Hipomelanose macular progressiva: o que é e como tratar?

Dr. Sergio Paulo

A hipomelanose macular progressiva é uma doença que se manifesta como manchas esbranquiçadas (hipocrômicas) no tronco, especialmente nas costas (região lombar) e com tendencia para convergir para a linha média dessa região. 

A hipomelanose macular progressiva é frequente?

Essa doença é comum, afetando principalmente as mulheres adolescentes e jovens, além das de pele com tonalidade escura. 

Qual a causa de hipomelanose macular progressiva?

Apesar de pertencer à flora normal da pele, a bactéria Cutibacterium acnes, microorganismo também responsável pela acne, está presente em maior quantidade nas manchas esbranquiçadas da enfermidade. 

A bactéria produz uma substância, a porfirina, que inibe a produção da melanina, pigmento responsável pela cor da pele. 

A relação com essa bactéria é confirmada através do exame da pele com a luz de Wood e que gera uma cor avermelhada, correspondente ao orifício do pelo, decorrente da produção do pigmento porfirina pela bactéria.

O exame do PCR e a cultura bacteriológica do material colhido, através de biopsia da pele, confirmam a etiologia bacteriana da enfermidade. 

A maior produção do sebo pela pele nos jovens, ambiente ideal para a proliferação do Cutibacterium acnes, pode explicar a maior incidência da doença nessa faixa etária. 

Outra comprovação da etiologia bacteriana é o desaparecimento das manchas com o tratamento, através da aplicação ou da ingestão de antibióticos. 

Como a hipomelanose macular do tronco se manifesta?

Caracteriza-se por manchas hipocrômicas (esbranquiçadas), em forma de moeda (numulares), com bordas mal delimitadas (“borradas”) e que não eliminam escamas. 

Esa característica da mancha mal delimitada e a ausência de eliminação de escamas, serve para diferenciar a hipomelanose macular progressiva da pitiríase versicolor, cujas manchas têm o limite bem visíveis em relação à pele normal que a rodeia e pode ser evidenciado as escamas atritando a pele com a unha. 

Localiza-se preferencialmente na parte mais inferior do dorso (região lombar) e com tendencia a confluir para a linha média do tronco. Pode se estender para parte superior dos membros. 

Fotos 1 e 2: Hipomelaose macular progressiva na parte inferior das costas, localização típica, manifestado por manchas esbranquiçadas (hipocrômicas) de bordas mal delimitadas e confluentes. Fotos cedidas pela Dra. Silvana Cavalcanti, correspondente à sua tese de doutorado.

O abdômen é o segundo lugar mais frequente. 

Foto 3: Hipomelanose macular progressiva no abdômen, localização menos frequente da doença. Foto cedida pela Dra. Silvana Cavalcanti, correspondente à sua tese de doutorado.

Inicia-se já como manchas hipocrômicas, não sendo, portanto, precedidas por lesões inflamatórias, fato que ajuda no diagnostico diferencial com outras dermatoses, que também têm manchas esbranquiçadas, porém representam estágio final de lesões avermelhadas. 

Essas manchas geram problema estético importante por predominarem em pessoas com pele escura, o que torna as lesões mais visíveis. 

Embora exista relato de involução espontânea das manchas entre 2 e 5 anos, pode ter duração de até 15 anos.

Em alguns pacientes, pode haver recuperação transitória da cor da pele, após exposição ao sol. 

Pode involuir espontaneamente após 40 anos de idade.

Qual o tratamento da hipomelanose macular do tronco? 

A aplicação na pele da combinação das substâncias antibacterianas peróxido de benzoíla e clindamicina para os pacientes com pequena extensão da dermatose é eficaz. 

 O peróxido de benzoíla apresenta a grande desvantagem de gerar mancha definitiva na roupa. 

Para os casos com grande número de lesões, é mais prático a ingestão de derivados do antibiótico tetraciclina como a doxiciclina, a minociclina e, nosso preferido, a limeciclina.

A fototerapia, que consta da irradiação da pele com lâmpadas que emitem radiação derivadas do sol, pode ser efetiva. 

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