Hidradenite supurativa: saiba mais sobre essa doença que causa nódulos dolorosos
- Tatuagem: história, benefícios estéticos e riscos à saúde - 26 de novembro de 2024
- Pseudofoliculite da barba (pelos encravados): como tratar? - 26 de maio de 2024
- Repelentes: Como se Proteger das Picadas de Insetos - 16 de maio de 2024
A hidradenite supurativa (HS) é uma doença da pele que se manifesta como inflamação que tende a se perpetuar.
Nela, surgem nódulos (caroços) muito dolorosos nas axilas, virilhas, ao redor do anus e mamas. Na grande maioria dos casos, a aparição se dá em um local rico em glândula apócrina, um tipo de glândula sudorípara.
Embora o nome sugira associação com infecção bacteriana, não existe relação com esse problema.
Quer saber sobre? Então continue lendo e confira.
Incidência da hidradenite supurativa
Essa condição, também chamada acne inversa, atinge de 1% até 4% da população. As mulheres são duas vezes mais afetadas do que os homens.
A doença surge a partir da segunda ou terceira décadas da vida, podendo ocorrer entre 11 e 50 anos.
Apesar de a faixa etária ser ampla, geralmente , manifesta-se entre 18 e 27 anos.
Atinge, raramente, crianças menores de 11 anos (menos de 2%). Além de raro antes da puberdade, é muito infrequente na menopausa.
Ocorre, principalmente, na população negra.
Qual é a causa dessa doença?
Ainda não se sabe totalmente qual é a causa da hidradenite supurativa.
Porém, como na acne, decorre da oclusão do orifício do pelo e consequente acúmulo do sebo.
Esse acúmulo atinge seu máximo até que ocorre a ruptura da parede, gerando extravasamento do material. Essa ruptura do folículo piloso é influenciada diretamente pelos hormônios.
A presença de sebo no tecido ao redor estimula o sistema imunológico e gera a inflamação.
Além disso, existe uma predisposição a reagir a esses incentivos exageradamente, em decorrência de um defeito inato.
Fatores envolvidos na hidradenite supurativa
Confira alguns fatores relacionados.
Predisposição hereditária
Cerca de 40% dos casos de hidradenite supurativa ocorrem em pacientes que têm algum parente com essa mesma doença, o que reforça a predisposição hereditária.
Esse risco é ainda maior quando acomete pessoas jovens, antes dos 13 anos.
Traumatismos
O trauma mecânico da pressão e da fricção nas dobras e em outros locais exercidos por cinto, sutiã e demais, contribuem para a ruptura do folículo piloso.
Obesidade
Assim como na acne, a elevação do hormônio andrógeno no obeso gera obstrução do folículo piloso, responsável pelo início da doença.
Desse modo, a área de atrito nas dobras também contribui para a sua instalação pela retenção de suor, o que irrita a pele e agrava a obstrução do pelo.
A produção de substâncias inflamatórias pelo tecido adiposo no obeso, para todo organismo, como as citocinas pró-inflamatórias, também agem agravando a situação.
Tabagismo
A nicotina e outras substâncias do cigarro influenciam na obstrução e inflamação do pelo.
Hormônios sexuais
Vários fatores reforçam a teoria da influência hormonal na hidradenite supurativa, como:
- raridade da doença antes da puberdade
- agravamento no período pré-menstrual
- melhora durante a gravidez
- efeito positivo do tratamento que diminui o efeito do hormônio andrógeno.
Infecção bacteriana
É discutível o papel das bactérias, havendo uma tendência a considerar como um fenômeno secundário à atuação da obstrução do pelo ou, ainda, um agravante ou motivo de permanência da doença .
Medicamentos
Anticonceptivos orais contendo progestágeno andrógeno, acetato de medroxiprogesterona e levonorgestrel podem induzir a HS.
Como a hidradenite supurativa se manifesta?
Inicialmente, a doença ocorre lentamente, com o aparecimento de prurido (coceira), eritema (vermelhidão) e excesso de sudorese. Posteriormente, as lesões tornam-se dolorosas.
Os locais mais afetados são os ricos em pelo e glândula apócrina, como as dobras naturais e a pele ao redor. A região mais afetada é a axila, também pode acometer:
Além disso, também pode acometer:
- virilha
- abaixo das mamas
- mama
- face interna das coxas
- períneo
- ao redor dos anus
- nádegas
- púbis
- bolsa escrotal
- vulva.
Menos frequentemente, atinge o tronco, couro cabeludo e região retroauricular (atrás da orelha).
Os locais sujeitos a atrito, como os relacionados ao cinto e ao sutiã, estão mais propensos a desenvolverem a doença.
A extensão e a gravidade da enfermidade são muito variáveis. Podemos observar casos com lesões discretas em apenas um local ou com o acometimento em mais de uma região e com grande gravidade.
No início temos os comedões (cravos) abertos, identificados por pontos enegrecidos, consequência da obstrução do pelo, como acontece na acne. Observe as fotos abaixo (1a e 1b) para compreender os primeiros sinais da hidradenite supurativa.
Em seguida, surgem as lesões inflamatórias representadas por pápulas e os nódulos, de aspecto avermelhado e dolorosos, semelhante ao furúnculo, como pode ser visto abaixo (fotos 2 e 3).
Não tratado, evolui para o abscesso e este, para o amolecimento e fistulização, ou seja, surgimento de orifício por onde são eliminados pus e sangue.
Os nódulos são substituídos por cicatrizes atróficas (em um nível inferior ao da pele normal) ou elevadas e exageradas (hipertróficas), como um queloide (foto 4).
