, preferencialmente logo após o banho, antes de 3 minutos após se enxugar, já que mesmo após o banho, a pele aparentemente seca, ainda resta alguma quantidade de água que potencializa a ação do creme hidratante.
O tratamento propriamente dito consiste na hidratação da pele e combate à inflamação.
Deve ser aplicado creme à base de ceramida na pele sem inflamação, durante e principalmente entre as crises, regularmente, para manter a hidratação da pele.
A inflamação, nos casos mais leves e localizados, deve ser combatida com aplicação de cremes contendo corticosteroide e com o cuidado de evitar o uso prolongado de modo a evitar a atrofia da pele, principalmente nas dobras, onde pode provocar a formação de estrias.
De modo a poupar a pele da atrofia pelo uso prolongado de corticosteroide, pode ser aplicado outras substâncias anti-inflamatórias como o pimecrolimo e o tacrolimo.
Nos casos disseminados, pode ser ingerido corticosteroide por curto período além de outros remédios anti-inflamatórios, também por via oral.
Uma vez que a inflamação for sendo controlada, iniciar a fototerapia e que consiste na irradiação da pele com energia derivada do sol.
Vale ressaltar, novamente, que o tratamento adequado só será prescrito após a análise de cada caso e que a automedicação pode ter um efeito contrário ao desejado, piorando a doença.
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