Miíase: saiba mais sobre essa infestação na pele

Dr. Sergio Paulo

A miíase é uma infestação da pele, e consequente invasão dos órgãos e tecidos, pelas larvas de moscas dípteros e podendo atingir também os animais.

Qual a frequência da miíase?

Predomina nos países de clima tropical, preferencialmente na população pobre e, nesta, acomete mais as áreas rurais. 

Não existe predomínio por gênero, raça ou idade 

Como acontece a instalação da miíase? 

Em relação aos agentes etiológicos, estes podem ser classificados em 3 tipos quanto à interação com o homem, em ser mais ou menos dependentes dele, para atingir a fase adulta: 

Agentes específicos ou parasitas obrigatórios:

Corresponde à miíase furunculóide: A fêmea adulta coloca entre 10 e 50 ovos em outro inseto voador. Este, pica a pele do homem, injetando os ovos do inseto inicial e, após penetrar na pele, geram a lesão semelhante ao furúnculo.  

Esse tipo de parasitismo se caracteriza pela necessidade obrigatória do homem, em algum momento, fazer parte do ciclo de vida da mosca. 

As moscas responsáveis por esse tipo de parasitismo são a Dermatobia hominis e a Callitroga americana. 

Localiza-se na pele não coberta pela roupa, especialmente na cabeça, manifestado por um nódulo (caroço), com aspecto de um furúnculo, medindo entre 1 e 2 centímetros, avermelhado, edemaciado (inchado) e com um orifício.  

Foto 1: Miíase furunculóide, onde se observa nódulo avermelhado, consequente a intensa inflamação. Foto cedida pelo dermatologista Samuel Freire, do Atlas Dermatológico. 

Observando esse orifício, é possível detectar movimento de líquido, em consequência do deslocamento da larva, tentando respirar pela abertura do nódulo. 

Foto 2: Miíase furunculoide, onde se observa a larva chegando à superfície da lesão para respirar. Foto cedida pelo dermatologista Samuel Freire, do Atlas Dermatológico. 

Muito menos frequentemente, podem surgir várias lesões, cada uma correspondente à inoculação de uma larva. 

A sensação de dor é muito intensa, em ferroada, e pode ser agravada por infecção por bactérias, gerando erisipela ou abscesso. 

Agentes semi-específicos:

As larvas da mosca não têm a obrigação de parasitar o homem para atingir a fase adulta. 

Podem ser de 2 tipos clínicos: 

Miíase secundária:

Os ovos são depositados em lesões abertas consequente a outras doenças, como úlcera de perna, gerando, nestas, a ampliação do seu tamanho.

Foto 3: Miíase secundária: numerosas larvas sobre úlcera. Foto cedida pelo dermatologista Samuel Freire, do Atlas Dermatológico. 
Foto 4: Miíase secundária, onde se observa a larva removida da úlcera. Foto cedida pelo dermatologista Samuel Freire, do Atlas Dermatológico.

 Miíase cavitária:

A mosca deposita os ovos em cavidades naturais do corpo como ouvido, nariz, vagina e olhos.  

Podem progredir para destruição de tecidos anexos, inclusive de cartilagem e de osso e, gerar, consequentemente, meningite, mastoidite, sinusite e faringite. 

Ao contrário da miíase furunculoide, a miíase provocada por agentes semi-específicos pode gerar grande número de larvas.  

As moscas responsáveis por esses tipos de lesões pertencem ao grupo Calliroga macellaria, Lucilia illustris e Cochliomyria hominivorax. 

Miíase migrante:  

É consequente ao deposito de ovos das moscas na pele e gerando lesões lineares, serpiginosas, além de muita coceira (prurido). Diferencia-se da larva migrans (link interno), pelo fato de os túneis serem de menor diâmetro. 

Agentes acidentais:

Acidentalmente, o homem ingere esses parasitos, em consequência da contaminação dos alimentos, gerando a miíase intestinal. 

Qual o tratamento da miíase?

A miíase furunculóide é tratada com asfixia da larva, através da oclusão do orifício com éter e esparadrapo, durante 24 horas. Após esse período, a larva, já morta, gera facilidade da sua remoção, que pode ser realizada com pinça, após apertar a pele (foto 5). 

Foto 5: Mííase Furunculóide, onde se observa a eliminação da larva, morta em consequência da asfixia, decorrente da oclusão da abertura do nódulo. Foto cedida pelo dermatologista Samuel Freire, do Atlas Dermatológico. 

As variedades secundárias e cavitarias, podem ser tratadas com a colocação de éter ou com a ingestão de ivermectina. e posterior remoção das larvas, bastante trabalhosa, devido ao seu grande número. 

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