Saiba mais sobre dermatite fototóxica e fotoalérgica

A dermatite fototóxica e fotoalérgica são  reações  inflamatórias exageradas em consequência da exposição solar, induzida pelo contato com substâncias ou com ingestão de medicamentos, sendo conhecido como fotossensibilidade.

Essa reação é responsável por 20% da alergia induzida por medicamento em idosos.

A inflamação fototóxica é aquela que ocorre após uma simples queimadura solar, a mais comum, e a fotoalérgica é consequência da indução de uma reação alérgica.

No Brasil, o maior exemplo de reação fototóxica é a provocada pelo contato simultâneo do suco do limão com a pele e a exposição ao sol, especialmente durante os meses de verão.

As inflamações mais exuberantes geram muito desconforto ao paciente por meio das sensações de queimação e coceira. Por isso, podem ser consideradas uma urgência dermatológica.

Continue lendo para saber mais sobre a dermatite fotoalérgica e fototóxica.

Tire suas dúvidas sobre a dermatite fototóxica

Confira as principais perguntas sobre a dermatite fototóxica e tire suas dúvidas sobre essa condição.

O que causa a reação fototóxica?

A dermatite fototóxica ocorre devido à agressão direta da luz ultravioleta sobre a pele, potencializada pela aplicação de substâncias ou pela ingestão de certos medicamentos. 

Esse sinergismo de ação gera uma verdadeira queimadura solar. Qualquer pessoa pode ser vítima dessa reação, desde que os dois componentes tenham sido oferecidos em quantidades suficientes.

Ela ocorre desde o primeiro contato, já que não exige uma sensibilização prévia como ocorre na reação fotoalérgica.

Ultravioleta A

Entre os vários tipos de raios emitidos pelo sol, a radiação ultravioleta A (UVA) é mais responsável do que a radiação ultravioleta B. Isso significa que não é necessário a exposição direta ao sol, já que a UVA existe até na simples claridade.

Ou seja, as pessoas podem ser agredidas pelo sol até mesmo dentro de um automóvel, uma vez que o UVA atravessa o vidro do carro.

Fototerapia

A reação fototóxica que atinge grande extensão da pele pode ser desencadeada pela fototerapia, utilizada no tratamento de várias doenças da pele como a psoríase

Nesses casos, há a combinação da ingestão do medicamento psoraleno e a exposição à radiação ultravioleta A, dentro de uma cabine.

Essa reação grave também pode ser desencadeada pela exposição à radiação ultravioleta A contida nas câmaras de bronzeamento artificial, combinada com a ingestão de grande quantidade de aipo. Essa radiação apressa muito o envelhecimento da pele, além de induzir o câncer de pele, especialmente o melanoma, tumor com alta mortalidade.

Infelizmente, os governos municipais não proíbem o funcionamento das clínicas proprietárias desses aparelhos. Essa radiação UVA também existe em consultórios de dentista, em máquinas fotocopiadoras e em lâmpadas fluorescentes sem proteção.

Coaltar

O coaltar existente sob a forma de pomada e de xampu pode, ocasionalmente, provocar essa reação. Por esse motivo, é aconselhável a utilização dessa substância à noite e removê-la antes de voltar a se expor ao sol.

Frutas críticas

A fitofotodermatite é a forma clínica mais frequente de dermatite fototóxica. Ocorre como consequência do contato da pele com substâncias conhecidas como furocumarínicos, encontradas em plantas com frutas cítricas. Nesse caso, especialmente no sulco de limão, muito frequente no verão, após exposição ao sol na piscina e na praia (foto 1).


Foto 1 – Fitofotodermatite no rosto, pelo contato com o limão e exposição solar

Menos frequentemente, a planta do caju é a responsável. A dermatite fototóxica também pode ocorrer a partir das folhas da figueira, que são utilizadas sob a forma de chá para bronzear a pele.

Também estão expostas a essa queimadura:

  • pessoas que trabalham com jardinagem
  • crianças que têm contato com plantas e ervas daninhas em atividade recreativa
  • trabalhadores da indústria de alimentos, principalmente os que lidam com o aipo.

Medicamentos

Há muitos medicamentos que podem causar dermatite fototóxica. Os principais são:

  • antibióticos: como tetraciclina, doxiciclina e ciprofloxacino,
  • diuréticos para hipertensão arterial: como hidroclorotiazida e furosemida
  • anti-arritmia cardíaca: como amiodarona
  • antimicrobiano: como sulfa
  • para diabetes: como metformina
  • anti-inflamatórios: como piroxicam, naproxeno e benoxaprofeno
  • para acne: como isotretinoína, conhecido comercialmente como  Roacutan.

Como a dermatite fototóxica se manifesta?

A reação fototóxica ocorre desde o primeiro contato e surge após minutos ou algumas horas depois da exposição solar e mantém-se durante vários dias.

É limitada à área exposta ao sol, diferentemente da reação fotoalérgica, em que é necessário apenas uma dose mínima do medicamento e nunca ocorre no primeiro contato por exigir uma sensibilização prévia.

O aspecto é de uma queimadura solar, manifestada por vermelhidão e inchaço (foto 2) após 12 a 24 horas da exposição ao sol.


Foto 2 – Fitofotodermatite nas costas manifestada por inchaço e vesículas (bolhinhas d’água), após o contato com o limão e o sol 

Localiza-se em áreas não protegidas pela roupa e tem um formato anormal e linear correspondente ao local de contato com a substância responsável e o sol.

Quando houver maior exposição, podem surgir vesículas e bolhas (foto 3).


Foto 3 – Fitofotodermatite na mão, com reação inflamatória mais intensa, manifestada por vesículas e bolhas

Após essas manifestações, há o surgimento de manchas hipercrômicas (manchas escuras) e descamação (foto 4), lesões que antecedem o retorno ao aspecto normal da pele, o que ocorre no período de 20 dias.


Foto 4 – Dermatite Fototóxica (fitofotodermatite) em estágio final, manifestado por manchas hipercrômicas (escuras), em formato irregular, após contato com o limão e o sol 

O maior exemplo dessa reação em nosso país é o do limão, frequente no verão, em atividades de lazer em praias e piscinas devido ao contato acidental com a pele.

Os sintomas podem variar entre sensação de queimação, coceira leve ou intenso ardor.

Alguns medicamentos, como antipsicótico e anti-arritmia cardíaca (foto 5), podem gerar manchas escuras permanentes, mesmo após a suspensão delas, especialmente quando localizadas no rosto.


Foto 5 – Mancha hipercrômica, de tonalidade azul-acinzentada causada pela ingestão do medicamento Amiodarona. Foto cedida pelo dr. Samuel Freire, do Atlas Dermatológico

Além da sensação de ardor na pele, pode ocorrer febre, mal-estar e calafrio. Uma reação menos comum é a fotoonicólise, caracterizada pelo descolamento da unha do leito ungueal, provocado pela ingestão dos antibióticos doxiciclina e minociclina.

Como se trata a dermatite fototóxica?

O tratamento da dermatite fototóxica deve ser feito com o acompanhamento dermatológico, mas, de forma geral, deve-se evitar a substância responsável e a exposição ao sol.

Além disso, as lesões devem ser tratadas como uma queimadura solar, com aplicações de loções refrescantes com mentol e compressas frias.

Se a dor for intensa, o dermatologista pode prescrever analgésicos.

Nos casos da dermatite fototóxica provocada pelo contato com o limão, por exemplo, basta suspender o contato com a fruta e aguardar 20 dias para a pele se recuperar espontaneamente.

E a dermatite fotoalérgica?

Agora que você já sabe mais sobre a dermatite fototóxica, vamos falar sobre a fotoalérgica. Confira.

Qual a causa da dermatite fotoalérgica?

Esse problema ocorre quando uma substância aplicada sobre a pele ou pela ingestão de um medicamento, sofre alterações na sua estrutura química por causa do sol, o que gera um composto com capacidade de provocar reação alérgica.

Ao contrário da reação fototóxica, a fotoalérgica exige contatos repetidos com a substância responsável até que, finalmente, gera uma reação alérgica. Portanto, nunca ocorre no primeiro contato por exigir sensibilização prévia.

Vale ressaltar que a alergia pode ocorrer independente da quantidade de substância.

Ultravioleta A

O tipo mais frequente de radiação emitida pelo sol que provoca essa reação é a radiação ultravioleta A.

Isso é importante porque independe da exposição direta ao sol, semelhante com o que ocorre com a reação fototóxica.

Medicamentos

Os medicamentos mais responsáveis pela reação fotoalérgica por via oral são:

  • antimicrobianos: como sulfas
  • diuréticos: como tiazídicos
  • ansiolítico: como clordiazepóxido (ansiolítico)
  • antidiabético: como tolbutamida
  • antifúngico: como griseofulvina.

Entre os medicamentos aplicados sobre a pele, que desencadeiam reação fotoalérgica, a prometazina (Fenergan) é a maior responsável.

Outras substâncias aplicadas diretamente na pele também podem estar envolvidas nessa reação alérgica, como:

  • perfumes
  • filtro solar com benzofenonas e cinamatos
  • anti-inflamatórios não hormonais
  • antifúngicos.

Como se manifesta a reação fotoalérgica?

A manifestação mais comum é a de dermatite de contato alérgica. Surge em 1 a 2 dias após o contato, desde que a pele tenha sido sensibilizada previamente através do contato com a mesma substância.

