Você já ouviu falar de bromidrose?

Dr. Sergio Paulo

Todos os indivíduos manifestam odor corporal, mas o suor com odor exageradamente fétido é chamado de bromidrose. Essa palavra deriva do grego bromos que significa fedor e hidros é suor.

A sudorese é considerada patológica quando a sensação desagradável é percebida pelo próprio indivíduo e por outras pessoas, prejudicando a sua qualidade de vida.

Continue lendo o nosso post e saiba mais sobre bromidrose.

Qual a causa da bromidrose?

A bromidrose pode ter origem nas glândulas apócrinas ou écrinas.

As glândulas apócrinas estão localizadas nas axilas, seios e área anogenital e têm como principal função a secreção dos ferormônios, ligado à atração sexual.

As axilas são os locais mais comuns da bromidrose apócrina.

Já as glândulas écrinas estão distribuídas por todo o corpo, exceto a glande (pênis), clitóris, pequenos lábios, canal auditivo externo e lábios.

Essas glândulas écrinas são responsáveis pela regulação da temperatura do corpo através da maior ou menor eliminação do suor, estimulado por diferentes fatores, como:

  • Calor
  • Exercício físico
  • Emoção
  • Certos alimentos

A bromidrose écrina está localizada mais frequentemente nos pés.

Incidência da bromidrose

A bromidrose é mais comum em descendentes de japoneses, chineses, taiwaneses, coreanos e outros grupos asiáticos.

Além disso, os homens são mais afetados do que as mulheres.

A bromidrose apócrina ocorre após a puberdade e se torna mais rara nos idosos, enquanto a écrina não tem preferência por idade.

Bromidrose apócrina

A secreção da glândula apócrina contém moléculas precursoras, responsáveis pelo mau odor, como o ácido 3-metil-2-hexaenoico.

Ainda não tem cheiro ao chegar à superfície da pele, porém, ao ser degradada por enzimas das bactérias do gênero Cutibacterium, Corynebacterium, Micrococcus e Staphylococcus, origina substâncias responsáveis pelo mau odor.

Os ácidos graxos existentes na secreção sebácea podem ser decompostos em tioalcoóis, também responsáveis pelo mau odor.

A falta de higiene promove o crescimento exagerado dessas bactérias, particularmente nos diabéticos, obesos e pacientes portadores de doenças que cursam com inflamação nas dobras da pele (intertrigo por candidíase, por exemplo).

O suor em excesso também contribui.

A secreção dos ferormônios androstenona e androstenol pela glândula apócrina também contribui para a bromidrose e já tem propriedade de mau odor mesmo antes da degradação pelas bactérias da pele.

No caso da bromidrose apócrina, os pacientes possuem glândulas apócrinas maiores e em maior número. Existe uma predisposição genética, confirmada pela ocorrência da condição em outros membros da família.

Bromidrose écrina

A bromidrose écrina pode ser localizada ou generalizada. A forma localizada atinge os pés.

O excesso de sudorese gera maceração da pele e cria ambiente favorável para a proliferação exagerada de bactérias e consequente degradação da queratina da pele.

Nesse caso, o odor é “rançoso” ou “azedo”.

A bromidrose écrina generalizada está relacionada à ingestão de substâncias ou de doença sistêmica como:

  • Dieta contendo alho, cebola, curry e ingestão de álcool
  • Medicamentos como penicilina e brometos
  • Toxinas como metais pesados
  • Distúrbios metabólicos, como fenilcetonúria, trimetilaminúria e acidemia isovalérica
  • Doenças sistêmicas, como insuficiência hepática ou renal, gota, escorbuto e febre tifoide

No caso da insuficiência renal ou hepática, o odor resultante é semelhante ao de amônia.

A bromidrose deve ser diferenciada de doenças psiquiátricas onde o paciente tem a sensação errônea de ser portador de mau odor como na esquizofrenia, na epilepsia ou em consequência de tumores do sistema nervoso central.

Esses distúrbios são confirmados pela ausência de percepção de mau odor pelo médico e pelos familiares.

Tratamento da bromidrose

O paciente deve ser incentivado a lavar a região afetada diariamente e a usar roupas de tecido de algodão ou materiais que absorvam a umidade da pele, especialmente meias que evitem o mau cheiro (chulé).

As roupas encharcadas de suor devem ser trocadas imediatamente e cada peça deve ser lavada diariamente.

A utilização de substâncias esfoliantes para remover o excesso de escamas na pele é útil para a bromidrose do pé.

No caso de tratamento medicamentoso, ele deve ser recomendado por um médico especializado. A automedicação pode trazer sérias consequências para o paciente.

Também pode haver um combate às bactérias da pele por meio da aplicação dos antibióticos eritromicina ou clindamicina na área afetada, duas vezes ao dia.

Os casos resistentes a esses medicamentos podem ser tratados com antibióticos por via oral.

A redução da sudorese nos casos de bromidrose écrina localizada ou os de bromidrose apócrina associado a excesso de sudorese, pode ajudar.

A aplicação de antitranspirantes de uso tópico que reduzem a sudorese através da criação de um tampão temporário do ducto da glândula sudorípara contendo sais de alumínio é muito eficaz.

Os casos resistentes a essas medidas locais podem se beneficiar da aplicação da toxina botulínica (Botox), embora com efeito temporário. A iontoforese também diminui a sudorese e consequente bromidrose.

Recomenda-se também a remoção do pelo que pode melhorar a bromidrose pela diminuição de bactérias e dos odores.

A remoção cirúrgica das glândulas apócrinas da axila também é uma opção para a bromidrose apócrina, mas exige um acompanhamento médico, assim como a simpatectomia torácica, cirurgia para remover o excesso de suor, para a bromidrose axilar refratária.

Todo o tratamento exige o acompanhamento de um médico especializado, como o dermatologista. Marque sua consulta conosco e saiba mais sobre a bromidrose.