Prurigo nodular: saiba mais sobre essa doença da pele
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Prurigo nodular é uma doença da pele caracterizada pelo surgimento de pápulas e nódulos (caroços) nos antebraços, pernas e coxas, em consequência do ato de coçar pela intensa coceira (prurido).
Tanto essa sensação quanto o aspecto antiestético das lesões geram grande prejuízo na qualidade de vida, podendo causar ansiedade, depressão, insônia e isolamento social.
A doença é bastante refratária aos tratamentos e a causa mais frequente é a dermatite atópica.
Quer saber mais sobre o prurigo nodular? Então continue lendo e confira.
Incidência
O prurigo nodular afeta aproximadamente 7,2 pacientes a cada 100.000 habitantes nos Estados Unidos.
Apesar de poder ocorrer em qualquer idade, é mais frequente nos idosos, principalmente entre 51 e 65 anos.
Já nos casos que estão associados à dermatite atópica, afeta mais os jovens.
De forma geral, acomete mais as pessoas de pele escura e as mulheres. Além disso, é manifestada nos portadores da AIDS em cerca de 5% deles.
O que causa o prurigo nodular?
Não é bem conhecido como a doença é desencadeada.
O que se sabe é que ela é uma reação da pele em consequência do ato de coçar em resposta à intensa coceira (prurido). Uma vez instaladas as lesões, é criado um ciclo vicioso. Ao coçar, há o espessamento (liquenificação) da pele, o que aumenta e perpetua ainda mais o prurido.
Frequentemente, a causa é multifatorial sendo a dermatite atópica, a causa mais frequente, em 50% dos casos.
Também pode haver relação com doenças originadas internamente, como:
- Doença cardiovascular
- Hepatites B e C
- Insuficiência renal crônica
- Doença do intestino por alergia ao glúten
- Infecção pelo HIV em estado avançado
- Doença da tireoide
- Diabetes
- Infecções parasitárias do intestino
- Linfoma (câncer)
- Distúrbios mentais, como ansiedade e depressão
Como o prurigo nodular se manifesta?
Surgem pápulas e nódulos (caroços) com coloração variando de avermelhado a marrom escuro, além de escoriações (arranhões consequentes ao ato de coçar).
A superfície das pápulas e nódulos tem um aspecto áspero, e o tamanho das lesões é variável, desde alguns milímetros até vários centímetros.
A quantidade dessas lesões pode se limitar a algumas em uma região do corpo ou chegar a atingir grande extensão da pele.
Acomete os locais mais acessíveis a coçar, como a face anterior das:
- Pernas
- Coxas
- Antebraços
- Braços
Geralmente, as lesões ocorrem de forma simétrica (fotos 1a e 1b).
Menos frequentemente, atinge a parte superior das costas, sem afetar a parte central desta, pela impossibilidade do acesso a coçar.
Nos casos relacionados à dermatite atópica, a manifestação cutânea se inicia através de pele seca e manchas esbranquiçadas, conhecidas como pitiríase alba.
A coceira é muito intensa, angustiante, esporádica ou contínua, suficiente para provocar insônia e isolamento social. Este último, provocado pelo constrangimento da compulsão do ato de coçar.
Frequentemente a coceira é tão intensa a ponto de apenas ser interrompida pelo sangramento e pela dor, consequentes ao ato de coçar.
As feridas resultantes poderão permitir a penetração e proliferação da bactéria estafilococo, habitante da pele, gerando a infecção conhecida como impetigo, o qual se manifesta por crostas melicéricas (amareladas) e pele avermelhada. Essa infecção poderá causar mais dor e desconforto.
Em relação à coceira, é agravada pelo ambiente quente e consequente sudorese, além do contato com roupas que geram maior atrito com a pele, como as de lã.
O prurigo nodular é uma doença crônica, que pode perdurar durante vários anos. Infelizmente, é muito difícil controlar totalmente a enfermidade.
Para identificar as possíveis causas e aumentar a chance de um tratamento eficaz, deve ser realizado os seguintes exames de laboratório:
- Hemograma completo
- Transaminases e fosfatase alcalina para avaliar a função do fígado
- Ureia, creatinina e sumário de urina para medir o funcionamento dos rins
- Ferritina para avaliar anemia
- TSH e T4 (função da glândula tireóide)
- Exame parasitológico de fezes
- Radiografia do tórax para investigar câncer
Como é feito o tratamento?
O tratamento do prurigo nodular tem como principal objetivo combater a coceira, interromper o ciclo coceira-arranhar e auxiliar na involução das lesões.
Para isso, é preciso evitar o impulso de coçar por meio do combate às condições que geram pele seca, especialmente naqueles que são portadores de dermatite atópica.
O tratamento conta com diversas etapas:
Cuidados com a pele para evitar arranhá-la
Para evitar os arranhões, o paciente deve cortar as unhas 2 vezes por semana, usar roupas compridas e meias, e dormir com luvas.
Também pode-se recomendar tratar a sensação de compulsão (TOC) por meio de medicamentos psiquiátricos e acompanhamento psicológico.
Combate à coceira
Para combater a coceira, deve-se realizar a aplicação de sabonetes tipo syndet, cremes hidratantes e loções que proporcionem sensação de frescor contendo mentol, cânfora e calamina.
Além disso, também se recomenda utilizar cremes contendo capsaicina.
Medicamentos anti-histamínicos que gerem sonolência como a hidroxizina para auxiliar no alívio do prurido, especialmente no período da noite.
Em alguns casos, o paciente também pode ser medicado com antidepressivos como a doxepina.
Combate às lesões na pele
Para combater as lesões do prurigo nodular, pode-se usar creme contendo corticosteróide, sendo que o período e a forma de aplicação devem ser recomendados por um dermatologista.
Após controle das lesões, o creme pode ser aplicado aos finais de semanas para evitar recidiva, sempre com a supervisão de um médico para reduzir os graves efeitos colaterais pelo seu uso prolongado.
Nos casos com número reduzido de lesões do prurigo nodular, pode-se recomendar a aplicação intralesional de acetonido de triancinolona associado à crioterapia (nitrogênio líquido), o que deve ser feito apenas com a prescrição e ajuda de um especialista.
Outras opções de tratamento por via tópica são a capsaicina, derivados da vitamina D (calcipotriol) e inibidores da calcineurina (pimecrolimo e tacrolimo)
Os casos com grande número de lesões ou que não respondem ao tratamento de uso tópico, deve ser associado com as seguintes opções:
FOTOTERAPIA,
- UVB de banda estreita: através da aplicação de raios ultravioleta do tipo B de banda estreita, comprimento de onda entre 311 e 313 nm, radiação emitida numa cabine, 2 a 3 vezes por semana, durante 10 semanas. É a melhor opção.
- PUVA: associação da ingestão ou aplicação na pele de psoraleno à radiação ultravioleta A,
- Excimer laser de 308 nm.
Outras opções de tratamento por via oral associadas ao tratamento por via tópica são:
- Metotrexato
- Ciclosporina
- Talidomida e lenalidomida (evitar durante a gravidez).
Para os pacientes resistentes a todas as modalidades de tratamento, foi introduzido, recentemente, o Dupilumad, medicamento pertencente ao grupo dos biológicos, especialmente indicado para os casos associados à dermatite atópica.
Vale ressaltar que apenas um dermatologista poderá traçar o melhor tratamento para você. A automedicação pode piorar o prurigo nodular e trazer mais consequências para a saúde. Se você sofre dessa doença, agende uma consulta conosco e inicie o seu tratamento com um especialista.