Manifesta-se, inicialmente, pele surgimento de lesões do tipo eritema (vermelhidão) e, nos casos mais severos, de vesículas e bolhas.

Quando atinge maior duração, adquire aspecto de liquenificação (pele mais escura, mais engrossada e com acentuação das linhas). Além disso, há coceira intensa e prolongada (fotos 6a e 6b).


Fotos 6A e 6B – Dermatite Fotoalérgica pelo contato com creme Fenergan na pele exposta ao Sol, manifestada por eritema (vermelhidão), infiltração (inchaço) e crosta sanguínea

Essa sensação é tão intensa ao ponto de ser considerada uma urgência dermatológica. Ao contrário da reação fototóxica, pode se expandir para atingir também a pele protegida do sol.

As lesões podem também ser do tipo urticária.

Como a dermatite fotoalérgica é tratada?

O tratamento da dermatite fotoalérgica também deve ocorrer com o acompanhamento de um especialista em dermatologia.

Esse médico irá avaliar as lesões e trazer recomendações, que podem envolver:

  • evitar a exposição direto ao sol, especialmente entre 10 e 16 horas
  • usar roupas com filtro solar
  • utilizar boné de aba larga ao sair no sol
  • comprar filtro solar de amplo espectro de proteção, que inclua a radiação ultravioleta A e B.

Já no tratamento para as inflamações, apenas o médico poderá definir de acordo com a sua seriedade. Pode-se usar cremes ou remédios orais para reduzir os sintomas.

Se você está com dermatite fotoalérgica ou fototóxica, conte conosco. Entre em contato e agende uma consulta com um dermatologista para realizar uma avaliação e iniciar o seu tratamento.








Saiba mais sobre a dermatose plantar juvenil

A dermatose plantar juvenil é uma inflamação da pele que se manifesta na planta dos pés. Na maioria dos casos, ela ocorre em crianças.

Essa doença está diretamente relacionada com a alergia de origem hereditária, conhecida por atopia.

Dessa forma, também pode haver outras manifestações, como:

  • rinite,
  • asma,
  • dermatite atópica.

Quer saber mais sobre a dermatose plantar juvenil? Continue lendo o nosso post e confira.

Quem é afetado pela dermatose plantar juvenil?

De forma geral, essa condição afeta as crianças e os adolescentes na faixa etária dos 3 aos 14 anos, especialmente aquelas que têm dermatite atópica.

Cerca de 70% das crianças com essa condição apresentam esse problema ou um similar, que se mostra na palma das mãos.

Qual a causa da dermatose plantar juvenil?

A causa da dermatose plantar juvenil não é conhecida, mas seu início coincidiu com o surgimento de meias e sapatos sintéticos, principalmente os tênis de baixa porosidade e de capacidade de absorção de água.

A consequência disso é o ressecamento, enrugamento e inchaço da pele da planta do pé, o que é agravado pelo excesso de sudorese nessa área.

Essa explicação justifica a maior incidência do problema no calor e no clima quente do verão. 

Como a dermatose plantar juvenil se manifesta?

Ela se manifesta pelo aparecimento de eritema (vermelhidão) na planta dos pés, predominantemente na parte anterior deles.

A dermatose plantar juvenil também está associada a descamação e aparência brilhante semelhante ao reflexo de vidro.

Também surgem fissuras (rachaduras) que podem causar dor (foto 1).


Foto 1: dermatose plantar juvenil, onde se observa ressecamento (descamação) e vermelhidão (eritema), nas partes mais salientes da planta dos pés

O paciente também pode se queixar de coceira (prurido).

Os espaços entre os dedos dos pés são poupados, o que serve para diferenciar essa doença da tinha, também chamada de impinge.

A maioria dos casos melhora espontaneamente, porém há situações em que as lesões persistem durante a adolescência.

Diagnóstico diferencial

As doenças de pele que devem ser excluídas diante de um caso da dermatose plantar juvenil são a impinge e a dermatite de contato alérgica.

Nesta última, pode estar relacionada ao material que participa da confecção do calçado de couro ou de borracha.

Para realizar o diagnóstico diferencial com essas doenças, deve ser realizado o exame micológico e o teste epicutâneo, respectivamente.

Como se trata a dermatose plantar juvenil?

O tratamento da dermatose plantar juvenil envolve a prevenção e o controle das lesões.

Como medidas preventivas, recomenda-se:

  • usar meias de algodão,
  • evitar sapato sintético (tênis),
  • repouso, nos casos mais graves.

Em relação ao controle da inflamação, deve-se realizar uma consulta com um dermatologista para avaliar o seu caso e verificar o creme contendo corticosteróide mais indicado.

Com as lesões controladas, pode-se usar cremes hidratantes especiais para evitar a recidiva.

Gostou do conteúdo? Então, continue lendo no nosso blog e saiba mais sobre como funciona a teledermatologia.

 

Você sabe o que são os nevos melanocíticos adquiridos?

Os nevos melanocíticos adquiridos (NMA) são popularmente conhecidos como sinais escuros da pele. Eles são tumores resultantes da proliferação de um tipo de célula benigna.

Essa célula é chamada de melanócito e é a responsável pela produção da melanina, o pigmento que define a cor das pessoas.

Por esse motivo, os pontos que aparecem são escuros, o que pode ser confundido com outros problemas cutâneos, como o câncer.

Continue lendo para saber mais sobre os nevos melanocíticos adquiridos e entenda mais sobre esses sinais.

O que causa os nevos melanocíticos adquiridos?

Os nevos melanocíticos adquiridos têm diversas causas, sendo que há alguns fatores que predispõem ao surgimento desses sinais, como:

Hereditariedade

Existem questões genéticas que aumentam a predisposição ao surgimento desses sinais escuros. A hereditariedade também influencia no número e no aspecto clínico das pintas, ou seja, se elas serão mais elevadas ou terão o mesmo nível da pele.

Exposição ao sol durante a infância

Quanto maior a intensidade da exposição solar, inclusive se for de forma intermitente, maior a probabilidade de desenvolver o NMA.

Daí a importância do uso do filtro solar corretamente, a partir dos 6 meses de idade.

Vale ressaltar que o filtro solar deve ser próprio para crianças para que realmente proteja a pele do bebê.

Nessa faixa etária, essa região tende a ser mais sensível. Por isso alguns produtos podem causar irritação ou outros problemas.

Raça

As pessoas de pele clara são mais propensas a desenvolver os nevos melanocíticos adquiridos, especialmente quando associado a alta exposição ao sol durante a infância.

A probabilidade de pessoas com cabelo ruivo terem esses sinais escuros é menor que aquelas com cabelo escuro.

Como os nevos melanocíticos adquiridos se manifestam?

Os nevos melanocíticos adquiridos surgem após os 6 meses de vida, ao contrário dos congênitos que também são sinais escuros na pele, mas surgem ao nascimento ou nos primeiros meses de existência. (https://clone.prontopele.com/2022/03/15/nevos-melanociticos-congenitos-saiba-mais-sobre-essas-pintas-na-pele/)

No caso dos NMA, as lesões continuam aparecendo até atingir o máximo, ocorrendo na terceira década da vida.

Após esse período, inicia-se o desaparecimento. Na oitava década, a quantidade de sinais escuros é muito menor comparado ao início da vida.

Apresentam uma grande variedade de aspecto clínico, inclusive no mesmo paciente. Porém, conta com uma tonalidade uniforme, forma arredondada ou oval, bordas regulares e bem delimitadas (foto 1).


Foto 1: Nevo melanocítico adquirido, com pigmento uniforme e bordas regulares

Costuma-se localizar na parte superior das costas, correspondendo ao local mais exposto ao sol (foto 2).


Foto 2: Nevo melanocítico adquirido nas costas em grande número

Localizações menos comuns são palmas, plantas e unhas. Já a localização no couro cabeludo prediz o surgimento de grande número de nevos melanocíticos adquiridos no corpo. 

Também sofrem transformação de sua forma, ou seja, inicialmente são planos ou pouco elevados (foto 3), gradualmente vão adquirindo maior elevação.


Foto 3: Nevo melanocítico adquirido plano em planta do pé

A cor do NMA também sofre mudança. No início, varia entre o marrom e o preto. Com o tempo, vão perdendo a capacidade de produzir a melanina, pigmento responsável pela cor da pele.

Consequentemente, vão se aproximando da tonalidade normal (foto 4).


Foto 4: Nevo melanocítico adquirido elevado, com tonalidade próximo à pele normal

Ocasionalmente, os pelos se tornam mais evidentes em sua superfície, por se tornarem mais espessos (foto 5).


Foto 5: Nevo melanocítico adquirido com pelos de maior espessura


Apesar dessa mudança de cor e de forma ocorrerem ao longo dos anos, esse sinal escuro não deve ser confundido com o melanoma, o câncer de pele com maior mortalidade (foto 6a e 6b).


Foto 6a: Melanoma maligno em fase inicial , surgindo em área de nevo melanocítico adquirido 

Foto 6b: Melanoma maligno em fase inicial, surgindo em área de nevo melanocítico adquirido (em aproximação)

Não é fácil distinguir o início do melanoma do NMA, porém existe uma regra, conhecida como a do ABCD, que ajuda a diferenciar esses tumores (foto 7).


Foto 7: regra do ABCD

Essa regra funciona assim: ao contrário dos nevos melanocíticos adquiridos, o melanoma:

  • é assimétrico, ou seja, é impossível dividi-lo em 2 partes iguais,
  • tem bordas irregulares, como se o “pigmento derramasse” ao redor do tumor,
  • tem cores (tonalidades) diferentes,
  • atinge um diâmetro maior que 0,6 cm. 