Essas cicatrizes queloideanas comprimem os vasos linfáticos e geram dificuldade de drenagem. Em consequência disso, surge linfedema, ou seja, inchaço nos braços, púbis, vulva, pênis e bolsa escrotal.
O péssimo aspecto estético, o mau odor, resultante da eliminação de pus e sangue, acaba gerando isolamento social, depressão, desemprego e até suicídio.
Quanto mais precoce o início, maior a probabilidade de evoluir para os estágios mais avançados.
Doenças associadas com a hidradenite supurativa
Além das manifestações na pele, ela está associada à síndrome metabólica e suas consequências para a saúde, como:
- diabetes
- obesidade
- dislipidemia (alterações da gordura no sangue)
- hipertensão arterial
- infarto do miocárdio
- acidente vascular cerebral.
Esses pacientes também são mais propensos a serem portadores de problemas inflamatórios intestinais, como doença de Crohn e colite ulcerativa.
A HS também está relacionada com outros problemas, como:
- Obstrução folicular, que gera acne , geralmente grave, cistos pilonidal e foliculite dissecante do couro cabeludo.
- Síndrome composta por artrite piogênica, pioderma gangrenoso, acne e hidradenite supurativa
- Doença de Behçet, que causa a inflamação dos vasos sanguíneos
- Psoríase, doença que ocorre quando o sistema imune ataca as células da pele
- Carcinoma espinocelular, um tipo de câncer
- Anemia, caracterizada por baixos índices de ferro no sangue.
Existe uma tendência a reaparecer e tornar-se crônica. Daí a importância do tratamento ser instituído precocemente, para evitar que se perpetue.
Tratamento da hidradenite supurativa
Para evitar o agravamento da doença, o paciente deve saber mais sobre ela. O primeiro passo é compreender que essa enfermidade não é contagiosa nem decorrente de má higiene.
Se quiser tirar dúvidas e saber quais são fontes confiáveis para se informar, é importante realizar consultas periódicas com um dermatologista, que poderá indicar materiais de fontes confiáveis, como a Hidradenitis Supurativa Foundation.
Quando o objetivo é cuidar das lesões, recomenda-se:
- higienizar o local diariamente, com sabões antissépticos
- aplicar substâncias que evitem o suor
- evitar ambientes quentes e úmidos
- ficar no peso ideal
- diminuir o estresse, de preferência com acompanhamento psicológico
- usar roupas folgadas e de tecido de algodão
- praticar exercício físico
- realizar dieta para emagrecer
- evitar tabagismo.
Utilizar vaselina branca antes de os curativos serem aplicados, também pode auxiliar. Esse método evita que os esparadrapos fiquem presos e, consequentemente, gerem traumatismo.
A aplicação de compressas mornas, contendo solução de Burrow e cloreto de alumínio, possui a função de secar as secreções de pus, sangue e suor. Também deve ser aplicado produtos para limpar a pele, o que deve ser prescrito por um dermatologista.
Medicamentos
Existem, ainda, remédios que podem ser utilizados para controlar a hidradenite supurativa e os seus sintomas. Os anti-inflamatórios não hormonais combatem, além da inflamação, também a dor.
Além disso, pode ser utilizado antibióticos para controlar a enfermidade. Já quando há lesões mais profundas, é recomendado tetraciclina e seus derivados, como doxiciclina, minociclina e limeciclina.
Caso ocorra a falha no tratamento com esses antibióticos, uma opção é utilizar uma combinação de fármacos.
Nos casos muito graves, sem resposta aos outros medicamentos, recorre-se ao uso do ertapenem por via intravenosa.
Se houver suspeita de infecção secundária pela bactéria estafilococo, deve ser utilizado, preferencialmente, a cefalexina, orientado pela cultura e antibiograma.
Para auxiliar na desobstrução do folículo piloso, o dermatologista pode recomendar derivados da vitamina A, como a isotretinoína, acitretina e, recentemente, a alitretinoína.
Os corticosteróides, por via oral ou intralesional, podem ter efeito anti-inflamatório, porém não devem ser utilizados prolongadamente pelos seus graves efeitos colaterais.
Ainda há outros que podem ser utilizados, como:
- dapsona, para combater a inflamação
- acetato de ciproterona e etinilestradiol, como pílula anticoncepcional para mulheres
- associação de remédios, com efeito antiandrógeno
- metformina, especialmente para idosos.
Mais recentemente, os medicamentos biológicos, como o infliximab, ustekinumab, anakinra e adalimumabe são reservados para os casos graves e resistentes a outras substâncias.
Vale ressaltar que nenhum desses deve ser consumido sem a devida prescrição médica. A automedicação pode causar piora no quadro.
Cirurgias
Quando o tratamento clínico não cura a hidradenite supurativa, há a opção de realizar a cirurgia.
Em estágio inicial, pode ser utilizado drenagem de abscessos, eletrocoagulação e curetagem.
Cirurgia é a opção com maior chance de cura. Sua efetividade depende de ser realizada no estágio inicial e da lesão ser removida totalmente, considerando a profundidade da pele e com margens de 2 cm.
A remoção cirúrgica com laser de CO₂ é eficaz, especialmente nos casos próximo ao anus a fim de preservar seu esfíncter.
Já a criocirurgia, utilizando o nitrogênio líquido e a consequente cicatrização por segunda intenção, apesar de muito doloroso, pode ser eficaz.
Se você sofre de hidradenite supurativa, entre em contato conosco para agendar uma consulta e ter o tratamento ideal traçado para o seu caso.