Escabiose: tire suas dúvidas sobre a sarna
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A escabiose, também conhecida como sarna, é uma doença contagiosa, reconhecida como tal há séculos. Ela é relativamente comum e tem evolução cíclica, principalmente nos países desenvolvidos, onde o intervalo entre os ciclos é de 10 a 15 anos.
Não tem preferência por idade, raça, sexo e condição socioeconômica, apesar de haver relatos de ser comum em países pobres.
Acomete, principalmente, a América Latina e a região do Pacífico e há um total de 100 milhões de pessoas afetadas pela doença no mundo.
A escabiose é frequente em locais de grande aglomeração, como presídios e asilos. Continue lendo nosso post e confira mais informações sobre essa doença.
Qual a causa da escabiose?
O agente etiológico, Sarcoptes scabiei variedade hominis, parasita apenas a espécie humana, é o transmissor da escabiose.
Essa doença, portanto, passa apenas de homem para homem, poupando os animais.
No caso da sarna animal, ela é causada por outras espécies que parasitam esses seres.
São espécies específicas, portanto, o parasita de cada espécie afeta apenas o mesmo tipo de animal.
Após o acasalamento, o macho morre, a fêmea penetra e se desloca na parte mais superficial da pele, a epiderme.
Durante esse percurso que dura de 4 a 6 semanas, põem de 40 a 50 ovos. Esses ovos se transformam em parasitas adultos em 5 a 6 dias.
O número de parasitas, chamados de ácaros, em cada indivíduo é de 10 a 15. Em contraste, esse número na escabiose norueguesa pode atingir milhões em consequência da doença acometer pessoas com baixa imunidade, como nos portadores de HIV.
Como ocorre a transmissão?
A transmissão da escabiose ocorre em decorrência do contato prolongado e direto de pele com pele, como ocorre entre membros de família e casais, sendo pouco provável a transmissão consequente a contato casual.
Os parasitas podem sobreviver fora do hospedeiro durante 24 a 36 horas, tempo insuficiente para a doença ser transmitida. Portanto, é pouco provável a transmissão a partir de fômites como vestimentas, roupa de cama e outros objetos.
A exceção a isso é a contaminação acontecer em ambientes frequentados por paciente portador da sarna norueguesa, devido ao elevado número de parasitas, eliminados no local.
Manifestações clínicas da escabiose
O prurido (coceira) é a manifestação proeminente da escabiose. Ela surge 3 a 4 semanas após a contaminação, exceto em consequência de reinfecção, quando é imediato.
As lesões e o prurido (coceira) são devidos a 2 mecanismos: o primeiro, ao deslocamento da fêmea na pele e o segundo pela resposta imunológica do indivíduo à presença do parasita.
O primeiro, explica o prurido ser maior à noite e ao acordar, consequente ao deslocamento da fêmea na pele, estimulado pelo calor da cama. Esse deslocamento na pele gera uma lesão linear, serpiginosa, medindo 1 centímetro, de cor acinzentada e com uma lesão ao final do túnel, onde se encontra a fêmea
Essa “casinha” da fêmea tem um formato de pápula-vesícula (carocinho e bolhinha d’água)
Raramente essa lesão é vista devido à sua destruição pelo ato de escoriar (arranhar a pele) em consequência de coçar. O seu pequeno tamanho também contribui para dificultar sua visualização.
O segundo mecanismo, o imunológico (alérgico), gera maior número de lesões, manifestado por pápulas (carocinhos),
vesículas (bolhinhas d’agua) e pústulas (bolhinhas de pus), as duas últimas afetando, preferencialmente, as crianças.
O segundo mecanismo também explica a persistência do prurido mesmo após a cura, além do reinício do prurido em um a três dias, na reinfecção.
Uma variedade da doença, menos frequente, é a forma nodular, manifestada por pápulas (carocinhos) de maior tamanho, localizadas no pênis, bolsa escrotal, umbigo e axilas.
Nos pacientes com baixa da imunidade, como acontece na AIDS e doenças autoimunes (como lúpus eritematoso), o número de parasitas é muito maior. Manifesta-se por escamas espessas, localizadas, preferencialmente, no couro cabeludo, nas mãos e nos pés. As unhas se tornam espessadas.
A escabiose, geralmente, envolve vários locais da pele, sendo os mais frequentes:
- As mamas, especialmente nas mulheres
- Dobras anteriores e posteriores das axilas
- Pênis e bolsa escrotal
- Ao redor do umbigo
- Cintura
- Face flexora dos pulsos
- Face lateral e entre dedos das mãos
- Parte inferior das nádegas
- Coxas
Nas crianças podem se localizar, caracteristicamente, nos pés, na parte posterior do tronco e na cabeça.
Como qualquer doença que curse com prurido, pode complicar com infecção bacteriana, consequente às escoriações pelo ato de arranhar a pele.
Tratamento da escabiose
O tratamento da escabiose pode ser realizado através de medicamentos na pele e por via oral, devendo haver o acompanhamento médico.
No primeiro, é comum haver a aplicação de permetrina, em loção, durante duas noites, em toda a pele e reaplicar após uma semana.
O tratamento por via oral deve ser feito com a ivermectina e também repetir o tratamento após uma semana. Toda família deve ser tratada, independentemente de ter coceira ou não.
Alguns médicos aconselham o uso simultâneo das duas medicações, especialmente na escabiose norueguesa, por conter maior número de parasitas.
Se houver complicação com infecção bacteriana, deve ser administrado, por via oral, antibióticos que atinjam o estafilococo, como a cefalosporina.
Agora que você sabe mais sobre a escabiose, que tal continuar a leitura e saber mais sobre a pele seca?