Voltando aos NMA, eles se manifestam na unha como uma mancha de cor acastanhada, marrom ou preta, ocupando uma faixa com largura de até 4 mm (foto 8).


Foto 8: Nevo melanocítico adquirido na unha

São suspeitos de transformação em melanoma sinais que ultrapassam essa largura, os que escurecem e os que ultrapassam a unha ao ponto de atingir além das suas dobras (foto 9).


Foto 9: Melanoma maligno na unha e invadindo a pele ao redor

Nas pessoas com pele mais clara, há uma tendência do NMA a afetar apenas uma unha. Já nos pacientes de pele escura, pode comprometer várias.

O surgimento desse tipo de pinta na vida adulta é um sinal de alerta, uma vez que pode ser melanoma. É importante lembrar que os nevos melanocíticos adquiridos aparecem na infância.

Uma variedade dos NMA é o nevo halo, também conhecido como Nevo de Sutton. Afeta até 5% das crianças entre 6 e 15 anos.

O risco é maior de desenvolver esse sinal naqueles que têm grande número de NMA e nos que são portadores ou têm algum membro da família com vitiligo.

Manifesta-se pelo surgimento de uma mancha esbranquiçada (acrômica) arredondada ou ovalada, equivalente à mancha do vitiligo, ao redor do NMA (foto 10).


Foto 10: Nevo de Sutton manifestado por mancha branca de vitiligo ao redor de nevo melanocítico adquirido. Foto cedida por Samuel Freire do Atlas Dermatológico

Essa mancha nada mais é do que o sinal sendo destruído pelo sistema imunológico. Gradualmente, ela se expande em direção ao centro do sinal.

Ao final, resta apenas a mancha acrômica (mancha branca de vitiligo) (foto 11).


Foto 11: Vitiligo resultante da destruição do nevo melanocítico adquirido. Foto cedida por Samuel Freire do Atlas Dermatológico

Pode haver desaparecimento do vitiligo, voltando à cor normal da pele, porém não é frequente isso ocorrer.

O local mais afetado do Nevo de Sutton é o dorso e pode ser observado vários sinais desses nevos em cerca de 50% dos casos de nevo melanocítico adquirido..

Apesar de o NMA ser o sinal escuro mais frequentemente envolvido no nevo halo, outros tumores também derivados do melanócito podem estar envolvidos, como o:

  • nevo melanocítico congênito,
  • nevo azul (foto 12),
  • nevo de Spitz,
  • melanoma .

Foto 12: Nevo azul (sinal escuro benigno)

Tratamento dos nevos melanocíticos adquiridos

Devido à natureza benigna dos nevos melanocíticos adquiridos, não há necessidade de remoção cirúrgica desses sinais escuros, exceto por preocupação estética.

Porém, devido à maior probabilidade de surgimento de melanoma nos portadores de grande quantidade de NMA, o dermatologista deve acompanhar mais de perto esses pacientes, a fim de ser removida qualquer lesão suspeita de transformação nesse câncer.

Ainda ficou com alguma dúvida sobre o tema? Então, entre em contato conosco e agende uma consulta com um especialista.












Nevos melanocíticos congênitos: saiba mais sobre essas pintas na pele

Os sinais mais escuros na pele são chamados na medicina de nevos melanocíticos.

Esses sinais são compostos pelo acúmulo de um tipo de células, chamada de névicas, que derivam de melanócitos, os produtores do pigmento melanina.

A melanina, por sua vez, é a substância responsável pela cor, o que justifica os pontos serem escuros.

Muitas vezes, essas pintas na pele são confundidas com câncer, mais especificamente com o melanoma.

Por mais que sejam dois problemas diferentes, eles estão diretamente ligados por:

  • aumento do número de nevos melanocíticos na infância e adolescência, em consequência da exposição ao sol, o que predispõe ao  melanoma
  • coincidência de localização dos sinais escuros e do melanoma
  • maior ocorrência de melanoma em membros da mesma família com grande quantidade de nevos melanocíticos.

Uma das variedades é o nevo melanocítico congênito (NMC), que como o nome já diz surge ao nascimento, ao contrário dos outros tipos.

Quer saber mais sobre o NMC e entender tudo que está por dentro dessas pintas na pele? Então, continue lendo e confira.

Incidência

O NMC acomete de 1% a 3% da população. Existem diversos tipos, uma vez que essas lesões podem ter diferentes tamanhos.

Vale ressaltar que essas pintas na pele surgem já no nascimento e são escuras.

Dentro dos tipos, há a variedade gigante, tem o risco de acontecer em 1 a cada 20.000 nascimentos.

O que faz um bebê nascer com pintas na pele?

O nevo melanocítico congênito é consequência da proliferação de células benignas que derivam de melanócitos durante a vida intrauterina.

Em outras palavras, as pintas na pele surgem porque as células que produzem o pigmento se dividem mais rapidamente do que deveriam.

Essa multiplicação acelerada é decorrente das mutações em alguns genes (alterações genéticas).

Quais são os tipos de nevos melanocíticos congênitos?

O NMC é classificado conforme o tamanho das pintas na pele:

  • NMC pequeno: menor que 1,5 cm (foto 1)
  • NMC médio: entre 1,5 e 19,9 cm (foto 2)
  • NMC grande: acima de 20 cm e até 40 cm,
  • NMC gigante: subdividido em G1, maior que 40 cm e G2, maior que 60 cm (foto 3).

Foto 1: Nevo melanocítico congênito de tamanho pequeno, com espessamento dos pelos

Foto 2: Nevo melanocítico congênito de tamanho médio, com numerosos pêlos sobre superfície elevada

Geralmente, os NMC são pequenos ou médios e podem se localizar em qualquer parte do corpo.

No início da vida, essas pintas na pele têm a aparência de uma mancha escura, sem elevação, com a mesma tonalidade em toda sua superfície.

Posteriormente, elas vão se tornando elevadas e adquirem aspecto rugoso ou cerebriforme, semelhante à superfície do cérebro (foto 3).

Esses sinais escuros crescem mais rapidamente no início da infância. Em relação a sua cor, ela varia do castanho ao preto, de pigmentação uniforme ou mosqueada.

A forma varia entre redonda ou oval, aspecto simétrico (podem ser divididos em duas partes iguais), bem delimitado, de bordas regulares, superfície homogênea e frequentemente elevada. A maioria tem excesso de pelo, que é escuro e grosso (foto 3).

Entretanto, alguns NMC, principalmente os de maior tamanho, apresentam aspecto assimétrico, além de bordas disformes, superfície irregular, rugosa ou nodular (como caroço elevado).

Essas últimas características tornam os sinais muito parecidos com um melanoma, o que pode dificultar a diferenciação entre esses tumores.

O NMC gigante pode se localizar em diversas partes do corpo, como: 

  • parte superior das costas e pescoço
  • parte central das costas e nádegas
  • área genital e nádegas em “Calção de Banho”(foto 3)
  • tórax anterior (peito) e/ou barriga
  • apenas extremidades, como pernas, coxas, braços e antebraços.

Foto 3: Nevo melanocítico congênito de tamanho grande, imitando calção de banho

– Envolvendo a maioria das partes do corpo, pela fusão das três primeiras localizações citadas acima e consequentemente, são os de maior tamanho (foto 4). 


Foto 4: Nevo melanocítico congênito de tamanho gigante, com lesões satélites ao redor

Os sinais escuros que se localizam no couro cabeludo têm uma evolução diferente das demais regiões do corpo. Isso se dá pela tendência de ir gradualmente adquirindo uma pigmentação mais clara ou até desaparecerem.

Essa predisposição em ser destruído é observada em outros locais do corpo pelo fenômeno halo, manifestado pelo surgimento de uma mancha acrômica (vitiligo) ao redor do tumor e que, gradualmente, substitui todo o sinal pelo processo de autoimunidade, ou seja, de autodestruição. É conhecido como nevo de Sutton (foto 5).


Foto 5: Nevo de Sutton, mancha branca (vitiligo), surgindo a partir de um nevo melanocítico adquirido (lesão residual no centro)

As pintas na pele que são gigantes apresentam sinais escuros satélites de menor tamanho ao redor do tumor principal (fotos 6 e 7).


Foto 6: Nevo melanocítico congênito de tamanho gigante, com numerosas lesões satélites ao redor

Foto 7: Lesões satélites do  nevo melanocítico congênito gigante representado por  numerosas lesões satélites ao redor

Observando o exame microscópio, o NMC pode atingir a maior profundidade da pele, chegando até a parte mais profunda da derme (segunda camada, abaixo da epiderme) e até o tecido celular subcutâneo (gordura), havendo o comprometimento de nervos e vasos sanguíneos.

Além disso, nesses casos, a epiderme apresenta maior espessura em consequência de maior proliferação das células.

Como é feito o diagnóstico das pintas na pele?

O NMC de pequeno tamanho é muito semelhante ao nevos melanocítico adquirido (NMA) (link interno), os “sinais escuros” que são muito mais comuns.

Já o nevo melanocítico adquirido, ao contrário do NMC, surge após os 6 meses de vida. Aumenta em número na infância e na adolescência, atingindo seu máximo na terceira década (foto 8).


