Eflúvio telógeno: entenda esse tipo de queda de cabelo

Dr. Sergio Paulo

O eflúvio telógeno é uma condição que modifica as fases de crescimento do cabelo e, consequentemente, causa a queda precoce dos fios.

O cabelo cresce em três fases: a anágena, o catágeno e o telógeno.

Cada uma tem um papel essencial e é responsável por manter o crescimento dos fios, assim como a sua renovação.

O eflúvio telógeno ocorre quando essas fases não ocorrem normalmente. Continue lendo e entenda mais sobre essa condição!

O que é eflúvio telógeno?

O couro cabeludo possui 100.000 a 150.000 folículos pilosos. Possuímos 2 tipos de pelos no corpo: cabelo terminal e velos. Eles diferem no diâmetro e tamanho, sendo o primeiro com maior nos dois parâmetros.

O folículo piloso tem 3 fases de crescimento. A primeira fase, anágena, tem duração de 2 a 6 anos e é responsável por 90% de todo cabelo.

A segunda fase, o catágeno, o fio do cabelo começa a sofrer involução e corresponde a 1%.

Já na terceira fase, o telógeno, o cabelo se prepara para ser eliminado e acontece entre 2 e 3 meses (perdemos entre 50 e 150 fios diariamente), representando 10% do cabelo.

No local da queda, surge outro ciclo do pelo, recomeçando novamente pela fase anágena.

No eflúvio telógeno, há uma diminuição do tempo de crescimento do pelo da fase anágeno, acelerando a transformação não sincronizada, simultaneamente, do pelo anágeno em telógeno e consequente queda de grande quantidade de cabelo.

O percentual dos pelos na fase telógeno aumenta de 10% para até 35% no eflúvio telógeno.

Qual é a causa do eflúvio telógeno?

Vários fatores contribuem para o eflúvio telógeno, como:

  • doenças autoimunes, como lúpus eritematoso,
  • doenças que cursam com febre alta, como dengue,
  • após cirurgias de grande porte,
  • após fenômenos fisiológicos normais, como gravidez, aborto e no recém-nascido,
  • rápida perda de peso,
  • dietas muito restritivas em relação às proteínas e calóricas,
  • anemia por deficiência de ferro (mulheres que perdem muito sangue durante a menstruação),
  • deficiência congênita ou adquirida de zinco,
  • doenças endócrinas (hipotireoidismo ou hipertireoidismo),
  • grande número de medicamentos, como as estatinas para controlar o colesterol e anticonceptivos hormonais (pílula),
  • suplementos vitamínicos contendo grande quantidade de vitamina A,
  • estresse emocional intenso,
  • doenças da pele que geram inflamação do couro cabeludo, como a dermatite seborreica,
  • enfermidades infecciosas como sífilis e AIDS,
  • doenças do fígado e dos rins.

Existe controvérsia em relação ao suplemento de ferro em pacientes que têm um nível normal de ferritina no sangue (importante índice de avaliação de anemia) e de vitamina D no controle da queda de cabelo no eflúvio telógeno.

Em 30% dos casos, a causa da queda de cabelo não é identificada.

Quais são os sintomas?

A principal queixa é a queda intensa do cabelo e estimulando o paciente a colher grandes amostras de cabelo.

Sentem dor, descrita como picada de agulha no couro cabeludo. 

No exame clínico, a densidade dos cabelos pode estar reduzida em até 50%, antes que o paciente reconheça a queda de cabelo.

O eflúvio telógeno é o maior motivo de consulta por queda de cabelo, sendo mais frequente nas mulheres, provavelmente por serem mais atentas em relação à queda de cabelo do que nos homens.

O início da queda surge 3 meses após o estímulo.

Em relação à duração da queda de cabelo, o eflúvio telógeno pode ser classificado em agudo e crônico.

No agudo, a duração varia de 2 a 6 meses, ocorrendo a recuperação total do cabelo, entre 6 e 12 meses.

Na forma crônica, a duração da queda é superior a 4 e 6 meses e pode durar anos, sendo mais demorada a recuperação em mulheres durante a menopausa.

A distribuição da queda de cabelo é difusa, ou seja, é homogênea em todo couro cabeludo, porém pode ser mais evidente na região temporal (parte lateral da cabeça),

Eflúvio telógeno

parte anterior e vértex.

A queda de cabelo pode atingir outras partes do corpo. Não existem alterações no couro cabeludo além da queda de cabelo.

O exame do cabelo ao microscópio é importante, onde podem ser reconhecidos os pelos na fase telógena.

A tentativa de remover, por exemplo, 50 fios de cabelo pode avaliar o grau de queda. Se a queda por superior a 10%, ou seja, mais de 6 a 10 fios, caracteriza a doença.

A colheita de todo cabelo que caia durante o dia realizada pelo próprio paciente pode confirmar o aumento da queda normal que é entre 100 a 150 fios por dia.

A utilização do aparelho conhecido como dermatoscópio ajuda a diferenciar o eflúvio telógeno de outras causas de queda de cabelo.

No diagnóstico diferencial com outras causas de queda de cabelo, a doença mais semelhante é a alopecia feminina, a forma mais comum de queda de cabelo no sexo feminino e a alopecia androgenética masculina, a forma de alopecia mais comum no sexo masculino.

No eflúvio telógeno, o paciente lembra quando começou a cair o cabelo, enquanto os portadores de alopecia feminina e da alopecia androgenética masculina relatam a presença durante muitos anos antes de notar um aumento repentino da queda de cabelo.

Além disso, a queda no eflúvio telógeno é difusa, ou seja, é homogênea em todo couro cabeludo enquanto na alopecia feminina predomina na parte anterior (frontal) e no vértex (parte superior antes de atingir a parte posterior da cabeça).

Tratamento do eflúvio telógeno

A cura depende da identificação e eliminação da causa. Após a remoção do fator desencadeante da queda de cabelo, somente será observada a redução da queda após 2 a 3 meses.

O eflúvio telógeno por medicamentos e por eventos fisiológicos, como a gravidez, é geralmente autolimitado e não requer tratamento.

Ao contrário da forma aguda, a crônica é mais difícil de identificar a causa.

O apoio psicológico é muito importante e deve se prolongar até a redução da queda de cabelo.

Suplementos de vitaminas, minerais, de zinco e de proteínas não estão indicados por não haver comprovação científica do seu uso.

Embora o tratamento da deficiência de ferro sem evidência laboratorial de anemia seja controverso, a ingestão de ferro pode ser benéfica para alguns autores, especialmente quando a dose de ferritina esteja abaixo de 60 mg/dl.

A dermatite seborreica deve ser tratada com xampu anticaspa e aplicação de loção de corticosteroide no couro cabeludo. A aplicação de minoxidil a 2 ou 5% pode ser útil.

Para definir o melhor tratamento, assim como a causa, é preciso consultar um médico especializado na área.
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