Saiba mais sobre a alopecia areata

Dr. Sergio Paulo

A alopecia areata é uma doença crônica mediada pelo sistema imunológico, através de processo autoimune (auto agressão). O seu alvo são os pelos na fase de crescimento (anágeno), o que os fazem cair.

Apesar de poder afetar diferentes partes do corpo, normalmente, a área mais atingida é a cabeça.

Continue lendo o nosso post e saiba mais sobre a alopecia areata!

Incidência da alopecia areata

A alopecia areata atinge todas as regiões do mundo e a prevalência é de aproximadamente 1 em cada 1000 indivíduos.

O risco de a pessoa desenvolver a doença ao longo da vida é de 2%. Não há preferência por gênero e atinge todas as idades. A média de idade entre os homens é de 32 anos e de 36 anos entre as mulheres.

O que causa a alopecia areata?

O sistema imunológico funciona como um verdadeiro “vigia” ao reconhecer o que é próprio e o que não é do organismo.

Na alopecia areata, esse sistema perde essa função em relação ao cabelo e passa a agredi-lo, por motivo desconhecido, constituindo uma doença autoimune.

Essa queda de cabelo, geralmente, é seguida por crescimento do pelo, mantendo a capacidade de renovação dele. Portanto, a queda não é permanente, na maioria dos casos.

Reforçando a teoria autoimune como causa da doença, é frequente a associação da alopecia areata com outras doenças, também de mesma origem, como:

  • Vitiligo
  • Tireoidite (inflamação da glândula tireóide)
  • Anemia perniciosa

A relação com a hereditariedade é reforçada pelo fato de que 20% dos membros de primeiro grau da família têm a doença e esse risco aumenta se houver algum familiar afetado com menos de 30 anos.

Entre os gêmeos univitelinos, iguais entre si, 42% deles têm alopecia areata, ao passo que entre os gêmeos dizigóticos, diferentes entre si, ambos são afetados em apenas 10%.

Fatores, como infecções e medicamentos, já foram propostos como indutores da doença. Existe relato do estresse emocional severo como fator precipitante.

Um estudo revelou baixa da vitamina D, porém mais estudos são necessários para confirmar essa relação.

Manifestações clínicas da alopecia areata

Surge queda acelerada de cabelo, no formato arredondado, no período de algumas semanas, seguido pela recuperação dessa, em vários meses, na maioria dos casos.(

Alopecia areata
Alopecia areata após tratamento

Infelizmente, essa queda de cabelo pode persistir durante vários anos e, às vezes, nunca voltar a nascer o cabelo.

A queda pode continuar gerando áreas maiores de alopecia, formando grandes extensões de formato irregular.

Alopecia areata extensa

Em 10% dos casos, pode acontecer que todo cabelo da cabeça caia, conhecido como alopecia total

Alopecia areatatotal (foto autorizada pelo Dr. Samuel Freire, do Atlas Dermatológico)

e até de todo o corpo, a alopecia universal.

O couro cabeludo é o local mais afetado, porém pode atingir qualquer área do corpo, como a barba, cílios, sobrancelhas e os membros.

Em muitos casos, a barba é o primeiro local afetado, antes de atingir a cabeça, por exemplo.

Alopecia areata na barba

Muito característico da doença é o conhecido “pelo em ponto de exclamação”. Geralmente é localizado na periferia da queda, reconhecido pelo encurtamento do tamanho do pelo, onde a extremidade próxima ao couro cabeludo tem menor diâmetro do que a parte distal.

Um local muito característico e difícil de tratar é a região occipital do couro cabeludo, na parte de trás da cabeça, cuja alopecia é conhecida como ofiásica.

Alopecia areata ofiásica

As unhas podem também ser afetadas em 10% a 20%, geralmente associado com alopecia de grande extensão. Manifesta-se principalmente por depressões puntiformes, semelhante ao dedal para costurar.

Outras manifestações na superfície da unha podem acontecer como fissuras longitudinais, aspereza e até queda da unha.

Os seguintes fatores estão associados com pobre prognóstico em relação à recuperação da queda do cabelo:

  • Início na infância
  • Doença muito severa, como a alopecia total e a universal
  • Duração maior de 1 ano
  • Alopecia ofiásica (envolvimento do limite do cabelo da cabeça na região lateral e occipital)
  • Comprometimento das unhas
  • Atopia (asma, rinite e dermatite atópica)
  • História familiar de alopecia areata

Além disso, ainda existem algumas doenças associadas com a alopecia areata, como:

O teste de puxar uma amostra de cabelo pode revelar a facilidade de sua remoção.

O exame com o aparelho conhecido como dermatoscópio pode auxiliar para confirmar o diagnóstico.

Tratamento da alopecia areata

O apoio psicológico é muito importante para combater o grande impacto na autoestima do paciente, especialmente nos jovens

Quando a alopecia areata compromete apenas uma pequena área deve ser tratada com injeção de corticosteroide conhecida como triancinolona, na profundidade da pele, mensalmente, realizada apenas pelo dermatologista

As crianças resistem ao tratamento devido à dor durante a injeção. Esta pode ser amenizada com aplicação prévia de anestésico tópico, 30 minutos antes do procedimento.

O uso de corticosteróide em creme ou pomada de alta potência anti-inflamatória pode ser usado em crianças e adultos que não toleram a injeção do medicamento, porém a eficácia é muito menor do que o injetável.

A aplicação do minoxidil a 5% é efetiva nos casos leves. Não é eficiente nos casos envolvendo grande extensão da pele.

Quando existe grande comprometimento da pele, deve ser utilizado corticosteróide por via oral, especialmente quando a perda de cabelo ocorre com uma grande velocidade.

Porém, esse tratamento deve ser acompanhado de perto pelo dermatologista, a fim de evitar os graves efeitos colaterais em consequência do uso prolongado do corticosteróide.

A imunoterapia por via tópica é o mais eficiente para os casos com grande comprometimento da pele, através do difenilciclopropenona e do ácido dibutil ester esquárico.

A aplicação é realizada apenas pelo médico, preferencialmente o dermatologista.

Também há a possibilidade do tratamento ser feito com fotoquimioterapia que consiste na associação da ingestão do medicamento psoraleno seguido da exposição a uma fonte de luz ultravioleta A.

Esse tratamento é indicado para os pacientes com comprometimento muito extenso da doença.

A tatuagem nas sobrancelhas e o uso de peruca podem ser indicados para os casos sem esperança de que o pelo volte a nascer.

Apenas um médico especializado pode definir qual é o tratamento ideal para a alopecia areata, fazendo uma análise da gravidade do caso e das particularidades de cada paciente. Marque sua consulta na ProntoPele e garanta o melhor atendimento.

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