Foto 8: Numerosas lesões de nevo melanocítico adquirido no dorso

A partir daí, começam a desaparecer lentamente até a oitava década, quando podem adquirir o mesmo número de sinais escuros da fase anterior à adolescência. A evolução difere do NMC, que na grande maioria das vezes não desaparece.

Outro fator que pode auxiliar a análise das pintas na pele é o seu tamanho. O NMA, geralmente, é menor do que o NMC.


Foto 9: Nevo Melanocítico adquirido, com pigmentação uniforme e bordas regulares.

Complicações dos NMC

Veja quais são as principais complicações dos NMC:

Melanoma

O risco das pintas na pele do tipo NMC, de pequeno e médio tamanho, transformarem-se em melanoma é controverso. Porém, aceita-se que seja menos de 1%, sendo que a maior probabilidade disso acontecer é na vida adulta.

Já os sinais escuros gigantes têm risco de transformação maligna entre 5 a 12%, onde a metade dessa transformação ocorre nos primeiros 5 anos de vida.

Infelizmente, é difícil reconhecer o melanoma que surge no interior das pintas na pele, visto que os dois tumores são semelhantes.

Para fazer essa distinção, um dermatologista deve examinar toda a extensão para detectar a transformação maligna por meio da palpação de nódulos profundos no interior do NMC..

Outro fator que dificulta o diagnóstico dessa doença é o fato do NMC gigante também se originar no sistema nervoso central (cérebro) e retroperitônio (dentro do abdômen).

Então, existe a possibilidade do melanoma se desenvolver nessas localizações e, consequentemente, não ser identificado sua origem no exame dermatológico.

Os nevos melanocíticos congênitos com maior probabilidade de desenvolverem melanoma são aqueles de tamanho gigante (maiores de 40 cm), localizados nas costas e associados com grande número de nevos satélites, já mostrados anteriormente nas fotos 6 e 7.

Além desse, outros tumores estão associados com essas pintas na pele: liposarcoma, rabdomiossarcoma e tumores malignos da bainha de nervo periférico.

Melanose neurocutânea

É raro o NMC desenvolver uma proliferação de melanócitos no sistema nervoso central (cérebro) e leptomeninges (membranas que envolvem o cérebro) com alto risco de mortalidade nos primeiros anos de vida.

Os fatores para o acometimento do sistema nervoso são os mesmos para o melanoma, ou seja:

  • NMC gigante, especialmente maior de 40 cm
  • localizado nas costas
  • numerosos nevos satélites
  • mais de 2 NMC de tamanho médio, principalmente se for em grande número.

As manifestações do acometimento neurológico são: hidrocefalia (acúmulo de líquido no cérebro) e convulsão. Esta última é decorrente da compressão do sistema nervoso por hemorragia intracraniana, da dificuldade da livre circulação do líquido cérebro espinhal, da compressão da coluna vertebral ou do surgimento do melanoma no cérebro.

Para controlar os riscos dessas pintas na pele, recomenda-se a realização de exames complementares:

  • ressonância magnética para detectar as alterações neurológicas
  • exame histopatológico (biópsia)
  • dermatoscopia, exame que utiliza um aparelho aplicado sobre a pele para possibilitar a visualização das estruturas microscópicas do tumor, ajudando muito na confirmação do NMC e do melanoma. 

Tratamento

Tratar as pintas na pele envolve diversos cuidados, dependendo diretamente do seu tipo.

O NMC de pequeno ou médio tamanho deve ser examinado pelos familiares após serem educados para detectar o melanoma.

Já os tumores, mais difíceis de serem acompanhados, como os localizados no couro cabeludo, devem ser removidos.

Além disso, deve-se realizar frequentemente exames com um dermatologista. Esse hábito é ainda mais importante após a adolescência, quando aumenta a probabilidade de haver a transformação em melanoma.

Em relação à remoção, o NMC gigante é difícil de ser removido completamente, não apenas pelo tamanho, mas também por envolver a profundidade da pele e o sistema nervoso central.

Nessa situação, pode ser realizado remoções parciais, com a ajuda prévia de aparelhos para expandir a pele.

Quando a remoção cirúrgica não é possível, pode-se utilizar outras técnicas, como a curetagem, dermoabrasão e laser ablativo.

Durante o período neonatal, existe menor risco de cicatriz deformante e é provável a remoção total do sinal escuro, dado que as células do tumor ainda estão na camada mais superficial.

Por isso, pode ser utilizado a curetagem, porém, provavelmente, restará ainda células na profundidade do tumor que obriga o exame periódico para detectar recidiva ou o desenvolvimento do melanoma.

Ainda ficou com alguma dúvida sobre as pintas na pele? Então, entre em contato conosco e agende uma consulta para avaliação.







Prurigo nodular: saiba mais sobre essa doença da pele

Prurigo nodular é uma doença da pele caracterizada pelo surgimento de pápulas e nódulos (caroços) nos antebraços, pernas e coxas, em consequência do ato de coçar pela intensa coceira (prurido).

Tanto essa sensação quanto o aspecto antiestético das lesões geram grande prejuízo na qualidade de vida, podendo causar ansiedade, depressão, insônia e isolamento social.

A doença é bastante refratária aos tratamentos e a causa mais frequente é a dermatite atópica.

Quer saber mais sobre o prurigo nodular? Então continue lendo e confira.

Incidência

O prurigo nodular afeta aproximadamente 7,2 pacientes a cada 100.000 habitantes nos Estados Unidos.

Apesar de poder ocorrer em qualquer idade, é mais frequente nos idosos, principalmente entre 51 e 65 anos.

Já nos casos que estão associados à dermatite atópica, afeta mais os jovens.

De forma geral, acomete mais as pessoas de pele escura e as mulheres. Além disso, é manifestada nos portadores da AIDS em cerca de 5% deles.

O que causa o prurigo nodular?

Não é bem conhecido como a doença é desencadeada. 

O que se sabe é que ela é uma reação da pele em consequência do ato de coçar em resposta à intensa coceira (prurido). Uma vez instaladas as lesões, é criado um ciclo vicioso. Ao coçar, há o espessamento (liquenificação) da pele, o que aumenta e perpetua ainda mais o prurido.

Frequentemente, a causa é multifatorial sendo a dermatite atópica, a causa mais frequente, em 50% dos casos. 

Também pode haver relação com doenças originadas internamente, como:

  • Doença cardiovascular
  • Hepatites B e C
  • Insuficiência renal crônica
  • Doença do intestino por alergia ao glúten
  • Infecção pelo HIV em estado avançado
  • Doença da tireoide
  • Diabetes
  • Infecções parasitárias do intestino
  • Linfoma (câncer)
  • Distúrbios mentais, como ansiedade e depressão

Como o prurigo nodular se manifesta?

Surgem pápulas e nódulos (caroços) com coloração variando de avermelhado a marrom escuro, além de escoriações (arranhões consequentes ao ato de coçar).

A superfície das pápulas e nódulos tem um aspecto áspero, e o tamanho das lesões é variável, desde alguns milímetros até vários centímetros.

A quantidade dessas lesões pode se limitar a algumas em uma região do corpo ou chegar a atingir grande extensão da pele.

Acomete os locais mais acessíveis a coçar, como a face anterior das:

  • Pernas
  • Coxas
  • Antebraços
  • Braços

Geralmente, as lesões ocorrem de forma simétrica (fotos 1a e 1b).


Foto 1a: Prurigo nodular nas pernas e coxas


Foto 1b: vista aproximada, onde se observa nódulos escuros e arranhões (escoriações) resultantes da coceira intensa

Menos frequentemente, atinge a parte superior das costas, sem afetar a parte central desta, pela impossibilidade do acesso a coçar. 

Nos casos relacionados à dermatite atópica, a manifestação cutânea se inicia através de pele seca e manchas esbranquiçadas, conhecidas como pitiríase alba.

A coceira é muito intensa, angustiante, esporádica ou contínua, suficiente para provocar insônia e isolamento social. Este último, provocado pelo constrangimento da compulsão do ato de coçar.

Frequentemente a coceira é tão intensa a ponto de apenas ser interrompida pelo sangramento e pela dor, consequentes ao ato de coçar.

As feridas resultantes poderão permitir a penetração e proliferação da bactéria estafilococo, habitante da pele, gerando a infecção conhecida como impetigo, o qual se manifesta por crostas melicéricas (amareladas) e pele avermelhada. Essa infecção poderá causar mais dor e desconforto.

Em relação à coceira, é agravada pelo ambiente quente e consequente sudorese, além do contato com roupas que geram maior atrito com a pele, como as de lã.

O prurigo nodular é uma doença crônica, que pode perdurar durante vários anos. Infelizmente, é muito difícil controlar totalmente a enfermidade.

Para identificar as possíveis causas e aumentar a chance de um tratamento eficaz, deve ser realizado os seguintes exames de laboratório:

  • Hemograma completo
  • Transaminases e fosfatase alcalina para avaliar a função do fígado
  • Ureia, creatinina e sumário de urina para medir o funcionamento dos rins
  • Ferritina para avaliar anemia
  • TSH e T4 (função da glândula tireóide)
  • Exame parasitológico de fezes
  • Radiografia do tórax para investigar câncer

Como é feito o tratamento?

O tratamento do prurigo nodular tem como principal objetivo combater a coceira, interromper o ciclo coceira-arranhar e auxiliar na involução das lesões.

Para isso, é preciso evitar o impulso de coçar por meio do combate às condições que geram pele seca, especialmente naqueles que são portadores de dermatite atópica.

O tratamento conta com diversas etapas:

Cuidados com a pele para evitar arranhá-la

Para evitar os arranhões, o paciente deve cortar as unhas 2 vezes por semana, usar roupas compridas e meias, e dormir com luvas.

Também pode-se recomendar tratar a sensação de compulsão (TOC) por meio de medicamentos psiquiátricos e acompanhamento psicológico.

Combate à coceira

Para combater a coceira, deve-se realizar a aplicação de sabonetes tipo syndet, cremes hidratantes e loções que proporcionem sensação de frescor contendo mentol, cânfora e calamina.

Além disso, também se recomenda utilizar cremes contendo capsaicina.

Medicamentos anti-histamínicos que gerem sonolência como a hidroxizina para auxiliar no alívio do prurido, especialmente no período da noite. 

Em alguns casos, o paciente também pode ser medicado com antidepressivos como a doxepina.

Combate às lesões na pele

Para combater as lesões do prurigo nodular, pode-se usar  creme contendo corticosteróide, sendo que o período e a forma de aplicação devem ser recomendados por um dermatologista.

Após controle das lesões, o creme pode ser aplicado aos finais de semanas para evitar recidiva, sempre com a supervisão de um médico para reduzir os graves efeitos colaterais pelo seu uso prolongado.

Nos casos com número reduzido de lesões do prurigo nodular, pode-se recomendar a aplicação intralesional de acetonido de triancinolona associado à crioterapia (nitrogênio líquido), o que deve ser feito apenas com a prescrição e ajuda de um especialista.

Outras opções de tratamento por via tópica são a capsaicina, derivados da vitamina D (calcipotriol) e inibidores da calcineurina (pimecrolimo e tacrolimo)

Os casos com grande número de lesões ou que não respondem ao tratamento de uso tópico, deve ser associado com as seguintes opções:

FOTOTERAPIA,

  • UVB de banda estreita: através da aplicação de raios ultravioleta do tipo B de banda estreita, comprimento de onda entre 311 e 313 nm, radiação emitida numa cabine, 2 a 3 vezes por semana, durante 10 semanas. É a melhor opção.
  • PUVA: associação da ingestão ou aplicação na pele de psoraleno à radiação ultravioleta A,
  • Excimer laser de 308 nm.

Outras opções de tratamento por via oral associadas ao tratamento por via tópica são: 

  • Metotrexato
  • Ciclosporina
  • Talidomida e lenalidomida (evitar durante a gravidez).

Para os pacientes resistentes a todas as modalidades de tratamento, foi introduzido, recentemente, o Dupilumad, medicamento pertencente ao grupo dos biológicos, especialmente indicado para os casos associados à dermatite atópica.

Vale ressaltar que apenas um dermatologista poderá traçar o melhor tratamento para você. A automedicação pode piorar o prurigo nodular e trazer mais consequências para a saúde. Se você sofre dessa doença, agende uma consulta conosco e inicie o seu tratamento com um especialista.


Eczema asteatósico: saiba mais sobre esse problema de pele comum em idosos

O eczema asteatósico é um problema que acomete muitos idosos e pertence à classe de doenças que causam inflamação na pele

De forma geral, ele tem como sintoma coceira e sempre está associado à pele seca. Além disso, está relacionado com todas as condições que provocam a diminuição da camada de gordura em uma parte mais superficial da pele.

Como consequência, há o ressecamento da área, o que é comum durante o envelhecimento e em locais ou estações com baixa umidade, seja pelo clima ou pela utilização de aquecedores.

Quer saber mais? Então, continue lendo e tire suas dúvidas sobre o eczema asteatósico.

Incidência do eczema asteatósico

O eczema asteatósico afeta, principalmente, os idosos. Isso ocorre pelo ressecamento da pele que acontece naturalmente nessa faixa etária, principalmente a partir da sexta década de vida.

 É ligeiramente mais frequente nos homens e nos locais com clima frio e seco.

Qual a causa do eczema asteatósico?

A causa do eczema asteatósico não é completamente conhecida, apesar de se sugerir a relação com a diminuição da camada que compõe a parte mais superficial da pele, que ocorre inevitavelmente com o avançar da idade.

A redução dessa gordura gera uma perda de água, de forma invisível, chegando a ser de até 75 vezes. 

Além do envelhecimento, existem outros fatores que geram ressecamento e, consequentemente, o eczema asteatósico, como:

  • doenças internas
  • desnutrição
  • declínio hormonal, especialmente na menopausa
  • clima frio e seco
  • exposição exagerada ao sol
  • uso de substâncias na pele que removem a gordura dela, como limpadores e solventes
  • traumas repetidos,
  • linfomas e outros tipos de câncer
  • medicamentos, como a cimetidina
  • deficiência de zinco
  • mixedema, outra enfermidade da pele

Como o eczema asteatósico se manifesta?

A manifestação do eczema asteatósico ocorre a partir da inflamação da pele seca, o que pode ser visto por meio do aparecimento de linhas avermelhadas, de aspecto cruzado e reticular (em rede), semelhante a um leito de rio seco ou a um vaso rachado (foto 1).


Foto 1: Eczema Asteatósico nas costas, onde se observa eritema (mancha vermelha), com aspecto linear, semelhante a “vaso rachado” 

A estrutura ao redor mantém o aspecto seco e começa a descamar, semelhante a um peixe. Esta condição é conhecida como ictiose (fotos 2a e 2b). 


Foto 2a: Eczema asteatósico nas pernas

Foto 2b: Foto aproximada, onde se observa lesões de aspecto avermelhado a partir da pele seca

As bordas das lesões podem se tornar avermelhadas e evoluir, havendo o aparecimento de secreção líquida, de crostas e de escoriações (arranhões). Nesses casos, o quadro é denominado eczema numular.

Essas lesões do eczema asteatósico aparecem, preferencialmente, em locais do corpo que são mais secos, como:

  • pernas,
  • braços,
  • mãos.

Tratamento do eczema asteatósico

O tratamento do eczema asteatósico envolve diversos procedimentos. O primeiro está relacionada em prevenir o ressecamento da pele a partir das mudanças de hábitos, por exemplo:

Além disso, durante a crise, deve-se ir a um dermatologista e iniciar o tratamento com um creme contendo corticosteróide para controlar a inflamação. A quantidade de aplicações e o tempo de duração devem ser indicados pelo próprio médico.

Após o período recomendado, o corticosteróide pode ser substituído pelos imunomoduladores de uso tópico, o pimecrolimo e o tacrolimo, que também têm poder anti-inflamatório porém  geram menos efeitos colaterais.

Controlado a inflamação, a pele deve ser hidratada com cremes contendo ureia e sabonetes especiais.

A manutenção da hidratação diminui a possibilidade de aparecerem mais lesões devido ao eczema asteatósico.

Ficou com alguma dúvida ou deseja agendar uma consulta para iniciar o seu tratamento? Então, entre em contato conosco.



Bicho de pé: o que causa, como se manifesta e qual o tratamento?

O bicho de pé é o nome popular da tungíase, doença de pele autolimitada. Esse problema é causado por uma pulga que habita lugares arenosos e secos.

Essa pulga, chamada Tunga penetrans, pode entrar na pele das pessoas, causando lesões nos pés, nas mãos ou em outras regiões do corpo.

A tungíase ocorre apenas em países de clima tropical, como o Brasil. Aqui é comum ocorrer essa condição em crianças, mas também pode afetar adultos.

Continue lendo para saber mais sobre o bicho de pé e entender porque essa doença ocorre.

Qual a causa do bicho de pé?

O bicho de pé é causado pela penetração na pele pela menor das pulgas, a Tunga penetrans, a única espécie do gênero que parasita o homem.

Ela mede 1 milímetro e escolhe lugares secos e arenosos para viver, principalmente em área rural, chiqueiros e currais (fotos 1a, 1b, 1c).

Fotos 1a, 1b, 1c Tunga penetrans na planta do pé, sendo eliminada

Além do homem, parasita o porco. É hematófago, ou seja, se alimenta de sangue. O macho deixa o hospedeiro após se alimentar e, portanto, não é o responsável pelas manifestações clínicas na pele.

A fêmea, por outro lado, quando está fecundada, penetra na parte mais superficial da pele e introduz a cabeça e o tórax, deixando para fora o aparelho para respirar e o abdômen.

Este último tem um orifício para eliminar os ovos na terra. 

Quando os ovos vão se desenvolvendo, o que ocorre em grande número, há a dilatação da parte posterior do abdômen, o que fica visível na lesão.

Após os ovos se desenvolverem por completo, o abdômen rompe e os ovos são eliminados para o exterior, caindo no solo. Isso ocorre, normalmente, em um período de 2 semanas (foto 2). As fêmeas morrem em seguida.


Foto 2: Ovos da Tunga penetrans sendo eliminados. Foto cedida pelo Dr. Samuel Freire, do Atlas Dermatológico.

Como o bicho de pé se manifesta?

O abdome dilatado do bicho de pé, descrito anteriormente, fica aparente na pele, se manifestando como uma pápula esférica (carocinho) amarelada com um ponto enegrecido no centro (fotos 3a e 3b).


Foto 3a: Tunga penetrans no pé

Foto 3b: Pápula amarelada, com centro enegrecido

Localiza-se, preferencialmente, nas pregas das unhas, espaços entre os dedos e a planta do pé (fotos 4a e 4b).


Foto 4a: Tunga penetrans ao redor das unhas


Foto 4b: Tunga penetrans ao redor das unhas (aproximação)

Ocasionalmente, as lesões podem se localizar no órgão genital, períneo e membros, mas isso não é muito comum.

Os casos mais antigos podem adquirir o aspecto de favo de mel em consequência do grande número de lesões com proximidade entre si.

O bicho de pé pode atingir grande extensão com a presença de centenas de lesões. Normalmente, isso ocorre na planta dos pés.

Além do aparecimento do carocinho com ponto preto, também pode ocorrer coceira leve e, em alguns casos, dor.

Ocasionalmente, podem surgir complicações por infecções bacterianas e ser porta de entrada para outras doenças, como:

  • abscessos,
  • linfangite, infecção bacteriana dos vasos linfáticos,
  • septicemia,
  • gangrena gasosa e
  • tétano.

Como lidar com a tungíase?

Em áreas com muitos casos, como as rurais, recomenda-se que todas as pessoas façam a prevenção dessa doença, que envolve:

  • uso de calçados,
  • aplicação de repelentes naturais,
  • extermínio das fontes, utilizando fogo ou DDT.

Já quando há o aparecimento de uma lesão, pode-se fazer a remoção da pulga com uma agulha esterilizada após a aplicação de substâncias antissépticas.

Nos casos em que há muitas lesões recomenda-se a realização de uma consulta com dermatologista para avaliar o caso e receitar um remédio eficaz.

Se você não se sentir seguro para fazer a remoção com uma agulha, também procure ajuda profissional. Lembre-se que utilizar objetos contaminados favorece o aparecimento de outras doenças, como as já citadas acima.

Continue no nosso blog e saiba mais sobre outra doença causada por um parasita, o bicho geográfico.





Hidradenite supurativa: saiba mais sobre essa doença que causa nódulos dolorosos

A hidradenite supurativa (HS) é uma doença da pele que se manifesta como inflamação que tende a se perpetuar.

Nela, surgem nódulos (caroços) muito dolorosos nas axilas, virilhas, ao redor do anus e mamas. Na grande maioria dos casos, a aparição se dá em um local rico em glândula apócrina, um tipo de glândula sudorípara.

Embora o nome sugira associação com infecção bacteriana, não existe relação com esse problema.

Quer saber sobre? Então continue lendo e confira.

Incidência da hidradenite supurativa

Essa condição, também chamada acne inversa, atinge de 1% até 4% da população. As mulheres são duas vezes mais afetadas do que os homens. 

A doença surge a partir da segunda ou terceira décadas da vida, podendo ocorrer entre 11 e 50 anos. 

Apesar de a faixa etária ser ampla, geralmente , manifesta-se entre 18 e 27 anos. 

Atinge, raramente, crianças menores de 11 anos (menos de 2%). Além de raro antes da puberdade, é muito infrequente na menopausa. 

Ocorre, principalmente, na população negra.

Qual é a causa dessa doença?

Ainda não se sabe totalmente qual é a causa da hidradenite supurativa.

Porém, como na acne, decorre da oclusão do orifício do pelo e consequente acúmulo do sebo.

Esse acúmulo atinge seu máximo até que ocorre a ruptura da parede, gerando extravasamento do material. Essa ruptura do folículo piloso é influenciada diretamente pelos hormônios.

A presença de sebo no tecido ao redor estimula o sistema imunológico e gera a inflamação.

Além disso, existe uma predisposição a reagir a esses incentivos exageradamente, em decorrência de um defeito inato. 

Fatores envolvidos na hidradenite supurativa

Confira alguns fatores relacionados.

Predisposição hereditária

Cerca de 40% dos casos de hidradenite supurativa ocorrem em pacientes que têm algum parente com essa mesma doença, o que reforça a predisposição hereditária.

Esse risco é ainda maior quando acomete pessoas jovens, antes dos 13 anos.

Traumatismos

O trauma mecânico da pressão e da fricção nas dobras e em outros locais exercidos por cinto, sutiã e demais, contribuem para a ruptura do folículo piloso.

Obesidade

Assim como na acne, a elevação do hormônio andrógeno no obeso gera obstrução do folículo piloso, responsável pelo início da doença.

Desse modo, a área de atrito nas dobras também contribui para a sua instalação pela retenção de suor, o que irrita a pele e agrava a obstrução do pelo.

A produção de substâncias inflamatórias pelo tecido adiposo no obeso, para todo organismo, como as citocinas pró-inflamatórias, também agem agravando a situação.

Tabagismo

A nicotina e outras substâncias do cigarro influenciam na obstrução e inflamação do pelo.

Hormônios sexuais

Vários fatores reforçam a teoria da influência hormonal na hidradenite supurativa, como:

  • raridade da doença antes da puberdade
  • agravamento no período pré-menstrual
  • melhora durante a gravidez
  • efeito positivo do tratamento que diminui o efeito do hormônio andrógeno.

Infecção bacteriana

É discutível o papel das bactérias, havendo uma tendência a considerar como um fenômeno secundário à atuação da obstrução do pelo ou, ainda, um agravante ou motivo de permanência da doença .

Medicamentos

Anticonceptivos orais contendo progestágeno andrógeno, acetato de medroxiprogesterona e levonorgestrel podem induzir a HS.

Como a hidradenite supurativa se manifesta?

Inicialmente, a doença ocorre lentamente, com o aparecimento de prurido (coceira), eritema (vermelhidão) e excesso de sudorese. Posteriormente, as lesões tornam-se dolorosas.

Os locais mais afetados são os ricos em pelo e glândula apócrina, como as dobras naturais e a pele ao redor. A região mais afetada é a axila, também pode acometer:

Além disso, também pode acometer:

  • virilha
  • abaixo das mamas
  • mama
  • face interna das coxas
  • períneo
  • ao redor dos anus
  • nádegas
  • púbis
  • bolsa escrotal
  • vulva.

Menos frequentemente, atinge o tronco, couro cabeludo e região retroauricular (atrás da orelha).

Os locais sujeitos a atrito, como os relacionados ao cinto e ao sutiã, estão mais propensos a desenvolverem a doença.

A extensão e a gravidade da enfermidade são muito variáveis. Podemos observar casos com lesões discretas em apenas um local ou com o acometimento em mais de uma região e com grande gravidade.

No início temos os comedões (cravos) abertos, identificados por pontos enegrecidos, consequência da obstrução do pelo, como acontece na acne. Observe as fotos abaixo (1a e 1b) para compreender os primeiros sinais da hidradenite supurativa.


Foto 1a: Hidradenite supurativa, estágio inicial

Foto 1b: Hidradenite supurativa com comedão (cravo) na axila, foto de aproximação

Em seguida, surgem as lesões inflamatórias representadas por pápulas e os nódulos, de aspecto avermelhado e dolorosos, semelhante ao furúnculo, como pode ser visto abaixo (fotos 2 e 3).


Foto 2: Hidradenite supurativa com pápulas (carocinhos) na axila

Foto 3: Hidradenite supurativa com nódulo na axila

Não tratado, evolui para o abscesso e este, para o amolecimento e fistulização, ou seja, surgimento de orifício por onde são eliminados pus e sangue.

Os nódulos são substituídos por cicatrizes atróficas (em um nível inferior ao da pele normal) ou elevadas e exageradas (hipertróficas), como um queloide (foto 4).


Foto 4: Hidradenite supurativa com cicatrizes evoluindo para queloide

Essas cicatrizes queloideanas comprimem os vasos linfáticos e geram dificuldade de drenagem. Em consequência disso, surge linfedema, ou seja, inchaço nos braços, púbis, vulva, pênis e bolsa escrotal. 

O péssimo aspecto estético, o mau odor, resultante da eliminação de pus e sangue, acaba gerando isolamento social, depressão, desemprego e até suicídio.

Quanto mais precoce o início, maior a probabilidade de evoluir para os estágios mais avançados.

Doenças associadas com a hidradenite supurativa

Além das manifestações na pele, ela está associada à síndrome metabólica e suas consequências para a saúde, como:

  • diabetes
  • obesidade
  • dislipidemia (alterações da gordura no sangue)
  • hipertensão arterial
  • infarto do miocárdio
  • acidente vascular cerebral.

Esses pacientes também são mais propensos a serem portadores de problemas inflamatórios intestinais, como doença de Crohn e colite ulcerativa.

A HS também está relacionada com outros problemas, como:

  • Obstrução folicular, que gera acne , geralmente grave, cistos pilonidal e foliculite dissecante do couro cabeludo.
  • Síndrome composta por artrite piogênica, pioderma gangrenoso, acne e hidradenite supurativa
  • Doença de Behçet, que causa a inflamação dos vasos sanguíneos
  • Psoríase, doença que ocorre quando o sistema imune ataca as células da pele
  • Carcinoma espinocelular, um tipo de câncer
  • Anemia, caracterizada por baixos índices de ferro no sangue.

Existe uma tendência a reaparecer e tornar-se crônica. Daí a importância do tratamento ser instituído precocemente, para evitar que se perpetue.

Tratamento da hidradenite supurativa

Para evitar o agravamento da doença, o paciente deve saber mais sobre ela. O primeiro passo é compreender que essa enfermidade não é contagiosa nem decorrente de má higiene.

Se quiser tirar dúvidas e saber quais são fontes confiáveis para se informar, é importante realizar consultas periódicas com um dermatologista, que poderá indicar materiais de fontes confiáveis, como a Hidradenitis Supurativa Foundation.

Quando o objetivo é cuidar das lesões, recomenda-se:

  • higienizar o local diariamente, com sabões antissépticos
  • aplicar substâncias que evitem o suor
  • evitar ambientes quentes e úmidos
  • ficar no peso ideal
  • diminuir o estresse, de preferência com acompanhamento psicológico
  • usar roupas folgadas e de tecido de algodão
  • praticar exercício físico
  • realizar dieta para emagrecer
  • evitar tabagismo.

Utilizar vaselina branca antes de os curativos serem aplicados, também pode auxiliar. Esse método evita que os esparadrapos fiquem presos e, consequentemente, gerem traumatismo.

A aplicação de compressas mornas, contendo solução de Burrow e cloreto de alumínio, possui a função de secar as secreções de pus, sangue e suor. Também deve ser aplicado produtos para limpar a pele, o que deve ser prescrito por um dermatologista.

Medicamentos

Existem, ainda, remédios que podem ser utilizados para controlar a hidradenite supurativa e os seus sintomas. Os anti-inflamatórios não hormonais combatem, além da inflamação, também a dor.

Além disso, pode ser utilizado antibióticos para controlar a enfermidade. Já quando há lesões mais profundas, é recomendado tetraciclina e seus derivados, como doxiciclina, minociclina e limeciclina.

Caso ocorra a falha no tratamento com esses antibióticos, uma opção é utilizar uma combinação de fármacos.

Nos casos muito graves, sem resposta aos outros medicamentos, recorre-se ao uso do ertapenem por via intravenosa. 

Se houver suspeita de infecção secundária pela bactéria estafilococo, deve ser utilizado, preferencialmente, a cefalexina, orientado pela cultura e antibiograma.

Para auxiliar na desobstrução do folículo piloso, o dermatologista pode recomendar derivados da vitamina A, como a isotretinoína, acitretina e, recentemente, a alitretinoína.

Os corticosteróides, por via oral ou intralesional, podem ter efeito anti-inflamatório, porém não devem ser utilizados prolongadamente pelos seus graves efeitos colaterais.

Ainda há outros que podem ser utilizados, como:

  • dapsona, para combater a inflamação
  • acetato de ciproterona e etinilestradiol, como pílula anticoncepcional para mulheres
  • associação de remédios, com efeito antiandrógeno
  • metformina, especialmente para idosos.

Mais recentemente, os medicamentos biológicos, como o infliximab, ustekinumab, anakinra e adalimumabe são reservados para os casos graves e resistentes a outras substâncias. 

Vale ressaltar que nenhum desses deve ser consumido sem a devida prescrição médica. A automedicação pode causar piora no quadro.

Cirurgias

Quando o tratamento clínico não cura a hidradenite supurativa, há a opção de realizar a cirurgia.

Em estágio inicial, pode ser utilizado drenagem de abscessos, eletrocoagulação e curetagem.

Cirurgia é a opção com maior chance de cura. Sua efetividade depende de ser realizada no estágio inicial e da lesão ser removida totalmente, considerando a profundidade da pele e com margens de 2 cm.

A remoção cirúrgica com laser de CO₂ é eficaz, especialmente nos casos próximo ao anus a fim de preservar seu esfíncter.

Já a criocirurgia, utilizando o nitrogênio líquido e a consequente cicatrização por segunda intenção, apesar de muito doloroso, pode ser eficaz.

Se você sofre de hidradenite supurativa, entre em contato conosco para agendar uma consulta e ter o tratamento ideal traçado para o seu caso.






Você sabe o que é eritema fixo pigmentar?

O eritema fixo pigmentar (EFP) é uma reação que ocorre na pele em consequência da ingestão ou, menos frequentemente, de injeção de remédios.

Ele é caracterizado por vermelhidão e, nos casos com maior inflamação, pelo aparecimento de bolhas, que desaparecem naturalmente após um tempo.

Apesar da sua involução, fica uma mancha escura acinzentada na área. Além disso, também há o reaparecimento dos sintomas no mesmo local se houver algum contato com o medicamento causador.

Continue lendo para saber mais sobre e tirar suas dúvidas acerca dessa reação.

Quem é afetado pelo eritema fixo pigmentar?

O eritema fixo pigmentar não é uma reação comum. Entre 2% a 3% dos pacientes apresentam essa condição ao se expor a medicamentos.

Não há predominância por gênero, mas é mais frequente entre os 20 e 40 anos.

Esse problema é mais comum em crianças com reações alérgicas a remédios, afetando entre 5% e 22% delas.

O que causa o eritema fixo pigmentar?

A agressão à pele, que gera inflamação, ocorre como reação das células do sistema imunológico, como os linfócitos T do tipo CD8, que são estimulados pelo medicamento.

Quando isso ocorre, as células agridem a pele nas camadas mais superficiais e profundas, conhecidas como epiderme e derme, respectivamente.

Também participam do dano à pele os linfócitos CD4, os mastócitos e os neutrófilos. 

Uma grande quantidade de medicamentos pode ser responsável pelo EFP. Os mais frequentes são:

  • Agentes antibacterianos: tetraciclinas, trimetropim-sulfametoxazol, penicilina, amoxicilina, quinolona e dapsona.
  • Anti-inflamatórios não hormonais: dipirona, ácido acetilsalicílico, ibuprofeno, naproxeno, ácido mefenâmico, fenilbutazona e piroxicam.
  • Anticonvulsivantes: carbamazepina.
  • Outros fármacos: paracetamol, barbitúricos, antimaláricos, benzodiazepínicos e alopurinol.

Esse problema, raramente, é uma reação a alimentos e aditivos alimentares. Porém, pode ser resultado de picada de inseto, vacina BCG, queimadura e punção venosa, mas sempre com a participação de medicamentos.

Como essa condição se manifesta?

O eritema fixo pigmentar ocorre, geralmente, entre 30 minutos a 8 horas após a exposição ao medicamento. Porém, pode surgir até 2 semanas depois e persistir mais que alguns dias.

Caso o paciente continue fazendo o uso, as manchas tornam-se definitivas, especialmente nas pessoas de pele escura.

Inicialmente, surgem as avermelhadas (eritema), com tonalidade vermelho-escuro, bem delimitadas, arredondadas ou ovais (foto 1).


Foto 1: Eritema fixo pigmentar em fase inicial manifestado por eritema (macha avermelhada)

À medida que a inflamação na pele se intensifica, elas podem se tornam elevadas, formando vesículas e bolhas (foto 2).


Foto 2: Eritema fixo pigmentar com bolha

Essas lesões podem romper e serem substituídas por outras com aspecto de feridas (erosões), especialmente na glande (pênis). Na evolução final, são trocadas por manchas de tonalidade cinza-escuro (foto 3).


Foto 3: Eritema fixo pigmentado em estágio avançado, constituído por mancha acinzentada 

É comum que reapareçam no mesmo local quando houver contato com o mesmo medicamento. Também pode ocorrer de aparecer vermelhidão em outros pontos, contribuindo para aumentar a extensão da doença.

De forma geral, as reações surgem em certas áreas do corpo, como:

  • lábio (foto 4)
  • genital
  • área ao redor do anus
  • mãos
  • pés
  • região sacra (acima das nádegas).

Foto 4: Eritema fixo pigmentar no lábio superior

Quando acomete as mucosas, pode ocorrer erosões e até machucados mais profundos, como úlceras. Na região oral, afeta preferencialmente o céu da boca.

As lesões, geralmente, são solitárias, mas podem surgir mais. Em crianças, por exemplo, é possível se manifestar em grande número. Nessa faixa etária, tendem a serem de menor tamanho.

Em todos os casos, os pacientes relatam sensação de queimação, coceira e dor.

Todas as reações aos medicamentos são iguais?

Alguns fármacos desencadeiam esse problema em certos locais do corpo.

As influenciadas pelo anti-inflamatório oxifenilbutazona têm preferência em acometer as mucosas, como boca e genital.

Já a tetraciclina tende a causar reação especialmente da área genital. O sulfametoxazol-trimetoprima (Bactrim) atinge os lábios. 

As lesões causadas por sulfonamidas ou tetraciclina, geralmente, apresentam-se no pênis, como balanite em homens não circuncidados. Já a dipirona atinge o tronco e os membros.

Tratamento do eritema fixo pigmentar

O primeiro passo para tratar essa condição é suspender o uso do medicamento responsável.

No caso de ser um remédio o responsável pela doença, é essencial uma consulta de retorno para trocar o medicamento por outro que não cause essa reação e assim não prejudicar a saúde.

Para o controle das lesões, pode ser utilizado cremes contendo corticosteróides entre 7 e 10 dias, dependendo da orientação médica. Também é aconselhável utilizar anti-histamínicos por via oral.

Lembre-se que antes de iniciar qualquer tratamento, deve-se realizar uma consulta com um dermatologista, para saber quais são os produtos mais indicados para o seu caso.

Se você está sofrendo de eritema fixo pigmentar, entre em contato conosco para agendar a sua consulta e não ter mais incômodos por causa dessa condição.




Saiba mais sobre carcinoma espinocelular, um dos tipos de câncer de pele

O carcinoma espinocelular, também conhecido como CEC, é um câncer de pele muito comum.

Ele é originado nos queratinócitos, uma célula que fica localizada na camada mais superficial da pele, chamada epiderme.

Essa doença pode ser desencadeada por diversos fatores, mas principalmente pela exposição ao sol.

Continue lendo para saber mais sobre e tirar suas dúvidas.

Incidência do carcinoma espinocelular

Esse é o segundo câncer de pele mais frequente, representando 20% desses tumores malignos e que não incluem o melanoma.

Nos últimos 20 anos, os casos têm aumentado significativamente, motivado pelos seguintes fatores:

  • maior exposição da população ao sol
  • uso de câmera de bronzeamento artificial
  • envelhecimento da população
  • aperfeiçoamento do diagnóstico do tumor.

Reforçando a influência da exposição ao sol, o carcinoma espinocelular é mais frequente nos países com maior incidência solar. Além disso, há variação no próprio país, conforme a proximidade com linha do equador.

A incidência também aumenta à medida que a pessoa envelhece. Acima dos 75 anos, por exemplo, é 300 vezes mais frequente do que na faixa etária abaixo de 45.

É muito mais frequente em pacientes brancos do que em negros. Nos Estados Unidos, a incidência em mulheres e homens brancos é de 150 e 360 por 100.000 habitantes, respectivamente, enquanto em negros é de apenas 3 por 100.000. 

Quais são os fatores de risco do carcinoma espinocelular?

Veja quais são os principais fatores de risco para o desenvolvimento desse câncer de pele.

Radiação ultravioleta

É o principal fator de risco do carcinoma espinocelular. O desenvolvimento do tumor é resultado do efeito cumulativo do sol, especialmente a radiação ultravioleta B durante a vida.

Já os outros dois tipos de câncer de pele mais frequentes, o carcinoma basocelular e o melanoma, são induzidos pela exposição intermitente, ou seja, devido a queimaduras solares ocasionais.

Essa diferença explica a maior incidência na população mais idosa. Além deles, existem outras pessoas que são mais susceptíveis a essa doença, como quem:

  • se expõem mais ao sol, como agricultores e marinheiros
  • faz bronzeamento artificial em câmaras que emitem radiação ultravioleta A
  • realiza fototerapia envolvendo a emissão de raios ultravioleta (B).

Outros fatores que influenciam são a intensidade de exposição ao sol nos últimos 5 a 10 anos, a cor da pele, dos olhos e dos cabelos.

Radiação ionizante

A radiação ionizante é aquela que consegue interagir com as células do organismo e causar câncer, como o carcinoma espinocelular.

As principais fontes desse tipo de radiação são:

  • bombas atômicas, como a que ocorreu no Japão
  • radioterapia de tumores malignos
  • radiografia, que permite o diagnóstico por imagem.

Exposição ao arsênico

Alguns países, como Taiwan e México, têm grande concentração de arsênico na água potável. Por isso contam com uma alta incidência de carcinoma espinocelular.

A exposição no trabalho também contribui.

Fator genético

Pessoas que têm outros membros na família com carcinoma espinocelular têm duas a três vezes mais chance de desenvolverem esse câncer de pele.

Os portadores de xeroderma pigmentoso, outra doença hereditária, têm 2000 vezes maior risco de adquirirem, sempre a partir da juventude.

Outras condições, de origem genética, que também implicadas na predisposição a esse problema são:

  • albinismo
  • epidermólise bolhosa
  • epidermodisplasia verruciforme.

Imunossupressão adquirida

A diminuição da imunidade induzida por doenças, como a AIDS, por medicamentos para evitar a rejeição de transplante de órgãos, no tratamento de câncer e no controle de doenças autoimunes, com corticosteroide, aumenta muito o risco de surgimento do CEC. Além disso, predispõe a tumores mais agressivos, o que influencia o perigo de metástase.

Inflamação crônica da pele

Inflamação da pele de longa duração também aumenta as chances do paciente desenvolver carcinoma espinocelular de forma muito agressiva.

Entre os principais tipos de inflamação, podemos citar:

  • cicatrizes resultados de queimaduras
  • úlcera de longa duração na perna
  • fístulas
  • líquen escleroso na área genital da mulher.

Fumo

Os fumantes e usuários de tabaco têm mais possibilidades de desenvolverem o CEC na boca, variando de 20% a mais de duas vezes, comparado aos não fumantes.

Infecção pelo papilomavírus (HPV)

Há a teoria que a infecção pelas variantes do tipo 5, 8, 15, 17, 20, 24, 36 e 38 aumentam as chances de aparição desse tumor.

Apesar disso, atualmente, tem surgido dúvidas sobre essa relação.

Medicamentos

Os pacientes que utilizam medicamentos que induzem as queimaduras de sol, como os utilizados para combater a hipertensão arterial, o psoraleno associado à fototerapia para tratar doenças, como vitiligo e a psoríase, são mais propensos a desenvolver o carcinoma espinocelular.

Outros medicamentos também predispõem ao tumor, como:

  • azatioprina, utilizada para tratar doenças autoimunes
  • o vemurafenib e dabrafenib, úteis no tratamento de metástase de melanoma.

Não existe comprovação da associação com dietas ricas em leite e gordura, selênio e vitamina D.

Como o carcinoma espinocelular se manifesta?

Pode surgir em qualquer parte da pele e das mucosas, inclusive ao redor das unhas, mucosa oral e região anogenital.

Em pessoas brancas, predomina a área exposta ao sol. Nas negras, é mais frequente na parte protegida do sol, como as pernas, região ao redor do anus, genitais e sobre cicatrizes antigas.

Na região genital e ao redor das unhas está relacionado à infecção pelo HPV.

A Doença de Bowen representa uma lesão pré-cancerosa consequente à exposição solar, vírus do HPV e até intoxicação por arsênico. Esta última devido à alta concentração dessa substância na água potável, não existente no Brasil.

Manifesta-se por uma placa eritematosa (avermelhada), bem delimitada e coberta por escama espessa, como na foto 1, abaixo.


Foto 1: Doença de Bowen com placa coberta por escama espessa

A evolução para um verdadeiro carcinoma espinocelular é denunciado pelo aparecimento de ulceração e consequente crosta.

O tumor menos agressivo (menor capacidade de metástase), conhecido como ceratoacantoma, manifesta-se como nódulo com depressão central (foto 2) e está preenchida por material conhecido como queratina.


Foto 2: Carcinoma Espinocelular manifestado por nódulo e depressão central

Apesar de crescer inicialmente mais rápido do que as outras variedades, é o tipo menos agressivo ao ponto de desaparecer espontaneamente.

Os tumores que se originam na pele exposta ao sol, especialmente a partir da ceratose actínica (foto 3), o que ocorre em 60% dos casos, são menos agressivos, ou seja, têm menor capacidade de metástase.


Foto 3: Ceratose Actínica em couro cabeludo

Nesse câncer, desenvolvem-se placas ou nódulos com superfície áspera, endurecidos ou firmes, medindo geralmente entre 0,5 a 1,5, como mostra a foto 4, abaixo.


Foto 4: Carcinoma Espinocelular com tumores (seta 1) em diferentes estágios evolutivos a partir de ceratose actínica (seta 2)

Os casos de maior duração podem atingir grandes dimensões. Os mais agressivos apresentam pápulas ou nódulos carnudos com superfície mais lisa, além de terem maior capacidade de ulcerar (formar feridas) e sangrar facilmente.

Aqueles mais profundos, geralmente, são assintomáticos, porém podem ser dolorosos e causar prurido (coceira).

Os que atingem a parte mais profunda da pele, ao ponto de invadirem os nervos, geram outros sintomas, como:

  • sensação de dormência
  • ardência
  • queimação
  • paralisia motora
  • alterações na visão.

Aqueles que aparecem no lábio inferior surgem a partir da queilite actínica (foto 5), correspondente à ceratose actínica no lábio. Esses tumores têm maior probabilidade de metástase.


Foto 5: Queilite Actínica manifestada por erosões e placas esbranquiçadas

Ainda mais agressivo são os localizados na mucosa oral, especialmente no assoalho da boca, com grande risco de serem fatais.

Os gânglios correspondentes ao câncer primário devem ser examinados através da palpação, como os do pescoço, de modo a detectar metástase.

O diagnóstico clínico pode ser confirmado através de exame histopatológico, realizado através de biópsia.

Além desse exame, pode-se utilizar o dermatoscópio, aparelho aplicado sobre a pele que permite maior visualização das suas estruturas, ajudando muito na identificação.

Tratamento do carcinoma espinocelular

Os cuidados podem variar conforme a área e com a sua seriedade.

Nos iniciais, de baixo risco, recomenda-se a curetagem e eletrocoagulação. Essa técnica também pode ser utilizada em situações de múltiplos tumores, em pacientes com transplante de órgão, por exemplo.

A operação de remoção, com margens de segurança entre 0,5 e 1 centímetro, além de atingir toda a profundidade da pele, é o melhor tratamento. 

A cirurgia micrográfica de Mohs é uma variante, indicada em situações que já recidivaram, com limites mal definidos e de alto risco. Nela, todo material removido é examinado no microscópio.

Outra opção é a criocirurgia, indicada para as condições de baixo risco de metástase e de recidiva, muito aconselhável para quem tem contraindicação de cirurgia. Ela faz a destruição de tecido através da aplicação do frio, com o nitrogênio líquido.

A radioterapia é indicada em pacientes idosos, para reduzir o tumor antes de cirurgia, substituir esse procedimento ou ainda como complemento da mesma.

Ao notar anormalidades e desconfiar de carcinoma espinocelular ou qualquer outro tipo de problema, procure um dermatologista para fazer o diagnóstico e iniciar o tratamento.

Se você quer saber mais sobre câncer de pele, continue lendo no nosso blog.